quinta-feira, 30 de abril de 2009

FRASES CAPITAIS



José Maria de Eça de Queirós nasceu em Póvoa de Varzim em Portugal, no dia 25 de Novembro de 1845 e morreu em Paris, no dia 16 de Agosto de 1900. É por muitos considerado o melhor escritor realista português do século XIX. Foi autor, entre outros romances de importância reconhecida, "Os Maias" e "O crime do Padre Amaro".






"É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique como está.."

(Príncipe Fabrizio Salinas no romance O Leopardo de Giuseppe Tomasi di Lampadusa)



quarta-feira, 29 de abril de 2009

PISTOLAGEM MIDIÁTICA - 3


Do Blog do Mello. Ainda sobre a "reporcagem" (no dizer do Mello) da Folha sobre o sequestro de Delfin Neto, que não houve, envolvendo a Ministra Dilma Roussef.


Quando publicou a reporcagem sobre o tal sequestro de Delfim Netto (que nunca houve), a Folha queria atingir dois objetivos: mostrar que Dilma era uma “terrorista” (você entregaria o governo na mão de uma?) e fustigar os que combateram a ditadura, que para a Folha e Pinochet (veja vídeo acima) foi ditabranda.


A jornalista Sylvia Moretzsohn, que também é professora da Universidade Federal Fluminense e autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007), escreveu o seguinte artigo, publicado no Observatório da Imprensa, onde mostra que o erramos da Folha significa fraudamos:


Quando o "erramos" pretende encobrir a fraude Por Sylvia Moretzsohn em 28/4/2009


A controvérsia iniciada pela Folha de S.Paulo em 5 de abril, com a extensa matéria que vinculava a atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao planejamento do sequestro do então ministro Delfim Netto, em 1969, atingiu um novo patamar com o texto publicado sábado (25/4). O título, oblíquo, dissimula: "Autenticidade de ficha de Dilma não é provada". Ali o jornal – em matéria enviada pela sucursal do Rio, e não produzida na sede – reconhece dois "erros": o crédito, como "Arquivo [do] Dops", dado à reprodução de um documento que, na verdade, fora enviado por e-mail à repórter, e o fato de haver tratado como autêntica uma ficha cuja origem não podia comprovar.
Este Observatório reagiu com agilidade à matéria, acusando no dia seguinte o "erramos envergonhado" e afirmando: "Folha publicou ficha falsa de Dilma". No entanto, errou, também, duplamente: primeiro, ao dizer que o jornal havia reconhecido ser "falsa" a tal ficha; segundo, e mais importante, ao tratar como "erro" algo que é evidentemente uma fraude. Delimitar com clareza a distinção entre uma coisa e outra é fundamental para uma crítica justa, dadas as implicações – jurídicas, inclusive – que cada uma dessas práticas importa.
As diferenças entre erro e fraude.
Erro, como se sabe, é algo casual, involuntário, que "acontece". Pode ser banal e irrelevante, pode ser grave, gravíssimo e produzir consequências catastróficas, pode resultar de incompetência ou de informações insuficientes, mas será sempre um acidente. É, como se costuma dizer, uma característica da espécie humana. No caso do jornalismo, o ritmo sempre acelerado de produção, aliado ao irracionalismo que domina a competitividade na era do "tempo real", costumam ser a principal justificativa – quando não a desculpa – para os erros que se multiplicam no noticiário cotidiano. Foi um erro, por exemplo, o anúncio da queda do avião da Pantanal em São Paulo, em maio do ano passado; foi um erro assumir como verdadeira a denúncia da brasileira que teria sido torturada por skinheads na Suíça. Não é o caso dessa história sobre a ficha da ministra: desde sempre, a Folha sabia da origem do documento e também sabia que não havia confirmado sua autenticidade. No entanto, vendeu-o como fidedigno e falseou a fonte. Não apenas no minúsculo "Arquivo Dops" que aparece como crédito, mas no escancarado FICHA DE DILMA ROUSSEFF NO DOPS, menor apenas que o título da chamada de capa da edição de 5 de abril. Obrigada a recuar, diante das investigações realizadas por iniciativa da própria Casa Civil, que demonstraram a inexistência daquele modelo de ficha no Arquivo Público de São Paulo, e da carta que a ministra escreveu ao ombudsman, a Folha optou pelo contorcionismo verbal – para não dizer ético – e acusou um singelo "erro técnico" na classificação dos documentos utilizados para a reportagem, que teria originado a identificação equivocada da fonte. É verossímil que uma reportagem que custou quatro meses de pesquisa – segundo artigo neste mesmo Observatório ["Uma releitura da Folha e da fonte", em 8/4] – possa descurar de algo tão elementar como a catalogação correta daquela ficha?
Pérola de cinismo.
Já muito se especulou sobre as intenções dessa reportagem. É muito óbvio que, se o jornal estivesse comprometido com o nobre propósito de zelar pela "memória da ditadura", não teria qualquer motivo para explorar a figura da ministra: afinal, todas as informações sobre o planejamento do sequestro-que-não-houve foram dadas por Antonio Espinosa, o comandante militar da organização guerrilheira. Como argumentou o ombudsman em sua primeira crítica sobre a matéria, o correto seria utilizar como ilustração a ficha de Espinosa. Mas quem conhece Espinosa? Por outro lado, quem desconhece Dilma? Então é muito óbvio: a título de "memória da ditadura", o jornal alardeia, jogando com o tamanho das letras: "Grupo de DILMA planejou sequestro de DELFIM NETTO". E "ilustra" a chamada com a reprodução da tal ficha policial.É óbvio demais: a publicação de fotos ou cópias de documentos só se justifica como comprovação de fatos. Por isso, precisam ser fidedignos. Porém a Folha decidiu publicar um documento cuja origem desconhece e que "está circulando há mais de um ano pela internet". Entretanto, só nos diz isso agora, desculpando-se pelo "erro", que nem foi tão grave assim: afinal, a autenticidade "não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada".
Essa pérola de cinismo - esse cinismo que campeia nas redações e que exige de todos os que vivem ou passaram por essa experiência um estômago de avestruz para discutir a sério tais argumentos –, esta pérola de cinismoEsta pérola tem, no entanto, efeito oposto ao pretendido: só ajuda a escancarar a fraude, que induz o público a erro e o leva a duvidar do jornal que lê.
Testando hipóteses.
Todo mundo sabe que o principal capital de um jornal é a sua credibilidade. Todo mundo sabe que vender gato por lebre é fraude. Nem se fale do ponto de vista ético, mas dos interesses mais comezinhos de sobrevivência, que orientam qualquer comerciante em seus cálculos. Por isso, o espanto: sabendo que seria inevitável a descoberta da fraude, como foi possível tamanha irresponsabilidade? Talvez a resposta esteja na já famosa teoria do teste de hipóteses, como observaram aqui mesmo, em comentário, o professor Samuel Lima e, em seu blog, o jornalista Luiz Carlos Azenha: a Folha estaria apenas testando a hipótese da autenticidade do documento – bem de acordo, aliás, com outra hipótese, tão cara ao "jornalismo colaborativo", de publicar primeiro e confirmar depois. De minha parte, sugiro outras duas. A primeira (da matéria original): a principal fonte implicada, uma ministra de Estado, não iria correr atrás da informação; a segunda (do atual "erramos"): o público é idiota. Tão idiota que nem deve ter notado a ausência de um mísero registro desse "erramos" na capa, como seria compatível com um mínimo critério de proporcionalidade. Tão idiota que pode, por isso mesmo, ser convencido de que a autorregulação é mesmo o melhor caminho para a garantia de uma imprensa livre, democrática e responsável. Tão idiota que não deve achar necessário o esclarecimento cabal desse escândalo.

