sábado, 29 de agosto de 2009

30 ANOS DA ANISTIA


Participei da luta pela Anistia em Natal, quando cursava o curso de Sociologia na Fundação José Augusto. Transcrevo uma convocação e uma poesia do Thiago de Melo referente a Anistia, que destribuimos numa manifestação na Câmara Municipal de Natal. Tempos difíceis. Eis os textos:


ANISTIA: UMA LUTA DEMOCRÁTICA


A sociedade brasileira, através de seus setores majoritários, organiza-se na luta pela conquista da democracia plena, da justiça social e da indepedência nacional. Segmentos os mais diversos mobilizam-se em favor de seus interêsses concretos. O quadro político reclama alterações profundas. Uma Assembléia Nacional Constituinte, livrimente eleita e representativa de todas as correntes de opinião pública, apresenta-se como palavra de ordem aglutinadora o caminho justo de superação da ordem excepcional, ao mesmo tempo em que significa o início de uma verdadeira democracia.


Nesse contexto, coloca-se a luta pela Anistia.


É de todo incompreensível a reformulação da estrutura política brasileira contemporânea, se a mesma não for precedida do gesto fundamental de conciliação e harmonia: a Anistia ampla, geral e irrestrita.


Enquanto persistirem, na forma de prisão, exílio, banimento ou cassação, as medidas de arbítrio, as reformas institucionais carecerão de qualquer valor real. O passo primeiro deve considerar os efeitos da excepcionalidade, hoje questionada pela grande maioria do povo brasileiro. por isso, faz-se imperiosa a sua negação, por meio da Anistia.


Importante, ainda, com ressalva, é o registro dos fatos inerentes à história nacional. Nela, como tradição e medida de reconstrução da ordem política e jurídica, encontramos o recurso ao instituto da Anistia, tanto no Império, como na República.


Partindo dessa premissa, estudantes, trabalhadores, profissionais liberais, professores, religiosos, entidades e associações, em suma, representantes das forças mais dinãmicas da comunidade norteriograndense, unem-se na luta pela Anistia, ampliando, com sua participação, o clamor e anseio nacionais.


Desse modo, impõe-se a mobilização permamnente, a luta constante, a solidariedade presente. É necessário que a nação brasileira se reencontre com a paz e a fraternidade, com a justiça e a democracia.


Até o fim do ano, todos de volta às suas casas, suas famílias,seus trabalhos, seus estudos.


PELA ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA

PELAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS

POR UMA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE.


-COMITÊ NORTERIOGRANDENSE DE ANISTIA - (CNA)




Uma Questão de Amor


"Todos já sabem que vens:

Teu caminho é o de chegar.

Ninguém mais pode esconder

Tua fronte levantada.

E porque surges lavada

Pela dor da ante-manhã

Nós te dizemos: benvinda.


Na aparência concedida

Pelos que se querem donos

Do vento e do pensamento.

Na verdade és conquistada,

Pedra a pedra construída

Pelos que perseveraram

Noite e dia de vigília:

Coração por cidadela

Não deixaram que acabasse

O azeite para a candeia.


Todos já sabem que vens.

Mas sobretudo sabemos

Que chegar tu vais num tempo

Que não é mais o de trevas

Mas que ainda é de cuidados.

Quem sabe onde quer chegar

Escolhe certo o caminho

E o Jeito de caminhar.

Urgência nunca foi pressa:

Alçapõe podem ser verdes.


Cuidado, avança serena,

Sem travos de intransigência,

Sem vanglória de chegar.

Para que chegues inteira.

Para que imprimas teu selo

Na testa do tempo novo

Que todos vamos cantar.


Em nome do pai, punido,

Mas que a brasa da esperança

No seu peito injustiçado

Entre cinzas resguardou;


Em nome do filho - a quem

Tu vais em breve entregar

o que o arbítrio lhe negou;

E em nome do grande espírito

de liberdade que acende

A consciència mais fria,


Eu te batizo; ANISTIA.


(Thiago de Melo)




DIA 18, ÀS 20hs, NA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL, LANÇAMENTO PÚBLICO DO COMITÊ NORTE RIOGRANDENSE DE ANISTIA, COM PALESTRA DA DRA. TEREZINHA ZERBINI, DIRIGENTE NACIONAL DO MOVIMENTO FEMININO PELA ANISTIA.





O ÚLTIMO DOS KENNEDYS



Edward M. Kennedy (





Ted Kennedy,entre os irmãos, Bob e john Kennedy

Senador Ted Kennedy morre aos 77 anos
Ele era irmão de John Kennedy, presidente assassinado em 1963 e de Bob Kennedy, também assassinado, em 1968.


O senador democrata norte-americano Edward (Ted) Kennedy morreu em sua casa, em Hyannis Port, Massachusetts, vítima de câncer, informou por comunicado a família Kennedy, na noite de terça-feira (25), início da madrugada desta quarta (26) no Brasil. Ele tinha 77 anos.

Ted Kennedy

“Edward M. Kennedy - o marido, pai, avô, irmão e tio - morreu na noite de terça-feira em casa, em Hyannis Port”, diz o comunicado da família. E segue: “Perdemos o centro insubstituível da família e a luz da alegria em nossas vidas. Agradecemos a todos que deram a ele assistência e apoio ao longo deste último ano, e todos que estavam com ele há muitos anos em sua marcha incansável em prol do progresso, justiça e oportunidades para todos. Ele amava este país, e dedicou sua vida para servi-lo. Ele sempre acreditou que nossos melhores dias ainda estão por vir. É difícil imaginar qualquer dia sem ele”.

Kennedy era um dos principais defensores da reforma da saúde, uma das marcas do governo Obama. O presidente disse nesta quarta-feira que estava de coração partido com a notícia da morte de Kennedy, que foi fundamental para sua vitoriosa campanha presidencial.


"Eu estimava seu conselho sábio no Senado, onde, independente do turbilhão de eventos, ele sempre tinha tempo para um novo colega. Eu lembro de seu apoio e confiança em minha disputa presidencial. E mesmo enquanto ele lidava com uma doença mortal, eu tirei proveito como presidente de sua sabedoria e coragem", disse Obama.

Ele ganhou uma reputação de congressista agressivo em causas como migração, direito ao voto, a reforma da saúde e o controle de armamentos.

Tumor
Segundo a imprensa dos EUA, Ted estava debilitado, com a saúde precária desde que sofreu uma convulsão em maio 2008, em sua casa, em Hyannis Port.

Ainda de acordo com a imprensa local, os médicos determinaram como causa da morte um câncer maligno no cérebro. Desde o início do tratamento para minimizar os efeitos do tumor cerebral, Ted Kennedy, com 46 anos de vida pública, foi pouco visto em Washington. O jornal "The New York Times” diz que o político esteve na Casa Branca pela última vez em abril, quando o presidente Barack Obama assinou uma lei do serviço nacional que ostenta o nome de Kennedy.

O senador ainda foi um dos principais cabos eleitorais de Obama, eleito presidente dos EUA no ano passado.


Sucesso e tragédia
O senador integrava uma das famílias mais célebres da política americana, cujo
clã conviveu ao mesmo tempo com o sucesso e a tragédia. Ted era o último sobrevivente de uma geração de Kennedys que dominaram a política americana na década de 1960. Era irmão de John F. Kennedy, presidente baleado e assassinado em 1963, e de Robert Kennedy, senador também baleado e morto durante campanha para a nomeação presidencial democrata de 1968. Seu irmão mais velho, Joseph P. Kennedy Jr, morreu em 1944, aos 29 anos, na Segunda Guerra Mundial. O sobrinho John F. Kennedy Jr morreu em um acidente de avião em 1999, aos 38 anos.

