quinta-feira, 9 de junho de 2011

MÁXIMAS PARA CULTIVAR A VIRTUDE POLÍTICA - 2


Nicolau Maquiavel (1469-1527) escreveu O Príncipe em 1513.Trata-se de uma obra clássica, de apenas 26 capítulos, tanto da Ciência Política, quanto da literatura italiana.
Contexto: Vivia-se uma fase de transição do feudalismo para o capitalismo, o Renascimento. Em França e Espanha existia já o Estado-nação, mas em Itália permanecia ainda as cidades-Estado, que se encontravam em grande instabilidade política. Interessado numa estabilização política e na unificação de Itália, o livro foi escrito como manual na arte de bem governar para a conquista e a manutenção do Poder por um chefe de Estado, e ofereceu-o a Lourenço de Médici – soberano de Florença. O Príncipe distingue-se por ter sido a primeira obra que descreve a política como é, e não como deveria ser, ou por outras palavras, materialista e não idealista. A História é obra dos homens, e numa concepção laica, Maquiavel separa a moral religiosa da moral política, Deus e o Homem. Torna-se assim um dos primeiros cientistas políticos e um dos “pais” da ciência política.

O PRÍNCIPE (1513)

Nicolau Maquiável, disse:

1. “Deve um homem prudente seguir sempre pelas sendas percorridas pelos que se tornaram grandes e imitar aqueles que foram excelentes, isto para que, não sendo possível chegar à virtude destes, pelo menos daí venha a auferir algum proveito.” (Cap. VI)

2. “Deve-se considerar não haver coisa mais difícil para cuidar, nem mais duvidosa a conseguir, nem mais perigosa de manejar, que tornar-se chefe e introduzir novas ordens.” (Cap. VI)

3. “As ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos para que sejam melhor apreciados.” (Cap. VIII)

4. “O povo não quer ser mandado nem oprimido pelos poderosos e estes desejam governar e oprimir o povo...” (Cap. IX)

5. “As armas de outrem, ou te caem de cima, ou te pesam ou te constrangem.” (Cap. XIII)

6. “O príncipe deve proceder de forma equilibrada, com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça intolerável.” (Cap. XVII)

7. “Não se pode ainda chamar de virtude o matar os seus cidadãos, trair os amigos, ser sem fé, sem piedade, sem religião; Tais modos podem fazer conquistar poder, mas não glória.” (Cap. VIII)

8. Sendo obrigado a saber agir como um animal, deve o príncipe imitar a raposa e o leão, pois o leão não pode se defender das armadilhas, e a raposa não consegue defender-se dos lobos. É preciso, portanto, ser raposa para reconhecer as armadilhas, e leão para assustar os lobos.” (Cap. XVIII)

9. “A um príncipe, portanto, não é essencial possuir todas as qualidades, mas é necessário parecer possuí-las.” (Cap. XVIII)

10. “Procure, pois um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados.” (Cap. XVIII)
Obs.Essa passagem do Cap. XVIII, o mais polêmico da obra de Maquiável, é o responsável pelo adjetivo "Maquiavélico". "Os fins justificam os meios" (MIF)

11. “Não é de pouca importância para um príncipe a escolha dos ministros. (....). É a primeira conjectura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam.” (Cap. XXII)

12. São três as espécies de inteligências, uma que entende as coisas por si, a outra que discerne o que os outros entendem e a terceira que não entende nem por si nem por intermédio dos outros; a primeira excelente, a segunda muito boa e a terceira inútil”. (Cap. XXII)

13. “Não há outro meio de guardar-se da adulação, a não ser fazendo com que os homens entendam que não te ofendem dizendo a verdade; mas quando todos podem dizer-te a verdade, passam a faltar-te com a reverência.” (Cap. XXIII)

14. “Um príncipe, portanto, deve aconselhar-se sempre, mas quando ele queira e não quando os outros desejem; antes, deve tolher a todos o desejo de aconselhar-lhe alguma coisa sem que ele venha a pedir.” (Cap. XXIII)

15. “Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de cautela”. (Cap. XXI).

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