PISTOLAGEM MIDIÁTICA-2


REDE GLOBO FAZ TERRORISMO SOBRE GRIPE SUINA.


Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa, via Vermelho


Nos demais jornais brasileiros e na imprensa internacional de qualidade, a informação predominante dá conta de que a Organização Mundial de Saúde elevou o nível de alerta porque o vírus demonstra capacidade de transmissão entre humanos, o que pode facilitar sua expansão muito rapidamente em grandes cidades.Embora os casos confirmados se restrinjam a cinco países — México, Estados Unidos, Canadá, Espanha e Escócia —, O Globo entendeu que o vírus "se alastra no mundo". É um caso de alto alarmismo e baixo jornalismo.Realidade distorcida. Dos três chamados grandes jornais de influência nacional, O Globo tem se caracterizado pela linguagem menos refinada e pelas escolhas de manchetes mais ruidosas.


Quando se trata de casos de corrupção ou de violência extremada, pode-se justificar. Mas, no caso de um risco para a saúde pública, o gosto pelo escândalo pode representar um desserviço à sociedade. Quando a notícia de um fato que pode causar pânico na população é produzida com os cuidados necessários, um número maior de pessoas procura adotar as medidas recomendadas pelas autoridades e a sociedade reage melhor. Quando a mesma notícia produz mais alarmismo do que informação útil e segura, o resultado pode ser a irracionalidade coletiva, que reduz as chances de sucesso das ações preventivas. No caso da gripe suína, todos os grandes jornais, com exceção do Globo, apresentam, em suas primeiras páginas, recomendações e dicas para que os leitores tenham uma idéia mais clara dos cuidados a serem tomados. Entre essas recomendações, uma das mais importantes é evitar a automedicação. A manchete do Globo distorce a realidade, gera pânico, desinforma e nada garante que ajude a vender jornal. Então, para que o alarmismo?


Liberdade e responsabilidade. A escolha do Globo, que contrasta com as dos outros grandes jornais brasileiros, abre espaço para um bom debate sobre liberdade e responsabilidade no jornalismo. Além de informar pouco e fazer muito barulho, a primeira página do Globo de terça-feira (28) mistura a notícia sobre o grave perigo de uma epidemia mundial a querelas da política, ao inserir uma charge no meio da notícia principal. Na charge, o presidente da República aparece desenhado, com um guarda-chuva, sob uma chuva de porcos, e a frase: "Mais essa agora".Ora, que graça pode haver em ilustrar a notícia sobre o risco de uma pandemia de graves consequências com preocupações eleitorais do presidente da República? Ou será que os editores pretendiam relacionar a figura do presidente à afirmação sacada na manchete, segundo a qual "o Brasil mostra despreparo" para enfrentar um surto de gripe?No momento em que o Supremo Tribunal Federal se reúne para votar a extinção da Lei de Imprensa, a edição de terça-feira (28) do Globo pode servir como bom exemplo de mau jornalismo — ou de como a liberdade de imprensa deveria ser acompanhada de muita responsabilidade.


(Os negritos são meus)

terça-feira, 28 de abril de 2009

LULA E ALAN GARCIA NO ACRE

Alan Garcia e Lula em solenidade no Palácio Rio Branco


Para Lula, o Acre "é caminho do roçado", já perdí as contas das vezes que ele veio aqui como cidadão comum e também com Presidente da República. Agora ele se faz acompanhar de seu colega Alan Garcia do Peru e cumprem uma extensa agenda de trabalho, conforme informa a Agência de Notícias do Acre.


Os presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e do Peru, Alan García assinaram nesta terça-feira, em cerimônia no Palácio Rio Branco, atos internacionais para facilitar o intercâmbio comercial, econômico e social entre os dois países. O encontro sela o compromisso assumido há 23 anos com a Carta de Rio Branco pelos presidentes José Sarney e Alan García, primeira tentativa de promover a integração entre os países vizinhos. Os documentos celebram parcerias técnicas nas áreas de educação, saúde, energia, caracterização, gestão e manejo de recursos naturais e de fomento ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Acordo para modificar o regulamento das comissões de fronteira e para abolir o uso do carnê internacional para passageiros terrestres Os presidentes do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e do Peru, Alan García assinaram nesta terça-feira, em cerimônia no Palácio Rio Branco, atos internacionais para facilitar o intercâmbio comercial, econômico e social entre os dois países. O encontro sela o compromisso assumido há 23 anos com a Carta de Rio Branco pelos presidentes José Sarney e Alan García, primeira tentativa de promover a integração entre os países vizinhos. Os documentos celebram parcerias técnicas nas áreas de educação, saúde, energia, caracterização, gestão e manejo de recursos naturais e de fomento ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Acordo para modificar o regulamento das comissões de fronteira e para abolir o uso do carnê internacional para passagens terrestres.