Há duas semanas,
morreu Eunice Kennedy Shriver, irmã de John F. Kennedy e de Ted. Ela tinha 88 anos e havia sido internada recentemente em Hyannis, em Massachusetts. Ela ficou conhecida por criar as Olimpíadas Especiais e se tornar uma importante liderança na defesa aos deficientes mentais.


terça-feira, 25 de agosto de 2009

UMJUIZ QUE HONRA A TOGA


Um Juiz confinado no seu trabalho
Juiz Odilon de Oliveira de Ponta Porã- MT






Recebi, por e-mail, de minha amiga Fátima,lá do Recife, Reproduzo.


"PARA QUE O MAL PERDURE É PRECISO QUE OS HOMENS DE BEM NÃO FAÇAM NADA..."
UM JUIZ NOTA DEZ!!!!!


Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta. Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das grades, ele perdeu a liberdade. 'A única diferença é que tenho a chave da minha prisão.'

Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País. Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte. 'Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil.' No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. 'Estou valorizado', brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. 'No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.' É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarr otado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta. 'Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.'
Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. 'Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.' Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu 'bunker', auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.
Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o 'rei da soja' no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. 'As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.' O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha 'dever de ofício' enfrentar o narcotráfico. 'Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança. '



ESTE MERECE NOSSOS APLAUSOS! POR ACASO A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL PRECISA SABER?POR FAVOR, FAÇA A SUA PARTE! DIVULGUE O MÁXIMO QUE PUDER!!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

55 ANOS SEM VARGAS

O Petróleo vai continuar nosso



Nesse dia eu estava em Fernando de Noronha e não teve aula. A bandeira do nosso grupo escolar foi hasteada a meio-pau. Foi a lembrança que guardei desse dia. Com o seu suicídio, Vargas adiou o golpe em 10 anos. Hoje os herdeiros da UDN (os DEMOS-TUCANOS) e o PIG (Partido da Imprensa Golpista) ainda atentam contra a Petrobrás e a democracia.



No dia de hoje, 24 de agosto, de 1954, Vargas deu um tiro no peito.



E deixou essa Carta Testamento, o mais importante documento político da História do Brasil de nossos dias:



“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa.Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com operdão.E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte.Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”



(Rio de Janeiro, 23/08/54 – Getúlio Vargas)

sábado, 22 de agosto de 2009

SÓ UM CHAZINHO, PRÁ NÓS DO PT...

Ideograma chines que significa CHÁ


Recebi do amigo e conterrâneo Mário Amorim.






Vamos tomar chá ... Quem sabe, um destes pode resolver ou amenizar seu problema, ou seus problemas. Os chás não são uma panacéia, porém sua utilização se perde na poeira dos tempos mais remotos. Bom proveito.


O meu vai ser de maracujá

Chá de Alecrim - Indicado para stress físico e mental, depressão, gota, reumatismo. Ele facilita a digestão.

Alfazema - Indicado para insônia, excitação nervosa, alivia nevralgias (dores de cabeça), tosse, asma, bronquite.

Arnica - Analgésica e anti-inflamató ria em casos de traumatismos, luxações, entorses, hematomas, distensões musculares e ainda como anti-séptica em afecções bucais e furúnculos.

Ban-chá - Depurativo cuja ação acentua a eliminação de toxinas aumentando a diurese e facilitando a digestão.

Boldo - Tônico do aparelho digestivo, aumenta a produção da bile eliminando gases, cálculos na vesícula e no combate das afecções do fígado e baço.

Camomila - Auxilia a digestão aliviando cólicas abdominais, náuseas, diarréia. Indicado como calmante para insônia e nervosismo.

Carqueja - Ação benéfica sobre o fígado e intestino aliviando azia, má digestão, gastrite, prisão de ventre, etc.

Catuaba - Tônico do sistema nervoso amenizando o nervosismo, insônia, fadiga cerebral, impotência sexual, tosse e bronquites.

Cofrey - Ação terapêutica nas afecções sobre o aparelho respiratório como amigdalite, laringite, faringite e cicatrizante de fissuras, feridas e abscessos, eczemas, podendo ser usado com cautela em processos internos como úlceras gástricas e duodenais.

Erva Cidreira - Insônia, nervosismo, cólicas no ventre e gases.

Erva Doce - Alivia cólicas menstruais, de recém-nascidos e abdominais, também auxilia a má digestão.

Eucalipto - Trata inflamações das vias respiratórias como tosse, rouquidão, bronquite, asma e alivia estados catarrais.

Hortelã - Atenua azia, gases e cólicas. Vermífuga (lombriga e oxiurus). Alivia asma e bronquite.

Jasmim - Tônico, indicado contra sonolência e combate acessos de asma. Excelente diurético.

Maçã - Sedativo, digestivo, anti-diarréica e também indicada nos casos de colite.

Malva - Afecções das vias respiratórias como bronquite, tosses catarrais, laringite e nos processos inflamatórios de boca e garganta, através de bochechos e gargarejos. Antisseptico de vias digestivas e urinárias.

Maracujá - Dores de cabeça de origem nervosa, ansiedade, insônia, palpitações, perturbações nervosas da menopausa e dores espasmódicas.

Melissa - Sedativa em distúrbio de origem nervosa, perturbações gástricas como indigestão, enjôos e espasmos. Alivia dores de cabeça.

Menta - Indicado para má digestão, gases e cólicas

Poejo - Anti-inflamató rio, ação expectorante no processos respiratórios como tosses catarrais, antiespamódico e ainda depurativo.

Salvia - Estimulante estomacal, usado nas atonias digestivas, náuseas, dispepsias, alivia cólicas estomacais, intestinais e menstruais. Indicada nos casos febris com sudorese intensa. Ação anti-séptica na higiene bucal e em afecções da pele de origem micótica e feridas.

Stévia - Adoçante usado nas dietas de emagrecimento, na alimentação infantil e por não interferir na glicemia pode ser usado por diabéticos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A POESIA DA SEMANA


O Pão do Povo


(Bertolt Brechet)



"A justiça é o pão do povo.

Às vezes bastante, às vezes pouca...

Quando o pão é pouco, há fome.

Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!

Cozida sem amor, amassada sem saber!

Nos tempos duros e nos felizes,

O povo necessita de pão diário

De justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante

Quem, amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o outro pão

Deve o pão da justiça

Ser preparado pelo povo

Bastante, saudável, diário."

UMA SILVA ( LEONARDO BOFF)


Leonardo Boff, escreveu.



Uma Silva, sucessora de um Silva?



Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a iberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos. De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva? De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógicamacro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem aacumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de umestado privatista e neoliberal para um governo republicano e social queconfere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiadovários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar davida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens desobrevivente da grande tribulação brasileira.Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramenteinteressa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Pararesponder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta dasmudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muita coisa mudou. OPT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteveà altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalão”.Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.Em grande parte, o PT virou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT. Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e à inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia. Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecosissitemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já psssou em 40% de sua capacidade de reposição. Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológico humanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida. Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação e amazônica. Ela também é uma Silva, como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.

Leonardo Boff é autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.Petropolis, 15 de agosto de 2009.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MARINA DEIXA O PT


Hoje, as 11:00hs. Marina convocou uma coletiva e anunciou sua desfiliação do PT. Veja sua carta enviada ao Partido.


"Caro companheiro Ricardo Berzoini,
Tornou-se pública nas últimas semanas, tendo sido objeto de conversa fraterna entre nós, a reflexão política em que me encontro há algum tempo e que passou a exigir de mim definições, diante do convite do Partido Verde para uma construção programática capaz de apresentar ao Brasil um projeto nacional que expresse os conhecimentos, experiências e propostas voltados para um modelo de desenvolvimento em cujo cerne esteja a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O que antes era tratado em pequeno círculo de familiares, amigos e companheiros de trajetória política, foi muito ampliado pelo diálogo com lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores, a cujos argumentos e questionamentos me expus com lealdade e atenção.
Não foi para mim um processo fácil. Ao contrário, foi intenso, profundamente marcado pela emoção e pela vinda à tona de cada momento significativo de uma trajetória de quase trinta anos, na qual ajudei a construir o sonho de um Brasil democrático, com justiça e inclusão social, com indubitáveis avanços materializados na eleição do Presidente Lula, em 2002.
Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade. Tenho certeza de que enfrentarei muitas dificuldades, mas a busca do novo, mesmo quando cercada de cuidados para não desconstituir os avanços a duras penas alcançados, nunca é isenta de riscos.
Tenho a firme convicção de que essa decisão vai ao encontro do pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas apontam objetivamente os equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.
Tive a honra de ser ministra do Meio Ambiente do governo Lula e participei de importantes conquistas, das quais poderia citar, a título de exemplo, a queda do desmatamento na Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental, a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro. Entendo, porém, que faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas.
É evidente que a resistência a essa mudança de enfoque não é exclusiva de governos. Ela está presente nos partidos políticos em geral e em vários setores da sociedade, que reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas políticas para mantê-las.
Uma parte das pessoas com quem dialoguei nas últimas semanas perguntou-me por que não continuar fazendo esse embate dentro do PT. E chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil - com importantes experiências em curso, que deveriam ganhar escala nacional, provindas de governos locais e estaduais, agências federais, academia, movimentos sociais, empresas, comunidades locais e as organizações não-governamentais - é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte pro quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o País. Assim como vem sendo feito pelo próprio Partido dos Trabalhadores, desde sua origem, no que diz respeito à defesa da democracia com participação popular, da justiça social e dos direitos humanos.
Finalmente, agradeço a forma acolhedora e respeitosa com que me ouviu, estendendo a mesma gratidão a todos os militantes e dirigentes com quem dialoguei nesse período, particularmente a Aloizio Mercadante e a meus companheiros da bancada do Senado, que sempre me acolheram em todos esses momentos. E, de modo muito especial, quero me referir aos companheiros do Acre, de quem não me despedi, porque acredito firmemente que temos uma parceria indestrutível, acima de filiações partidárias. Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço de exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas.
Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos


Saudações fraternas

Marina Silva"
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Marina Silva

E QUEM VAI JULGAR A COMISSÃO DE ÉTICA?


Assisti no Canal do Senado a sessão da Comissão de Ética do Senado. que arquivou, como estava previsto, as representações contra Sarney e Arthur Virgílio. TUDO ARQUIVADO. E agora quem vai julgar a Comissão de Ética do Senado e a própria Instituição SENADO. Agora é com o cidadão, nas eleições no ano que vem.

sábado, 15 de agosto de 2009

MARINA FALANDO SOBRE TEMPO E ESPAÇO


Texto belíssimo da Marina no Blog "Tempo Algum" do Toinho Alves. Compartilho.

22 Julho 2009

Um avião quase parado no céu


Marina Silva (Publicado na revista S/N, editada por Bob Wolfenson)