Binho e Lula
Atos institucionais assinados pelos presidentes do Brasil e Peru :

- Memorando de entendimento entre a Embrapa e o Governo Regional de Madre de Dios e Projeto Especial Madre de Dios para cooperação nas áreas de Agricultura e Recursos Naturais.
- Memorando de Entendimento de cooperação entre o Sebrae e a Corporação Financeira de Desenvolvimento S.A. (Cofide)
- Memorando de Entendimento entre o Sebrae e o Ministério da Produção do Peru
- Memorando de Entendimento entre o Sebrae e a Associação dos Exportadores do Peru (Adex)
- Declaração Conjunta dos Ministros de Estado da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca do Brasil e da Produção do Peru para promover a cooperação em Pesca e Aquicultura entre o Brasil e o Peru, inclusive nas localidades fronteiriças.
- Memorando de Entendimento entre o Ministério de Minas e Energia do Brasil e o Ministério de Energia e Minas do Peru para apoio aos estudos de interconexão elétrica entre o Brasil e o Peru.
- Ajustes complementares ao acordo de cooperação técnica e científica para a implementação dos projetos: Fortalecimento da qualidade educacional nas áreas prioritárias da formação técnico-profissional peruana, Fortalecimento das capacidades dos sistemas de saúde do Brasil e Peru.
- Acordo, por troca de notas, para modificar o regulamento das comissões de fronteira.
- Acordo, por troca de notas, para suprimir o uso e apresentação do carnê internacional de tripulante terrestre.

PISTOLAGEM MIDIÁTICA


O "Latifúndio Midiático", a exemplo do latifundiário, também emprega a PISTOLAGEM para assassinar reputações, manipular informações e desinformar. Vou começar a postar exemplos dessa prática vergonhosa aqui no blog e começo com o caso da Folha de São Paulo (o da DITABRANDA) e o vídeo no qual o Deputado Federal, Ciro Gomes, diz que a Folha e o Globo MENTEM.
Abaixo a meia retratação da Folha sobre o seu factóide.

Autenticidade de ficha de Dilma não é provada.
Folha tratou como autêntico documento, recebido por e-mail, com lista de ações armadas atribuídas à ministra da Casa Civil Reportagem reconstituiu participação de Dilma em atos do grupo terrorista VAR-Palmares, que lutou contra a ditadura militar.
DA SUCURSAL DO RIO. A Folha cometeu dois erros na edição do dia 5 de abril, ao publicar a reprodução de uma ficha criminal relatando a participação da hoje ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no planejamento ou na execução de ações armadas contra a ditadura militar (1964-85).O primeiro erro foi afirmar na Primeira Página que a origem da ficha era o "arquivo [do] Dops". Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada - bem como não pode ser descartada. A ficha datilografada em papel em tom amarelo foi publicada na íntegra na página A10 e em parte na Primeira Página, acompanhada de texto intitulado "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto".Internamente, foi editada junto com entrevista da ministra sobre sua militância na juventude. Sob a imagem, uma legenda ressaltou a incorreção dos crimes relacionados: "Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu".O foco da reportagem não era a ficha, mas o plano de sequestro em 1969 do então ministro Delfim Netto (Fazenda) pela organização guerrilheira à qual a ministra pertencia, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Ela afirma que desconhecia o plano. Em carta enviada ao ombudsman da Folha anteontem, Dilma escreve: "Apesar da minha negativa durante a entrevista telefônica de 30 de março (...) a matéria publicada tinha como título de capa "Grupo de Dilma planejou sequestro do Delfim". O título, que não levou em consideração a minha veemente negativa, tem características de "factóide", uma vez que o fato, que teria se dado há 40 anos, simplesmente não ocorreu. Tal procedimento não parece ser o padrão da Folha."A reportagem da Folha se baseou em entrevista gravada de Antonio Roberto Espinosa, ex-dirigente da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e da VAR-Palmares, que assumiu ter coordenado o plano do sequestro do ex-ministro e dito que a direção da organização tinha conhecimento dele. Três dias depois da publicação da reportagem, Dilma telefonou à Folha pedindo detalhes da ficha. Dizia desconfiar de que os arquivos oficiais da ditadura poderiam estar sendo manipulados ou falsificados. O jornal imediatamente destacou repórteres para esclarecer o caso. A reportagem voltou ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, que guarda os documentos do Dops. O acervo, porém, foi fechado para consulta porque a Casa Civil havia encomendado uma varredura nas pastas. A Folha só teve acesso de novo aos papéis cinco dias depois.No dia 17, a ministra afirmou à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, que a ficha é uma "manipulação recente".Na carta que enviou ao ombudsman, Dilma escreveu: "Solicitei formalmente os documentos sob a guarda do Arquivo Público de São Paulo que dizem respeito a minha pessoa e, em especial, cópia da referida ficha. Na pesquisa, não foi encontrada qualquer ficha com o rol de ações como a publicada na edição de 5.abr.2009. Cabe destacar que os assaltos e ações armadas que constam da ficha veiculada pela Folha de S. Paulo foram de responsabilidade de organizações revolucionárias nas quais não militei. Além disso, elas ocorreram em São Paulo em datas em que eu morava em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Ressalte-se que todas essas ações foram objeto de processos judiciais nos quais não fui indiciada e, portanto, não sofri qualquer condenação. Repito, sequer fui interrogada, sob tortura ou não, sobre aqueles fatos."A ministra escreveu ainda: "O mais grave é que o jornal Folha de S.Paulo estampou na página A10, acompanhando o texto da reportagem, uma ficha policial falsa sobre mim. Essa falsificação circula pelo menos desde 30 de novembro do ano passado na internet, postada no site www.ternuma.com.br ("terrorismo nunca mais"), atribuindo-me diversas ações que não cometi e pelas quais nunca respondi, nem nos constantes interrogatórios, nem nas sessões de tortura a que fui submetida quando fui presa pela ditadura. Registre-se também que nunca fui denunciada ou processada pelos atos mencionados na ficha falsa."FontesDilma integrou organizações de oposição aos governos militares, entre as quais a VAR-Palmares, um dos principais grupos da luta armada. A ministra não participou, no entanto, das ações descritas na ficha. "Nunca fiz uma ação armada", disse na entrevista à Folha de 5 de abril. Devido à militância, foi presa e torturada. Na apuração da reportagem do dia 5, o jornal obteve centenas de documentos com fontes diversas: Superior Tribunal Militar, Arquivo Público do Estado de São Paulo, Arquivo Público Mineiro, ex-militantes da luta armada e ex-funcionários de órgãos de segurança que combateram a guerrilha. Ao classificar a origem de cada documento, o jornal cometeu um erro técnico: incluiu a reprodução digital da ficha em papel amarelo em uma pasta de nome "Arquivo de SP", quando era originária de e-mail enviado à repórter por uma fonte.No arquivo paulista está o acervo do antigo Dops, sigla que teve vários significados, dos quais o mais marcante foi Departamento de Ordem Política e Social. Na ditadura, era a polícia política estadual.Entre as imagens reproduzidas pelo arquivo, a pedido da Folha, não estava a ficha. "Essa ficha não existe no acervo", diz o coordenador do arquivo, Carlos de Almeida Prado Bacellar. "Nem essa ficha nem nenhuma outra ficha de outra pessoa com esse modelo. Esse modelo de ficha a gente não conhece."