Quando penso em velocidade, e acho que com a maioria das pessoas é assim, tenho a idéia de algo acontecendo muito rapidamente, de um tempo e um espaço a serem vencidos. Embora velocidade também tenha a ver com lentidão, raramente pensamos nela com esse sentido.Para mim, ela só é perceptível numa relação comparativa. Minha primeira percepção a esse respeito foi por volta dos seis anos, quando vi os primeiros tratores e caminhões na BR-364, então recém aberta, que passava perto da colocação Breu Velho do seringal Bagaço, no Acre, onde nasci.Colocação é o espaço de vida e trabalho de cada família seringueira. Um seringal se compõe de várias colocações. Numa parte da colocação fica a clareira com a casa, a pequena roça de subsistência, árvores frutíferas, local para a criação de alguns animais e um terreiro. Em torno, numa certa faixa da floresta, identificam-se as árvores para o corte e retirada do latex que vai virar borracha. Anda-se diariamente cerca de 14 quilômetros, o que corresponde a fazer duas vezes o percurso que sai da casa e vai serpenteando por todas as árvores selecionadas, retornando ao ponto inicial. Na primeira passada faz-se o corte, na segunda a coleta. É o que se chama estrada de seringa.Esse era o nosso universo espacial e temporal. De certa forma ele se transferia para dentro de nós e estabelecia formas de conhecimento do mundo.A existência de carros rápidos, de que meu pai falava, só ficou palpável com a BR 364. Primeiro, meu pai abriu um caminho até a estrada. Depois mudou a casa para perto dela, num lugar ao qual demos o nome de Breu Novo.Aí comecei a prestar atenção também nos aviões que passavam de vez em quando. Olhava para o céu e parecia que eles iam tão devagarzinho, de uma maneira tão suave, chegava a imaginá-los quase parados. O avião, o trator, os caminhões passaram a ser referências novas, diferentes do cavalo, da bicicleta. O caminhão, para mim, era de longe o mais rápido.Passei também a associar velocidade a perigo. Minha mãe e minha avó diziam o tempo todo que era preciso ter muito cuidado. Aparecia um caminhão hoje, outro lá pela semana seguinte ou até mais, mas a criançada tinha que estar sempre atenta “pra atravessar a BR”. Mesmo naquele ermo, tinha-se que olhar para um lado, depois para o outro e só depois atravessar. E, ainda assim, com certo medo.Mas o impacto maior de conhecer experiências e coisas diferentes de nossas práticas cotidianas, aconteceu quando vi pela primeira vez um fogão.Desde uns dez anos de idade, eu acordava todo dia por volta de quatro da manhã para preparar a comida que meu pai levava para a estrada de seringa. A rotina era imutável e demorada: levantar, pegar gravetos no monte de lenha, colocar sernambi – pedacinhos de latex coalhado – para queimar no fogão de lenha, jogar nos gravetos por cima. Com lenha molhada, então, fazer o fogo era uma verdadeira batalha.Todo dia preparava farofa. Às vezes com carne, mas quase sempre com ovo e um pouquinho de cebola de palha, acompanhada de macaxeira frita. Aí botava dentro de uma lata vazia de manteiga, com tampa.Manteiga era comprada só quando minha mãe ganhava bebê. Meu pai encomendava no barracão – o entreposto de mercadorias mantido pelo dono do seringal – uma lata, pra fazer caldo d'água durante o período de resguardo. Por incrível que pareça, a manteiga vinha da Europa para as casas aviadoras de Manaus e Belém e dali chegava aos seringais do Acre. A lata era uma coisa preciosa. De bom tamanho, muito útil, tinha tampa e desenhos lindos e elegantes.O ritual de fazer fogo, preparar o café e a farofa e entregar a lata a meu pai levava uns 45 minutos. O que eu sabia de cozinhar se resumia àquilo. Até que vi pela primeira vez um fogão a gás, em Rio Branco, quando tinha uns doze anos. Estava muito doente e fui com minha mãe. Ficamos na casa do meu tio, na periferia da cidade. Fiquei encantada com o fogão. Como era rápido! Subia de repente um fogo azul e era só botar a panela em cima!Muito mais tarde, morando já em Brasília, estava atrasadíssima para uma votação no Senado e precisava comer alguma coisa antes de sair de casa. Programei o microondas para 45 segundos e fiquei na frente, estalando os dedos, agoniada, como se pudesse apressar ainda mais a máquina: vamos, vamos, vamos! E enquanto estava ali, nessa coisa meio maluca e ridícula, me veio de uma vez à mente a rotina do seringal. Me vi queimando o sernambi, a lenha, fazendo a farofa, preparando a lata de manteiga. O fogo vermelho e barulhento dos gravetos, a descoberta da chama azul do gás.Acho que a vida toda fui manejando as coisas do tempo e da velocidade, sem perder o meu tempo e a minha velocidade internos. No meu aprendizado de vida, as coisas velozes sempre se associavam à cidade, e as mais vagarosas à floresta. De nossa colocação até o Piratinim, um dos barracões do Bagaço, eram onze horas de caminhada. Dali até a margem do rio, era mais uma hora. E da margem do rio para Rio Branco, em torno de dois dias e meio. Hoje se leva menos de uma hora, por asfalto, para vencer os 75 quilômetros daquele ponto até Rio Branco.Em geral as pessoas me acham muito calma. Talvez isso tenha a ver com a minha conformação emocional, mas é também um jeito de me relacionar com as dimensões do cosmos, de tal modo que vou internalizando e conciliando a frequência tecnológica e o ritmo frenético da vida urbana e da política com a potência do rudimentar que faz parte de mim e sempre fará.Na floresta, onde todo deslocamento demandava muito tempo, paradoxalmente recorríamos à velocidade do som para nossas necessidades de comunicação mais urgentes. Quando se queria avisar do nascimento de uma criança, sem ter que andar horas ou até dias pela mata, usava-se um código: dois tiros de espingarda significavam que nascera uma menina; três tiros, um menino. Se alguém morresse, eram sete tiros. E no último dia do ano, doze tiros para compartilhar a comemoração do ano novo.Nosso totem tecnológico era o rádio a pilhas, um bem quase mitificado. Podia faltar tudo, menos pilha para o rádio. O nosso era da marca Canadian. Meu pai, minha mãe e minha irmã mais velha eram os que sabiam manejá-lo. Ficava bem alto, numa pequena plataforma na parede. Minha irmã tinha que subir no banco para alcançar e meu pai e minha mãe ficavam na ponta dos pés.E ninguém mais podia mexer, para não prejudicar o ajuste e não dar chiado. Para meu pai, era sagrado ouvir a Voz do Brasil e os noticiários em português da BBC de Londres e da Voz da América. Minha mãe e minha irmã mais velha gostavam das novelas.O rádio em si atraía muito minha curiosidade e mesmo com todas as advertências, algumas vezes não resisti e mexi. Levava cada carão, pois, é claro, desajustava as faixas e lá vinha o odiado chiado. Uma vez consegui desparafusar a tampa traseira para ver se havia gente dentro da caixa.Meu pai gostava muito de informação. Minha mãe sempre pedia ao noteiro – o homem que fazia as contas do saldo dos seringueiros e anotava as encomendas de cada família – revistas velhas porventura descartadas pelos patrões, em Belém. De quando em vez, vinham revistas Manchete. Minha mãe separava as páginas mais bonitas ou com muitas fotos para forrar as paredes da casa, um costume dos seringueiros. Mas antes que ela recortasse tudo, meu pai lia tudo avidamente, mesmo sendo notícias velhas.Nunca esqueci as fotos da morte do presidente Kennedy. Meu pai sentado no chão, com a Manchete aberta no colo, rodeado de crianças, lia em voz alta e explicava o acontecido. Ele já sabia, como fiel ouvinte da Voz da América, mas agora era diferente, tinha o peso das imagens. Ele dizia “presidente da América do Norte”, e não Estados Unidos. Das coisas que meu pai contou, o que mais me impressionou foi que, ao prenderem o suposto assassino, alguém teria gritado: “quebrem-lhe os polegares!”