Comentário do Mello (Blog do Mello): Definitivamente, tanto erro assim não pode ser casual, você não acha? Também acho.

Ciro Gomes: Folha e Globo MENTEM!!



segunda-feira, 27 de abril de 2009

BOA NOTÍCIA: PF INDICIA DANIEL DANTAS


Saiu no CONVERSA AFIADA do Paulo Henrique Amorim.


27/04/2009 - 09h00.


Daniel Dantas é indiciado pela Polícia Federal e fica em silêncio em depoimento
O banqueiro Daniel Dantas ficou calado em depoimento à Polícia Federal hoje, em São Paulo


O banqueiro Daniel Dantas, sócio-fundadosr do Grupo Opportunity, foi formalmente indiciado por crimes financeiros nesta segunda-feira (27), na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde prestaria depoimento sobre a operação Satiagraha, que prendeu, entre outros, o próprio banqueiro, o ex-prefeito Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas, em julho de 2008.


O banqueiro foi indiciado por formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
Segundo seu advogado Andrei Schmidt, Dantas foi informado de seu indiciamento logo após ter chegado à PF, por volta das 8h. Segundo o defensor, ele ficou em silêncio no depoimento. “Não há exercício da defesa com o indiciamento já pronto”, disse o advogado. “Nos colocamos à disposição desde que sejam juntadas provas aos autos”, completou.


O advogado refere-se a dados que, segundo ele, foram assegurados à defesa pelo STF (Supremo Tribunal Federal). “O Supremo nos assegurou acesso irrestrito às provas. Faz parte da defesa ter conhecimento integral da investigação”, finalizou.
Com o indiciamento formalizado, o advogado disse que todos os integrantes do Opportunity que serão ouvidos em depoimentos marcados para hoje deverão ficar em silêncio. Dantas já deixou a sede da PF, por volta das 8h30

domingo, 26 de abril de 2009

35 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM PORTUGAL

A música Tanto Mar de Chico Buarque, que retrata o evento, na versão original. Trata-se de mais uma música de Chico, que foi censurada.




CRIATIVIDADE OU CONFORMISMO


Compartilho e-mail enviado pelo amigo Mário Amorim, como sempre desejando-me uma ótima semana. Obrigado Mário.


CRIATIVIDADE OU CONFORMISMO


Num galho de árvore um pássaro pode instintivamente treinar o bater de asas antes de atrever-se a voar, mas o instinto não é a base de todas suas ações. Muitas vezes podemos ver um pássaro próximo a seu filhote, ensinando-o a bater as asas, e este o imitando, aprende. Aprender pela imitação é necessário para a sobrevivência. Ocasionalmente pode haver um pequeno desobediente que se rebela. Por exemplo, quando sua mãe indica que há perigo e o filhote sai; ela pode puni-lo para que aprenda a fazer como a mãe - ficar quieto ou correr. Já que a imitação é parte do processo de sobrevivência, ele é inerente ao cérebro humano que evoluiu através de um enorme período. Todos nós estamos profundamente condicionados a fazer o que os outros fazem. Também a linguagem se aprende através da imitação. Os bebês copiam sons que os adultos fazem. Em raros casos, quando um bebê cresceu na selva e foi adotado por um animal, a criança não desenvolve a capacidade para a linguagem humana. Talvez por ter aprendido a comunicar-se como seus pais adotivos.Portanto, o comportamento e o pensamento humanos são geralmente mecânicos, não têm reflexão, porque a imitação pode ocorrer sem examinar pensamentos e ações. Por isso a sociedade humana não muda facilmente. Cada geração herda inconscientemente atitudes e reflexos da anterior. E já que a maioria das pessoas se conforma, é muito difícil criar uma nova sociedade com um melhor sentido de valores. As grandes reformas só acontecem no mundo quando indivíduos extraordinários lançam um pensamento independente.Muitas vezes é perigoso não se sujeitar a modelos de crença e de ação religiosas, políticas e outras. Foi perigoso para Jesus ser o que ele foi. Assim, até mesmo pessoas que compreendem as desvantagens da submissão, continuam firmes nessa rotina, temendo o desconforto ou o perigo de serem "diferentes" na sociedade.A imitação e o conformismo assumem diversas formas: copiar dos filmes o comportamento das pessoas; tentar manter-se em grupos; seguir a moda cegamente, mesmo que seja desconfortável e inadequada. No entanto, a atitude de imitação muitas vezes começa por fazer o que é sensível e saudável, e devemos conscientemente seguir as regras em assuntos sem importância. Rebelar-se contra ninharias é desperdício de energia; atrai atenção desnecessária sobre si mesmo e provoca conflito. Portanto é senso comum adaptar-se de alguma maneira a seu meio e às circunstâncias usuais, mas não é aconselhável a submissão completa porque ela bloqueia o desenvolvimento do indivíduo bem como a mudança para melhor na sociedade. O que é chamado de tradição muitas vezes é a pressão que a sociedade exerce sobre o indivíduo para colocá-lo num padrão. Naturalmente há tradições e práticas valiosas, mas também há superstições, crenças e costumes tradicionais que são completamente sem sentido e mesmo prejudiciais.A ordem social é mantida até certo ponto pela imposição do que de longa data é reconhecido como benéfico. Os pais têm motivos para obrigar a criança a escovar os dentes e tomar banho mesmo quando não quiser. Mas essas coações podem ir apenas até certo ponto. O cidadão deve obedecer às leis, mas deve sujeitar-se a leis que são injustas? Assim é importante desenvolver a reflexão, examinar e analisar adequadamente todas as tradições e convenções feitas pelo homem. Diz o eminente cientista Dr. R. A. Mashelkar ao escrever para o Springs of Scientific Creativity (The Theosophist, março de 2002) :"As barreiras mentais impedem a criatividade. É crucial reconhecê-las e superá-las para aumentar a criatividade científica... Um item torna-se fixo no panorama mental. O que está além da barreira torna-se não apenas desconhecido mas inimaginável. Mas, acréscimo em criatividade pode ser obtido ao desenvolver a coragem para reconhecer ou sobrepujar as barreiras mentais... A habilidade para ver o que todo mundo vê, mas pensar o que ninguém mais pensa, é a marca registrada do cientista."Os cientistas são treinados para não aceitar nada como garantido, mas para questionar e examinar tudo, cem vezes ou mais se necessário. Mesmo então os modelos mentais se estabelecem e todo mundo questiona pelas mesmas linhas; e assim não se obtém nenhuma resposta nova para o problema. Algumas descobertas notáveis aconteceram porque alguém fez uma pergunta estranha ou inesperada.No campo espiritual é ainda mais importante que a mente esteja completamente aberta e não focada nos padrões conhecidos. Os problemas mais sérios no mundo surgem quando falta compreensão nos relacionamentos e conceitos convencionais, a respeito dos relacionamentos, de mestre e discípulo, de pai e filho ou de uma e outra comunidade, que continuam sem questionamento de geração a geração. Esta é a base dos antagonismos e conflitos que se tornam endêmicos na sociedade.Cada membro da S.T. concorda com seus objetivos, e por meio deles mostra reconhecer a necessidade de formar uma nova sociedade humana, onde deve prevalecer a cooperação e a fraternidade. Mas se esta mente continuar a ser condicionada pela tradição e pelas idéias convencionais que emergem da vizinhança, ela poderá perpetuar as diferenças em vez de promover a fraternidade. Portanto, temos a obrigação de examinar como pensamos. Imitamos o mundo em geral e dividimos os interesses de minha família dos das outras famílias, da minha nação dos das outras nações e assim por diante? Para livrar-nos de hábitos que estão impressos em nossos cérebros, devemos aprender a ser cada vez mais atentos ao conformismo e à imitação, que são a causa da estagnação na sociedade e da ausência de criatividade no indivíduo.


↓ Radha Burnier Presidente Internacional da Sociedade Teosófica em Adyar.(Extraído da revista The Theosophist, de outubro de 2003.)

sábado, 25 de abril de 2009

MINHA COLEÇÃO DE MOEDAS BRASILEIRAS


UMA LEITURA CAPITAL


O Editorial de Mino Carta na Carta Capital dessa semana.


E as Excelências partiram para a briga. O fraseado solene das litigantes parecia indicar o comparecimento transcendente dos deuses da tragédia grega ou dos fantasmas de Ulpiano, Modestino e Gaio. Talvez uns e outros, sem excluir Sólon. Vale dizer, de todo modo, que a acusação dirigida pelo ministro Joaquim Barbosa ao presidente do STF, de destruir a Justiça brasileira, é a primeira manifestação pública e de grande peso a denunciar os comportamentos de Gilmar Mendes. E no momento em que Barbosa invectiva, “Vossa Excelência quando se dirige a mim não está falando com seus capangas de Mato Grosso”, não me contive e anunciei aos meus espantados botões: o ministro lê CartaCapital. E mais: dispõe-se a repercutir as informações da revista, ao contrário da mídia nativa, obediente à omertà conveniente ao poder.

Nas nossas páginas, a destruição “da credibilidade da Justiça brasileira”, como diz o ministro Barbosa, tem sido um dos temas principais há um ano, ou seja, desde o instante em que Gilmar Mendes assumiu a presidência do Supremo. Cito, em resumo, Wálter Fanganiello Maierovitch, ao lembrar que neste período “Mendes notabilizou-se pelo hábito de prejulgar” e “sobre antecipações de juízos (...) teceu considerações fora dos autos sobre financiamentos aos sem-terra e sobre a revisão da Lei da Anistia”. “Na presidência, Mendes estabeleceu e sedimentou – escrevia na edição passada Fanganiello Maierovitch – uma ditadura judiciária (...) de maneira a transformar o STF numa casa legislativa onde o emprego de algemas em diligências policiais, em vez de lei, virou súmula.” Os jornalistas costumam ser sovinas na hora de criticar Gilmar Mendes, mesmo quando, por ocasião da segunda prisão de Daniel Dantas em consequência da Operação Satiagraha, atropela a decisão do juiz de primeira instância, Fausto De Sanctis, ao conceder habeas corpus ao banqueiro. Ou quando, em nome de um grampo que não conseguiu provar, e até não sabe se efetivamente se deu, exige o desterro do delegado Paulo Lacerda. Claro que a revista Veja, bíblia dos privilegiados, prestou-se ao jogo de Mendes, em um caso e noutro, em busca do resultado final, o enterro da Satiagraha. Desterro, enterro. Esta sim, uma operação com fartas chances de êxito. São, aliás, muito peculiares os cruzamentos possíveis deste enredo, sem contar os equívocos. Por exemplo, não me canso de lembrar que Luiz Eduardo Greenhalgh, além de advogado de Cesare Battisti, em nome de uma discutível e mesmo improvável solidariedade esquerdista, também presta seus serviços ao já citado Daniel Dantas, responsável pela entrega à semanal da Editora Abril de um dossiê falso destinado a provar a existência de contas em paraísos fiscais do presidente Lula ou outras personalidades. Ah, sim, de Paulo Lacerda inclusive. A gente sabe, o mundo é pequeno. E por exemplo. Na semana passada contei de um telefonema de Brasília recebido no dia da primeira prisão do orelhudo no desfecho da Satiagraha. Figurão do governo me pega na minha chegada à redação e diz eufórico: “Viu, viu o que a gente fez?” Pois o figurão inclinado a entusiasmos temporários veio visitar-me na redação cerca de um mês depois. Pretendia informar-me a respeito do destino de Daniel Dantas: que eu não perdesse a esperança, um grande vilão não escaparia à justa punição. Sua fala soava como uma satisfação não solicitada, mesmo porque não carecemos de vilões e CartaCapital não cultiva com Dantas uma pendência pessoal. Contudo recomendou-me paciência. Com bonomia. Não custava aguardar, e não adiantou exprimir algum ceticismo quanto ao negrume do futuro dos vilões.