.Só que, quando olhávamos fascinados as fotos de Kennedy na Manchete de novembro de 1963, já estávamos em 1968, cinco anos depois da tragédia de Dallas. Entre o acontecimento, a informação e a imagem, a completa percepção se arrastara por vários anos. É como se o fato tivesse viajado intacto pelo espaço, em cada detalhe: o estado de choque das multidões, o sangue do presidente, seus filhos tão pequenos, o corpo caído no carro. E de repente tudo isso aterrissou em nosso seringal, sem quebrar a emoção e o impacto, como se fosse uma época invadindo o domínio de outra.Mas, afinal, o tempo que valia mesmo era o nosso, o das nossas circunstâncias. Não nos incomodamos de saber, com cinco anos de atraso, algo que já era História no restante do mundo. Nossa velocidade, vejo agora, não era veloz. E isso não tinha a menor importância.


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16 Julho 2009

destempo (doutro)

MARINA VAI À GUERRA




Saiu na Carta Capital dessa semana:


Marina vai à guerra

14/08/2009 10:11:47 Celso Marcondes



A senadora Marina Silva será candidata à presidência da República pelo Partido Verde. Ela já fechou o ciclo de “consulta às bases” no Acre e já ouviu os tardios apelos dos emissários petistas para que não deixe o barco que ajudou a construir. Concluirá assim um processo de desgastes e atritos com o governo federal que acompanhou seus quase seis anos de ministério do Meio Ambiente, de onde saiu triste e calada, depois de inúmeros conflitos, em particular com a ministra Dilma Rousseff e com o ex-ministro Mangabeira Unger. Saiu sem fazer valer uma de suas principais teses, expressa para a revista ligada ao próprio PT, a “Teoria e Debate”, em agosto de 2007. Ela dizia há exatos dois anos: “A equação está se invertendo. Não é o desenvolvimento que precisa fazer algo pelo meio ambiente. Os ambientalistas estão trabalhando pelo desenvolvimento. Se não for assim, não haverá desenvolvimento. Em um país com a realidade do Brasil, 50% do Produto Interno Bruto dependem de nossa biodiversidade. Na visão dos desenvolvimentistas, isso não é importante. Mas destrua a biodiversidade e verifique o que vai acontecer com 50% do PIB”. Pois é, ela vai pretender mostrar a “inversão da equação” durante a campanha. Será uma diferenciação em relação às duas candidaturas postas até então, Serra e Dilma. Marina acha que Lula não trilhou este caminho, que é a base da sua batalha pessoal. O prenúncio de sua decisão gerou abundante cobertura da mídia nos últimos dias. Entre o que li, pareceram-me mais frequentes e plausíveis as seguintes avaliações: 1. Sua entrada em cena acabaria com o caráter plebiscitário que estava posto. Não seria mais uma opção entre quem está a favor e contra o governo Lula. Animado com a entrada de Marina, também Ciro Gomes resolveu declarar-se candidato, desistindo de discutir a hipótese de concorrer para o governo de São Paulo. 2. Marina partiria de um patamar mínimo de 10% dos votos, segundo pesquisas encomendadas pelo próprio PV. Chega até a 27% em determinado cenário. Aguardadas pesquisas do Ibope e do Datafolha, talvez divulgadas neste final de semana, darão ou não mais veracidade à pesquisa dos verdes. Acho que darão. 3. Estas intenções de votos viriam, sobretudo, das classes A e B e parte da juventude. Também de petistas desiludidos. Mas Marina teria dificuldades de “entrar no povão”, na maioria que decide as eleições. Sua participação, porém, já seria condição suficiente para eliminar a hipótese de uma decisão em primeiro turno. 4. Quem sairia perdendo mais votos num primeiro momento, seria Dilma. Mas a maior perspectiva seria a de que Marina começasse de um patamar respeitável – os tais 10% - e depois estacionasse por falta de estrutura de campanha. A menos que surja uma incontrolável “onda marinista” de apoio – hoje impossível de prever, só de especular. 5. O PV não teria um perfil definido, oscilando aqui e ali entre os governos Lula e Serra. Ele abarcaria enormes ambiguidades e não teria estrutura, nem dinheiro para fazer uma campanha forte. 6. A senadora não poderia, nem pretenderia fazer uma campanha monotemática, falando só de meio ambiente. O que vai falar também com destaque, ainda não se sabe, mas ela tem perfil e história para desfraldar com energia a bandeira da ética. Ora, o fato é que todos esses pontos citados acima que discutimos hoje já vêm sendo discutidos por Marina e seus principais apoiadores há meses. Em 12 de junho esta coluna dava conta da realização de uma reunião ocorrida em São Paulo que foi decisiva para a definição da senadora. Ali, entre seus assessores, ambientalistas, dirigentes do PV e militantes do PT, empresários (do setor de cosméticos) e estudiosos, decidiu-se uma série de ações para viabilizar a candidatura, sendo que a mais importante foi o que eles chamaram de lutar por um processo de “refundação do PV”. Um movimento que possibilitasse que Marina e alguns de seus apoiadores mais próximos pudessem influenciar na direção e nos rumos do PV, buscando dar-lhe mais consistência para a nova caminhada. Um sem número de reuniões e encontros aconteceu nesses dois meses, sem que Marina falasse uma palavra em prol de sua candidatura. Agora, ela falou que avalia a hipótese, mas só falou em “hipótese” porque a decisão já está tomada, com todos os prós e contras devidamente pesados. Marina vai pra guerra. Seguramente não foi uma decisão fácil e enganam-se os que acham que se trata de uma manobra dos demos, tucanos ou da grande mídia. Talvez Dilma seja a mais afetada no início, mas parte da classe média paulista eleitora de Serra também não ficaria imune a certo contágio. Concorrer foi uma decisão dela e dos que a seguem de perto, que há meses lançaram site, material de campanha e jingle. A candidatura não será anunciada “oficialmente” tão cedo (nem Serra, nem Dilma, aliás, assumem abertamente as suas e Aécio ainda respira). O movimento decisivo será o pedido de desligamento do PT. Este lance ela jogará muito em breve.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