Pergunto-me agora o que espera o ministro Joaquim Barbosa. O ostracismo? A julgar pelas primeiras reações midiáticas, a execração pública, como medida preliminar. Vale acentuar, porém, que o iniciador do conflito foi Gilmar Mendes. Primeiro, na repreensão indireta a uma ausência justificada do seu par. Depois, com a grave censura ao acusá-lo de usar critérios classistas nos seus julgamentos. Triste, lamentável episódio, e CartaCapital entende as razões de quem assinou a solidariedade ao presidente do STF com o propósito de evitar danos mais graves à instituição. Mas o que não é triste e lamentável no Brasil de hoje nos mais diversos quadrantes?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O NEGRO MAIS NEGRO DO BRASIL - MINISTRO JOAQUIM BARBOSA: ORGULHO DA RAÇA


Joaquim Benedito Barbosa Gomes (Paracatu, 7 de outubro de 1954) é um jurista brasileiro; ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil desde 25 de junho de 2003, quando nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o único negro entre os atuais ministros do STF.
Joaquim Barbosa nasceu em
Paracatu, noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Prestou concurso público para
Procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu Mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu Doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi Visiting Scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000), e Visiting Scholar na Universidade da California, Los Angeles School of Law (2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês e alemão.


Embora se diga que ele é o primeiro negro a ser ministro do STF, ele foi, na verdade, o terceiro[, sendo precedido por:
Hermenegildo de Barros (de 1919 a 1937)
Pedro Lessa (de 1907 a 1921)

Principais posições

O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Joaquim Barbosa.
Demonstra coragem incondicional com que se posiciona em certas questões. É o único ministro abertamente favorável à legalização do aborto; é contra o poder do
Ministério Público de arquivar inquéritos administrativamente, ou de presidir inquéritos policiais. Defende que se transfira a competência para julgar processos sobre trabalho escravo para a Justiça federal.
Defende a tese de que despachar com advogados deva ser uma exceção, e nunca uma rotina, para os ministros do
Supremo. Restringe ao máximo seu atendimento a advogados de partes, por entender que essa liberalidade do juiz não pode favorecer a desigualdade. Insurge-se contra a prestação preferencial de jurisdição às partes de maior poder aquisitivo ("furar fila"). Essa sua postura tem lhe custado a antipatia dos advogados de certas elites, habituados que estão à receptividade que seus nomes lhes propiciam. Opõe-se ao foro privilegiado para autoridades.

Enganaram-se os que pensavam que o STF (Supremo Tribunal Federal) iria ter um negro submisso, subserviente (...)

— Ministro Joaquim Barbosa

Atuação no STF


Mensalão
Assumiu em 2006 a relatoria da denúncia contra os acusados do
mensalão feita pelo Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza. Durante o julgamento defendeu a aceitação das denúncias contra os quarenta réus do Mensalão, o que foi aceito pelo tribunal. O julgamento prossegue no Supremo, pelo menos até 2010, podendo até reverter o fato histórico de o STF, desde sua criação em 1824, nunca ter condenado nenhum político.


Em artigo comentando o julgamento, a Revista Veja escreveu: “O Brasil nunca teve um ministro como ele (...) No julgamento histórico em que o STF pôs os mensaleiros (e o governo e o PT) no banco dos réus, Joaquim Barbosa foi a estrela – ele, o negro que fala alemão, o mineiro que dança forró, o juiz que adora história e ternos de Los Angeles e Paris". Segundo a Veja: “O ministro Joaquim Barbosa, mineiro de 52 anos, votou em Lula, mas foi implacável na denúncia do mensalão (...)"


Nas 112 votações que o tribunal realizou durante o julgamento, o voto de Barbosa, como relator do processo, foi seguido pelo de seus pares em todas as ocasiões – e, em 96 delas, por unanimidade.


Ronaldo Cunha Lima
Foi de sua iniciativa a abertura de processo contra o deputado
Ronaldo Cunha Lima, decisão considerada histórica, pois foi a primeira vez em que o STF abriu processo contra um parlamentar. No dia seguinte, Cunha Lima renunciou ao mandato para escapar do processo, o que provocou duras críticas por parte de Joaquim Barbosa.
No polêmico julgamento das células-tronco, Joaquim Barbosa votou a favor da liberação de seu uso para fins de pesquisas

.
Ministro Joaquim Barbosa diz que Gilmar Mendes destrói credibilidade da Justiça
Em
22 de abril de 2009 o ministro Gilmar Mendes e o ministro Joaquim Barbosa discutiram na sessão plenária do tribunal. Barbosa, vocalizando a posição de considerável parte da opinião pública, acusou o presidente da Corte de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira" durante o julgamento de duas ações - referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro privilegiado . Barbosa foi categórico ao afirmar: "Vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro." E continua: "Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso". Mendes se apressa em encerrar a sessão sem refutar nenhuma das acusações.
O episódio lembrou o de agosto de 2007 no qual Barbosa acusou Mendes de estar dando um "jeitinho", através da Questão de Ordem, que seria um "atalho para se obter um resultado inverso ao que foi atingido ontem". Neste debate eles já tinham utilizado a expressão "dar uma lição de moral" um contra o outro.

Atuação no TSE
Tomou posse como vice-presidente do
Tribunal Superior Eleitoral no dia 6 de maio de 2008, sendo o presidente o Ministro Carlos Ayres Britto.
No mais polêmico julgamento desde que tomou posse no tribunal, Joaquim Barbosa votou a favor da tese de que políticos condenados em primeira instância poderiam ter sua candidatura anulada, sendo porém voto vencido nesta questão.


Fonte: Wilkipédia.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ANIVERSÁRIO DE PIXINGUINHA

Hoje é o aniversário do Santo Pixinguinha ( 23/04/1897 - 17/02/1973). Olha ele aí executando esse Hino Nacional - CARINHOSO, com o Regional de Benedito Lacerda. Dleitem-se.