MARINA



MARINA (Porque não lhe peço pra ficar)!

Alberto Fernandes Rodrigues*
Dado a visível dificuldade de tanta gente em poder falar (livremente) o que pensa sobre o furacão Marina. Vou dar aqui o meu humilde pitaco! Apesar de ter sido procurado para assinar a tal carta “Fica Marina” o que muito me orgulhou, pois, não sabia que era considerado “histórico” do PT - eu, a exemplo do Toninho Alves, também não assinei.
Não sei as razões que o levaram a não assinar, mas; vou dizer aqui o porquê da minha decisão.
(A)-Em primeiro lugar, conheço suficientemente a Marina para con-fiar plenamente em seus propósitos, para saber o quanto lhe custou em desprendimento (e sofrimento) pessoal para chegar aonde chegou e, o quanto é capaz de “pagar” para continuar lutando pelo que acredita;
(B) -Em segundo lugar, não me senti confortável lhe fazer um pedido com apelo pessoal - ficar no PT - quando a questão é política e;
(C) - Não encontrei argumentos para fazer tal pedido a companheira Marina depois do desprestigio - pra não dizer coisa pior -, a que foi submetida quando a frente do Ministério do Meio Ambiente, não teve o apoio do nosso governo e nem do partido em questões cruciais como no caso dos transgênicos e muitos outros.
Não tenho conhecimento de nenhum caso de intransigência da então ministra em relação aos projetos do PAC. O que sempre houve de sua parte foi o cuidado de fazer as obras de maneira racional e responsável preservando da melhor forma possível o interesse maior - o meio ambiente e, por conseguinte a vida de todos nós! Exemplo disso foi à redução em oito vezes o tamanho da área a ser alagada pelo reservatório das usinas do Rio Madeira. Isso foi feito sem reduzir nenhum kilowat de potência.
Porém, ao invés de se aterem às questões racionais do que estava posto à discussão... Optou-se pela ridicularização com a questão dos bagres.
Mas; deixemos o varejo e voltemos ao atacado. Se tivesse havido menos empáfia na escolha do nome do candidato do PT à sucessão do presidente Lula - aliás, se tivesse havido pelo menos discussão sobre essa decisão. As forças internas do PT que possuem diferentes concepções de estilo de governo, certamente colocariam suas propostas para apreciação interna através de outros nomes e, entre estes nomes com certeza absoluta estaria naturalmente posta à opção Marina. E, em caso de eventual derrota interna, ela mesma acataria a decisão da maioria como sempre acatou nas incontáveis derrotas que suas posições tiveram nas disputas internas do partido em suas origens no Acre.
Porém, quando as grandes decisões deixaram de serem compartilhadas no interior do PT, a válvula de sobre pressão foi obstruída e, é natural que mais cedo ou mais tarde a força por novos sonhos, projetos idéias e utopias... Um dia rompessem os limites do enquadramento partidário imposto, em busca de outros espaços possíveis de realização. É o que está acontecendo com o fator Marina - que em minha opinião não será o único por não ser uma decisão pessoal, mas um fato social e político.
Em que planetas estavam habitando os medalhões do PT que não enxergaram antes o diamante lapidado em suas fileiras, pronta pra brilhar em uma eleição presidencial? Não enxergaram porque não quiseram enxergar, porque optaram pela comodidade do poder via conciliação! Agora. O mínimo que podem fazer é respeitar a decisão daqueles que pensam diferentes, seguindo o seu universal direito de sonhar.
O que penso da candidatura Marina à presidência? Penso que pode ter desdobramentos imprevisíveis, tão grande que é incapaz de ser previsto em sua plenitude por quem quer que seja. Conhecemos muitas das suas variáveis. Entre elas, está a certeza de que a sua candidatura ira juntar de um só lado o grande capital financeiro, o agro negócio e a Fiesp, por razões óbvias (e burra, eu diria)! Por outro lado; podem juntar de um só lado aqueles suficientemente esclarecidos para não votarem no PSDB, os que não votarão na candidatura do PT por simples antipatia ou desilusão com a possibilidade de avanços mínimos no campo socialista e, principalmente uma legião de eleitores ansiosos por alguém confiável, de palavra, passado limpo, capaz de abrir mão de vantagens pessoais (como a de ser ministra ou senadora) em troca de suas convicções.
Por fim, não me venham que essa história de que ninguém será presidente (a) no Brasil se não tiver a anuência da Rede Globo. Hoje existe a internet que, no frigir dos ovos foi quem massificou a candidatura Obama nos Estados Unidos.
Prever o resultado de tal candidatura seria medianamente fácil em se tratando de uma pessoa comum. Mas, tarefa a meu ver impossível em se tratando de Marina, que; iniciou a disputa pelo primeiro mandato de senadora com 3% nas intenções de votos contra mais de 60% do então “monstro sagrado” Nabor Teles da Rocha Junior. Alguém lembra do resultado? Só duvida da capacidade de vitória da Marina quem não assistiu, por diversas vezes, a sua postura determinada frente aos movimentos sociais e sindicais do Acre, contra tudo e contra todos,
MARINA (Porque não lhe peço pra ficar)!
Alberto Fernandes Rodrigues*
Dado a visível dificuldade de tanta gente em poder falar (livremente) o que pensa sobre o furacão Marina. Vou dar aqui o meu humilde pitaco! Apesar de ter sido procurado para assinar a tal carta “Fica Marina” o que muito me orgulhou, pois, não sabia que era considerado “histórico” do PT - eu, a exemplo do Toninho Alves, também não assinei.
Não sei as razões que o levaram a não assinar, mas; vou dizer aqui o porquê da minha decisão.
(A)-Em primeiro lugar, conheço suficientemente a Marina para con-fiar plenamente em seus propósitos, para saber o quanto lhe custou em desprendimento (e sofrimento) pessoal para chegar aonde chegou e, o quanto é capaz de “pagar” para continuar lutando pelo que acredita;
(B) -Em segundo lugar, não me senti confortável lhe fazer um pedido com apelo pessoal - ficar no PT - quando a questão é política e;
(C) - Não encontrei argumentos para fazer tal pedido a companheira Marina depois do desprestigio - pra não dizer coisa pior -, a que foi submetida quando a frente do Ministério do Meio Ambiente, não teve o apoio do nosso governo e nem do partido em questões cruciais como no caso dos transgênicos e muitos outros.
Não tenho conhecimento de nenhum caso de intransigência da então ministra em relação aos projetos do PAC. O que sempre houve de sua parte foi o cuidado de fazer as obras de maneira racional e responsável preservando da melhor forma possível o interesse maior - o meio ambiente e, por conseguinte a vida de todos nós! Exemplo disso foi à redução em oito vezes o tamanho da área a ser alagada pelo reservatório das usinas do Rio Madeira. Isso foi feito sem reduzir nenhum kilowat de potência.
Porém, ao invés de se aterem às questões racionais do que estava posto à discussão... Optou-se pela ridicularização com a questão dos bagres.
Mas; deixemos o varejo e voltemos ao atacado. Se tivesse havido menos empáfia na escolha do nome do candidato do PT à sucessão do presidente Lula - aliás, se tivesse havido pelo menos discussão sobre essa decisão. As forças internas do PT que possuem diferentes concepções de estilo de governo, certamente colocariam suas propostas para apreciação interna através de outros nomes e, entre estes nomes com certeza absoluta estaria naturalmente posta à opção Marina. E, em caso de eventual derrota interna, ela mesma acataria a decisão da maioria como sempre acatou nas incontáveis derrotas que suas posições tiveram nas disputas internas do partido em suas origens no Acre.
Porém, quando as grandes decisões deixaram de serem compartilhadas no interior do PT, a válvula de sobre pressão foi obstruída e, é natural que mais cedo ou mais tarde a força por novos sonhos, projetos idéias e utopias... Um dia rompessem os limites do enquadramento partidário imposto, em busca de outros espaços possíveis de realização. É o que está acontecendo com o fator Marina - que em minha opinião não será o único por não ser uma decisão pessoal, mas um fato social e político.
Em que planetas estavam habitando os medalhões do PT que não enxergaram antes o diamante lapidado em suas fileiras, pronta pra brilhar em uma eleição presidencial? Não enxergaram porque não quiseram enxergar, porque optaram pela comodidade do poder via conciliação! Agora. O mínimo que podem fazer é respeitar a decisão daqueles que pensam diferentes, seguindo o seu universal direito de sonhar.
O que penso da candidatura Marina à presidência? Penso que pode ter desdobramentos imprevisíveis, tão grande que é incapaz de ser previsto em sua plenitude por quem quer que seja. Conhecemos muitas das suas variáveis. Entre elas, está a certeza de que a sua candidatura ira juntar de um só lado o grande capital financeiro, o agro negócio e a Fiesp, por razões óbvias (e burra, eu diria)! Por outro lado; podem juntar de um só lado aqueles suficientemente esclarecidos para não votarem no PSDB, os que não votarão na candidatura do PT por simples antipatia ou desilusão com a possibilidade de avanços mínimos no campo socialista e, principalmente uma legião de eleitores ansiosos por alguém confiável, de palavra, passado limpo, capaz de abrir mão de vantagens pessoais (como a de ser ministra ou senadora) em troca de suas convicções.
Por fim, não me venham que essa história de que ninguém será presidente (a) no Brasil se não tiver a anuência da Rede Globo. Hoje existe a internet que, no frigir dos ovos foi quem massificou a candidatura Obama nos Estados Unidos.
Prever o resultado de tal candidatura seria medianamente fácil em se tratando de uma pessoa comum. Mas, tarefa a meu ver impossível em se tratando de Marina, que; iniciou a disputa pelo primeiro mandato de senadora com 3% nas intenções de votos contra mais de 60% do então “monstro sagrado” Nabor Teles da Rocha Junior. Alguém lembra do resultado? Só duvida da capacidade de vitória da Marina quem não assistiu, por diversas vezes, a sua postura determinada frente aos movimentos sociais e sindicais do Acre, contra tudo e contra todos, mesmo quando éramos derrotados e tudo parecia desabar sobre nossas cabeças aparentando impossível alguma mudança por menor que fosse.
De minha parte, não sei se no seu lugar ainda teria coragem, paciência ou disposição de começar tudo de novo. Mas; de uma coisa eu tenho certeza; não tenho o direito de atrapalhar quem tem disposição para tal.
Marina, o seu exemplo de vida tem a minha admiração. Lembrando daquele seu episódio com o Dom Moacir: se um dia você precisar de ajuda para realizar uma grande tarefa, não tiver alguém importante para fazê-la e, se servir qualquer um... Pode contar comigo! Abraços Fraternos,
* Alberto Fernandes Rodrigues é militante do PT faz muito tempo, fundador do sindicato dos Urbanitários, fundador da CUT-Acre e técnico da Eletronorte desde julho/80.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

GEOGLIFOS DO ACRE


Saiu no Café História:


Os geoglifos no Acre, são grandes estruturas geométricas no solo erguidas antes da chegada dos colonizadores europeus, estão ameaçados, afirmou o arqueólogo Ondemar Dias, presidente do Instituto de Arqueologia Brasileira.
Os geoglifos do Estado Acre têm grande potencial turístico e, caso a UNESCO aprove a candidatura em curso a património da humanidade, poderão atrair visitantes e investimentos para a região, disse à Lusa Ondemar Dias.Foi Dias quem descobriu os primeiros vestígios destes desenhos na terra, no final da década de 1970 quando esteve na Amazónia, na primeira investigação científica realizada no Acre."A vantagem de ser reconhecido como património é que poderá atrair visitantes e recursos.Faltam recursos para todas as pesquisas arqueológicas académicas no Brasil", disse à Lusa ao alertar que os sítios arqueológicos brasileiros estão todos ameaçados.Segundo o especialista em cerâmica, não há um mistério que envolve os geoglifos, "há um desconhecimento", pois considera que os estudos ainda são muito incipientes.Para Denise Schaan, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, estes desenhos feitos na terra podem ser "o grande atractivo da região se souberem ser explorados"."Precisamos agora dar continuidade às pesquisas e trabalhar para a preservação", destacou para quem os geoglifos do Acre se comparam em grau e em importância aos famosos do Peru."Apesar das estruturas do Acre serem diferentes das de Nazca, tanto na constituição, quanto provavelmente na função, ambos são comparáveis por oferecerem um belíssimo espectáculo para quem os sobrevoa".Schaan ainda ressalta que as agências de viagem poderiam fazer um roteiro no Acre, com visitas a partir de torres de observação, museu e sobrevoo.Estas estruturas foram feitas provavelmente por índios falantes de língua Aruaque, explica Schaan, que colonizaram territórios das Antilhas até ao norte do Matogrosso passando pela Amazónia.Além do Acre, há geoglifos no estado do Amazonas, oeste de Rondónia e no norte da Bolívia. Até agora já foram identificados 255 geoglifos acreanos, mas há outros 30 que precisam ser estudados.As estrutiras tinham funções distintas: alguns eram aldeias fortificadas, outros eram locais de festas e rituais."A simbologia por trás das figuras geométricas pode estar relacionada a algum culto e fertilidade da terra", explicou.A grande importância dessa descoberta, disse ainda, é o facto de que "essas populações eram todas relacionadas, tinham as mesmas técnicas de engenharia, e talvez construíssem os geoglifos como modo de defesa e marcação do território".

A JAGUATIRICA MARINA

terça-feira, 11 de agosto de 2009

MARINA NÃO É IMPORTANTE...




MARINA NÃO É IMPORTANTE...



‘Há homens que lutam por um dia e são bons.
Há homens que lutam por algum tempo e são muito bons.
Há homens que lutam por muito tempo e são melhores.
Mas, há homens, que lutam por toda a vida.
Estes são os imprescindíveis.”
(Bertolt Brechet)**

No folclore político do Acre circula uma estória engraçada de um fato ocorrido com um seringueiro que participando, fora do Estado, de um desses encontros do CNS, disse para um companheiro que conhecia a Marina e, mais, que ela até já havia se hospedado na sua casa. O interlocutor não acreditou, achando que era gabolice do acreano (ou é acriano?). Tempo depois, o referido seringueiro, contou a estória para Marina e arrematou: “olha aí Marina! ele pensava que você é importante.” Desnecessário explicar a tradução desse “IMPORTANTE” no vocabulário do seringueiro. Agora, é preciso reconhecer que no Governo e, em alguns setores do PT, não deram a devida importância (na acepção correta da palavra) para Marina.
O Brasil e o Acre, em particular, acompanhou as circunstâncias de sua saída do Ministério do Meio Ambiente e, mais recentemente, do seu embate no Congresso para preservar a Lei Florestal, onde se verificou um vergonhoso recuo do Governo. Lula fez até gracejo em Cruzeiro do Sul, quando esteve no Acre, dizendo que: “as vezes por conta de uma perereca se atrasa ou se inviabiliza uma obra importante do PAC”. E as contradições se ampliam. Por um lado, Marina sendo reconhecida e laureada internacionalmente e, por outro, no Governo e no Congresso perdendo todos os embates. Ficou sem espaço, “clamando no deserto”.
Mas eis que, de repente, surge um fato político novo. A possibilidade de Marina se candidatar a Presidência pelo PV, assunto que repercutiu na grande imprensa, na blogesfera, na boca do povo e, até mesmo, no PT, que vinha numa pasmaceira de dar dó em relação a sucessão presidencial. O PT já havia assimilado, sem nenhum debate interno, a “unção” feita por Lula de Dilma Roussef, sem dúvida, um quadro da melhor qualidade, para candidata do PT a sua sucessão.
Ninguém no Brasil, no PT e, nem no “mundo mineral”, como diz o Mino Carta, questiona a liderança e a legitimidade do Lula como um eleitor privilegiado, dentro e fora do PT. Agora, atropelar as instâncias do Partido, e “enquadrar” os parlamentares do PT no Congresso são posturas bonapartistas, imperiais que, mesmo os seus 80% de aprovação e popularidade, não lhe conferem tais prerrogativas. Na esquerda tradicional, se pagou caro pelo “culto à personalidade”. As instituições, entre elas os partidos, estão acima das pessoas, mesmo as mais proeminentes.
O convite do PV à Marina, que “piscou” e está analisando a proposta com responsabilidade, causou uma “pororoca amazônica” no ambiente político/sucessório. A possibilidade de sua candidatura, por outro partido, tem o mérito de recolocar o debate dentro do PT, especialmente no Acre, onde a “chacoalhada” foi equivalente a que derrubou o avião da Air-France. Eu, particularmente, não consigo ver Marina fora do PT, mas entenderei e respeitarei a sua decisão e digo mais: Se ela sair candidata pelo PV, terá o meu voto e da minha família e das pessoas da minha ´”área de influência” (que cabe num fusca e talvez não chegue aos 37 leitores da Gazetinha). Não irei para o PV, mas, por uma questão de ética e coerência ,teria que sair do PT, o que farei contristado, se o desfecho se der dessa forma.
Como não gostaria de sair e nem que Marina saia do PT, eu sonho com a possibilidade do partido reabrir a discussão da sucessão de Lula. Que Marina lance a sua candidatura e vá para a disputa interna com a Dilma. O momento é de ousar. Que o PT nacional se mire nos exemplos do Acre, quando lançou Jorge Viana para o Governo em 1990, para a Prefeitura de Rio Branco em 1992 e, novamente ,para o Governo em 1998; quando lançou Marina para o Senado em 1994, quando formou a chapa “puro sangue” Jorge e Binho para o Governo em 2002, e Binho para o governo em 2006. Ousamos, vencemos e estamos construindo um Acre melhor.
Por isso sonho com o PT com uma chapa “puro sangue” composta por duas mulheres de fibra: Marina e Dilma, uma espécie de parlamentarismo trópico/matriarcal, onde Marina seria a chefe de Estado e Dilma de Governo, continuando no Gabinete Civil, tocando o PAC. Seria o reencontro do PT com a ética. Seria a confluência do binômio Sustentabilidade e desenvolvimento, uma síntese de sentimentos e racionalidade, uma fusão do “dream” com a “realpolitik”. Não sei a quantos passos estou desse horizonte utópico. Sei apenas, como disse o poeta, que a UTOPIA serve prá isso. Para a gente caminhar.
Marina, você, realmente, não é importante. Na verdade, você é IMPRESCINDÍVEL. O mundo precisa de você e o Brasil, como faz parte do mundo, há de reconhecer a sua luta, de toda uma vida, na busca pela renovação dos costumes e dos valores da política, que você encarna como um animal em extinção.

*Marcos Inácio Fernandes, é professor da UFAC e militante do PT.
** Quando o poeta alemão fez a poesia, ainda não estava colocada a questão de gênero, do “politicamente correto” de se falar de Homens e Mulheres. Tenho certeza que o poeta quando se refere aos homens é ao gênero humano, que inclui
as mulheres.
Verônica disse:

Marcos, adorei seu artigo achei de uma lucidez ímpar em petistas da era Vianista.
Sei que você não concorda muito com minhas posições políticas, mas sinto-me confortável em tecer comentários porque já estive ai junto de vocês, lutei junto para o Jorge ser governador em 1990, não deu certo, para prefeito em 1994, deu certo, e depois para governador de novo e que Graças à Deus deu certo, fato que muito me orgulhou pois hoje podemos dizer que existe um Acre antes e um Acre depois do Jorge Viana e claro, sem desrespeitar e /ou desvalorizar a luta de outros companheiros como a Marina, uma amiga querida, que nos enche e nos explode a alma de orgulho, sempre votei nela e sempre votarei, assim como no Marcos Afonso se o mesmo voltar a se candidatar de novo algum dia.
A perspectiva de termos a Marina como Presidenta de nosso País, é sem sombra de dúvida um sonho, mas, mais do que um sonho é uma conquista/vitória de todo bravo seringueiro/seringueira, deste lado do País.
A passagem do seringueiro dizendo para ela que os outros acreanos/brasileiros pensavam que ela era importante, é lindinha (eu já conhecia) e nos mostra o espírito simples e valoroso desses nossos parceiros da floresta, que em nenhum momento desacreditaram e/ou deixaram de sonhar, o Chico líder se foi, mas em seu lugar ficaram homens e mulheres destemidos e valorosos, sonhadores sim, mas que sempre através de uma de suas representante “maior” souberam valorizar e batalhar por esse sonho – o Sonho de um País (que começou pelo nosso estado) mais justo socialmente e com mais respeito ao meio em que vive e do qual depende.
Quanto a Marina sair do PT, desse atual aí, acho que ela não estará saindo e/ou abandonando o PT não, ele o “PT verdadeiro” vai com ela - não fica, os que ficam têm outro tipo de pensamento e outra forma de luta, a linha deles é outra. Posso dizer – muito embora você talvez não concorde que, é muito mais fácil a gente enxergar quando está de fora e continua sonhando e lutando por um ideal, e o mais importante: não se ter vinculo, não participar de conchavos para continuar e/ou para alternar o Poder, e esse meu amigo, não é o PT que eu e minha geração conhecemos e pelo qual desagradamos a muita gente querida para participar – fazer parte!
Quanto a união dobradinha com a Dilma, parceirinho não... não me coloque isso não, é inconcebível, a nossa Marinha é outra linha, é outra coisa, como diriam nossos irmãos seringueiros “é farinha de outro saco”, muito embora tenham surgido de lutas semelhantes e aparentemente na mesma trincheira.
Amigo, não vou me alongar mais, pois senão vou desagradá-lo muito, mas não podia deixar de expressar as minhas considerações sobre nossa querida amiga e senadora e – candidata à “presidência da nossa república”. Amigo pode crer, vou pra rua de novo coisa que prometi a mim mesma não fazer mais, vou levantar e sacudir bandeira, visitar velhos e queridos amigos, visitar as famílias de nosso estado, vou entrar nessa campanha de corpo e alma, vou pedir voto todo dia, vou mobilizar meus amigos da internet e amigos dos outros estados, nossos amigos são poucos, pontinhos de grafite em cada estado dessa nação, mas o trabalho de formiguinha já está iniciado, vamos fazer diferença nessa campanha nobre, enfim, posso dizer que temos uma Candidata de Valor – Valorosa, uma “Jóia rara saída das entranhas de nossa Floresta”.

Ah, já estou em campanha – Marina Silva para Presidenta - conte comigo.

Um abraço amigo
Veronica Abugoche

Rio Branco, 13 de Agosto de 2009.
Myris (Lyris e Fyris) disse:
Olá professor,
Já visitei o seu blog e li o post.Tenho o maior respeito pela sua posição embora discorde em diversos aspectos. No momento, me sinto muito decepcionada com a atitude da senadora. È compreensível a desilusão dela com o PT, mas trocá-lo pelo PV é, ao meu ver, trocar o diabo pela mãe dele.Ela teria meu total apoio se fosse para qualquer um outro partido... até para o PCdoB. Não votar no PV, é para mim uma questão de princípio.
Compartilho um artigo do meu amigo Rodrigo Vianna. Acho que vale a pena refletirmos sobre as suas colocações.

Gabeira avisa: Marina será sublegenda dos tucanospublicada quarta, 12/08/2009 às 23:14 Muita gente comemora a entrada de Marina Silva na campanha presidencial. Ela seria uma alternativa para "arejar a disputa", dizem uns amigos a quem respeito. Eu mesmo acho uma lástima termos de escolher entre um tucano autoritário e uma candidata do PT que não parece lá muito comprometida com bandeiras históricas da esquerda.
A candidatura ideal pra mim seria aquela que reconhecesse os avanços do governo Lula (e são vários), sem abrir mão de fazer a crítica pela esquerda. Marina seria essa alternativa? O perfil dela indica que sim. Acontece que política não se faz com perfil do candidato apenas.... Essa aí será a linha de frente da candidatura de Marina Silva? A UDN, finalmente, terá representante no AcreUm velho barbudo, no século XIX já dizia: as pessoas não são aquilo que dizem ser, mas aquilo que são na prática. A frase não é bem essa, a citação é mambembe, mas a idéia é essa. Não adianta o PT dizer que ainda é socialista. O partido virou uma máquina eleitoral social-democrata - e olhe lá. Não adianta o Serra dizer que ele é social-democrata; porque o partido dele foi responsável por um governo ultraliberal e privatista. Sobre a candidatura de Marina, é preciso fazer duas perguntinhas simples:- a quem interessa?- quem estará com ela? A resposta para a primeira pergunta é subjetiva. Há quem diga que interessa ao Serra, por tirar votos de Dilma, pela esquerda. Marina seria a Soninha em nível nacional. Mas há quem diga que a candidatura dela interessa ao eleitor que se sente órfão diante de um governo Lula que se abraça ao Sarney e ao Renan para sobreviver. A resposta para a segunda pergunta é mais simples. Marina, se sair candidata, estará no PV. Ela foi recebida nesta quarta-feira pelo Gabeira. Ele trabalha há alguns anos como linha auxiliar dos tucanos, todo mundo sabe. Mais que isso: Gabeira é uma espécie de UDN verde. Moralista da boca pra fora, berrava contra Severino, de dedo em riste. Ao mesmo tempo, se lambuzava em dinheiro público, como já escrevi aqui - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/gabeira-a-nova-udn-se-lambuza-em-dinheiro-publico. Pois bem. Se alguém tinha alguma dúvida sobre as intenções do PV em relação a Marina Silva, isso se dissipou depois do encontro com Gabeira. Leiam o que Gabeira disse ao site G1, que é uma espécie de porta-voz da UDN do Leblon. G1"Gabeira afirmou ainda que o “fator Marina” pode interferir no seu planejamento eleitoral. Ele é pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro e diz contar com o apoio de PSDB, DEM e PPS para a empreitada. O problema é que toda a negociação da aliança foi feita em cima da possibilidade de o deputado fazer campanha para o candidato à Presidência do PSDB, José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG), apontados como potenciais nomes para encabeçar a chapa tucana. Na visão de Gabeira, sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro só seria possível com um acordo entre os partidos para que ele defenda dois candidatos à Presidência, o do PV e o do PSDB. Ele descartou ser candidato apenas pelo PV, sem alianças. “Não vou disputar só com um minuto na televisão.” =
Volto eu. Gabeira, como se vê, terá dois candidatos a presidente: Serra e Marina. Nessa ordem. Ou seja: a senadora do Acre, para o PV, é sublegenda dos tucanos. O povo não é besta. Vai perceber isso.Espero que Marina também perceba. Antes que jogue sua biografia no lixo... A boa notícia é que a candidatura Marina pode acabar com essa polarização Dilma x Serra. Se há espaço para uma sub-leganda dos tucanos, por que não apostar numa outra candidatura lulista? O Ciro já avisou que está no jogo.E disse, ao "Estadão", qual seria o mote de sua campanha: "manter e institucionalizar tudo de bom do Lula. E consertar o que de contradição existe". Ciro seria um pós-Lula. Um candidato que reconheceria os avanços de Lula, sem preconceito anti-nordestino, sem elitismo, e principalmente sem tucanos à sua volta. Sou mais o Ciro do que a Marina capturada pelo PV serrista.
(fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/gabeira-avisa-marina-sera-sublegenda-dos-tucanos)
(neste aspecto eu discordo, porque não vejo grande diferença entre Ciro e Serra)
Um grande abraço,

Myris Silva
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Artagnan disse:
Artagnan Cicero Costa para mim mostrar detalhes 23:28 (13 horas atrás) Responder

Caro Companheiro ousado,se ela é imprescindivel ela têm que ir é para o PV e aproveitar para cuidar das pererecas que são tambem imprescindivel para a bio diversidade. Não concordo dela continuar no PT até porque o nome escolhido para eles é a Dilma. Se ela continua no PT fica, mas não têm meu voto.
Um abração, Artagnan