Pixinguinha ( 23/4/1898 17/2/1973)

Biografia

Considerado um dos maiores gênios da música popular brasileira e mundial, Pixinguinha revolucionou a maneira de se fazer música no Brasil sob vários aspectos. Como compositor, arranjador e instrumentista, sua atuação foi decisiva nos rumos que a música brasileira tomou. O apelido "Pizindim" vem da infância, era como a avó africana o chamava, querendo dizer "menino bom". O pai era flautista amador, e foi pela flauta que Pixinguinha começou sua ligação mais séria com a música, depois de ter aprendido um pouco de cavaquinho. Logo começou a tocar em orquestras, choperias, peças musicais e a participar de gravações ao lado dos irmãos Henrique e Otávio (China), que tocavam violão. Rapidamente criou fama como flautista graças aos improvisos e floreados que tirava do instrumento, que causavam grande impressão no público quando aliados à sua pouca idade. Começou a compor os primeiro choros, polcas e valsas ainda na década de 10, formando seu próprio conjunto, o Grupo do Pixinguinha, que mais tarde se tornou o prestigiado Os Oito Batutas. Com os Batutas fez uma célebre excursão pela Europa no início dos anos 20, com o propósito de divulgar a música brasileira. Os conjuntos liderados por Pixinguinha tiveram grande importância na história da indústria fonográfica brasileira. A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que organizou em 1928 junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande novidade. Liderou também os Diabos do Céu, a Guarda Velha e a Orquestra Columbia de Pixinguinha. Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base do repertório de choro, para solista e acompanhamento. Algumas delas são "Segura Ele", "Ainda Me Recordo", "1 x 0", "Proezas de Solon", "Naquele Tempo", "Abraçando Jacaré", "Os Oito Batutas", "As Proezas do Nolasco", "Sofres Porque Queres", gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos. Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos. Como arranjador, atividade que começou a exercer na orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se fazer orquestração e arranjo. Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946, o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque Pixinguinha teria perdido a embocadura para a flauta devido a problemas com bebida. Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer 20 dias no hospital. Daí surgiram músicas com títulos "de ocasião", como "Fala Baixinho" Mais Quinze Dias", "No Elevador", "Mais Três Dias", "Vou pra Casa". Depois de sua morte, em 1973, uma série de homenagens em discos e shows foi produzida. A Prefeitura do Rio de Janeiro produziu também grandes eventos em 1988 e 1998, quando completaria 90 e 100 anos. Algumas músicas de Pixinguinha ganharam letra antes ou depois de sua morte, sendo a mais famosa "Carinhoso", composta em 1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva. Outras que ganharam letras foram "Rosa" (Otávio de Souza), "Lamento" (Vinicius de Moraes) e "Isso É Que É Viver" (Hermínio Bello de Carvalho).

SOBRE DEMOCRACIA E SUAS ALTERNATIVAS


ELA E SUAS ALTERNATIVAS

(Crônica de Luís Fernando Veríssimo em 23/04/2009)


Prometo não citar de novo aquela frase do Churchill segundo a qual a democracia é o pior regime político que existe com exceção de todos os outros, mas talvez seja bom, neste momento em que nosso Congresso tanto se empenha em desmoralizá-la, pensar um pouco nas alternativas à nossa democracia representativa. Já se falou que o Senado deveria ser extinto, lamenta-se o custo para a nação da farra do legislativo, não passa dia sem que apareça outro escândalo dos nossos eleitos, e caminhamos para um paradoxo: enquanto as ditaduras fecham parlamentos para livrarem-se da democracia, nós podemos acabar liquidando-a para proteger seu bom nome. Um pouco como pais antigos que preferiam ver a filha morta a vê-la desonrada.

Quais seriam as alternativas a uma democracia sem políticos venais? Conhecemos algumas. Um governo militar, forte, honesto - ou desonesto, não faria diferença, pois sua venalidade nunca seria exposta. Uma volta ao ideal ciceroniano de um governo de notáveis, com a probidade e a competência asseguradas pelo berço e isentos da aprovação da plebe? Bom, mas difícil de organizar, assim, em tão pouco tempo, ainda mais com as elites que temos. Na Roma do Cícero não tinha escuta telefônica, o que tornava mais fácil presumir a honorabilidade dos notáveis só por serem notáveis. Ou quem sabe a gente esquece tudo isto e parte para a solução mais à mão e potencialmente mais divertida: Lula imperador? Assim, em vez de nos preocuparmos com os desmandos de 400, nos preocuparíamos com um só.

Alguém já disse que exercer a democracia é como andar de bicicleta: se você pára, fatalmente cai, para a esquerda ou para a direita. A solução, tanto para ciclistas quanto para democratas convictos, é continuar pedalando. Que este é um dos piores congressos da nossa história ninguém discute. Que confiar na sua auto-regeneração é levar a fé na humanidade um pouco longe demais também é indiscutível. Mas não desesperemos - e pedalemos. O aperfeiçoamento de uma democracia requer prática e tempo, e a função deste Congresso pode muito bem ser a de educar a nação: pior do que este não pode ser, mandem um melhorzinho da próxima vez. E da próxima, e da próxima.

Não ajuda muito generalizar e demonizar toda uma classe política, esquecendo dos Simons e similares que honram seus mandatos, nem o tom extremo de certo denuncismo. O mais importante é preservar a democracia do seu mau uso.
A não ser, claro, que você prefira uma das alternativas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

UM SUPREMO BATE BOCA






Como foi o bate-boca:

Gilmar Mendes - O tribunal pode aceitar ou rejeitar, mas não com o argumento de classe. Isso faz parte de impopulismo juficial.
Joaquim Barbosa - Mas a sua tese deveria ter sido exposta em pratos limpos. Nós deveríamos estar discutindo...
.GM - Ela foi exposta em pratos limpos. Eu não sonego informação. Vossa Excelência me respeite. Foi apontada em pratos limpos.
JB - Não se discutiu claramente.
GM - Se discutiu claramente e eu trouxe razão. Talvez Vossa Excelência esteja faltando às sessões. [...] Tanto é que Vossa Excelência não tinha votado. Vossa Excelência faltou a sessão.
JB - Eu estava de licença, ministro.
GM - Vossa Excelência falta a sessão e depois vem..
.JB - Eu estava de licença. Vossa Excelência não leu aí. Eu estava de licença do tribunal.Aí a discussão é encerrada e os ministros começaram a julgar outra ação. E foi retomada mais tarde com Mendes, na hora que proclamou o pedido de vista de Carlos Ayres Britto. A sessão esquenta e só é encerrada depois que o ministro Marco Aurélio Mello interfere na discussão.
GM – Portanto, após o voto do relator que rejeitava os embargos, pediu vista o ministro Carlos Britto. Eu só gostaria de lembrar em relação a esses embargos de declaração que esse julgamento iniciou-se em 17/03/2008 e os pressupostos todos foram explicitados, inclusive a fundamentação teórica. Não houve, portanto, sonegação de informação.
JB – Eu não falei em sonegação de informação, ministro Gilmar. O que eu disse: nós discutimos naquele caso anterior sem nos inteirarmos totalmente das conseqüências da decisão, quem seriam os beneficiários. E é um absurdo, eu acho um absurdo.
GM – Quem votou sabia exatamente que se trata de pessoas...
JB – Só que a lei, ela tinha duas categorias.
GM – Se vossa excelência julga por classe, esse é um argumento...
JB – Eu sou atento às conseqüências da minha decisão, das minhas decisões. Só isso.
GM – Vossa excelência não tem condições de dar lição a ninguém.
JB – E nem vossa excelência. Vossa excelência me respeite, vossa excelência não tem condição alguma. Vossa excelência está destruindo a justiça desse país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia a rua, ministro Gilmar. Saia a rua, faz o que eu faço.
GM – Eu estou na rua, ministro Joaquim.
JB – Vossa excelência não está na rua não, vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso.Ayres Britto – Ministro Joaquim, vamos ponderar.
JB – Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite.
GM – Ministro Joaquim, vossa excelência me respeite.Marco Aurélio – Presidente, vamos encerrar a sessão?
JB – Digo a mesma coisa.
Marco Aurélio – Eu creio que a discussão está descambando para um campo que não se coaduna com a liturgia do Supremo.
JB – Também acho. Falei. Fiz uma intervenção normal, regular. Reação brutal, como sempre, veio de vossa excelência.
GM – Não. Vossa excelência disse que eu faltei aos fatos e não é verdade.
JB – Não disse, não disse isso.
GM – Vossa excelência sabe bem que não se faz aqui nenhum relatório distorcido.
JB – Não disse. O áudio está aí. Eu simplesmente chamei a atenção da Corte para as consequências da decisão e vossa excelência veio com a sua tradicional gentileza e lhaneza.
GM – Aaaaah, é Vossa Excelência que dá lição de lhaneza ao Tribunal. Está encerrada a sessão.”

Até que enfim, alguém verbaliza o que está engasgado na boca de muitos brasileiros:"O MINISTRO GILMAR MENDES ESTÁ DESTRUINDO A JUSTIÇA DESSE PAÍS." Ainda bem que na Suprema Corte tem, pelo menos um membro, que não é branco de olhos azuis - o Ministro Joaquim Barbosa. Parabéns, Ministro.

O STF,com Gilmar Mendes na Presidência, está se constituindo no maior fornecedor de matéria-prima para os chargistas e humorista do Brasil. Confiram:











BRASIL NÃO TERMINA EM ABRIL


Hoje, 22 de abril, Cabral, há 509 anos atráz, aportou nas costas da Bahia na nossa Pindorama. Começava a epopéia da construção de uma nação, formada por três raças muito tristes: o português degredado, o índio perseguido e quase aniquilado e o negro africano escravizado. A mistura foi boa e benéfica e resultou num povo bom e de uma cultura requintada e diversificada. Hoje temos o futebol, o samba, o carnaval, a feijoada,a capoeira, a mulata, que é a tal!! e o melhor do Brasil - o BRASILEIRO. Se não fosse essa nossa elite bárbara, petulante e perdulária isso aqui seria o paraíso.

Cabral partiu a 8 de março de 1500, com treze navios e aproximadamente 1.500 homens, a maior frota jamais reunida até então. A data escolhida foi justamente um domingo, dia apropriado para realização de festejos e para que a coroa portuguesa mostrasse sua força ao mundo.
A frota de Cabral era composta por:
7 naus, 1 caravela e 1 nave de mantimentos (com destino as índias)
1 nau e 1 caravela (sob o comando de Bartolomeu Dias com o objetivo de fundar uma feitoria em Sofala na África oriental)
1 caravela e 1 nau mercante (pertencentes a banqueiros)
Seus nomes são motivo de discussão. Alguns defendem que a nau de Cabral seria a legendária São Gabriel, navio com o qual Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para as índias.
A nau capitânia levava: 80 marinheiros, 70 soldados, 7 serviçais, 2 degredados, 8 frades franciscanos, 8 intérpretes e 8 funcionários para a feitoria a ser fundada em Calicute.
Na verdade, Pero Vaz de Caminha não era escrivão da frota, mas um dos funcionários da feitoria de Calicute, onde provavelmente faleceu.


No dia 22 de abril, terra foi avistada e a 23, desembarcaram num local que designaram Porto Seguro (BA) onde foi rezada a primeira missa pelo Frei Henrique Soares de Coimbra


Agora me lembrei de uma poesia, que fala de Brasil e de abril do livro Poesia Viva, vol.I, que copiei no meu caderno em 17/07/1972 na Biblioteca do SESC em Brasília-DF. Transcrevo:

Há Outubros

(Félix Augusto de Athayde)

"Brasil não finda em abril
Há outubros
O tempo é trabalho do homem
De tempo em tempo
Dá um salto
Como tudo que é vivo e pássaro.

Brasil não finda em abril
Há muito tempo pela frente
Outubro pode vir em maio ou dezembro
É questão de não se perder tempo

Volta a viver teu dia
Como se vivesses uma mulher
Trabalhando todas as partes do seu corpo

Brasil não finda em abril
Nem finda em mim nem em ti
Há outubros e há outros, outros
Além de nós que sabem
No amor e no ódio
Que o tempo é a esperança dos homens.

Há outubros."




O BRASIL, O MST E A ESQUERDA




Do Blog "vi o Mundo" do Luis Carlos Azenha. Reproduzo.

The Nation: "Sigam o exemplo do Brasil"
Atualizado em 22 de abril de 2009 às 13:42 Publicado em 21 de abril de 2009 à

"Sigam o exemplo do Brasil", recomenda Immanuel Wallerstein (Foto)

do The Nation, reproduzido na Carta Maior

Parece haver duas ocasiões que exigem dois planos para a esquerda mundial, e em particular a estadunidense. A primeira ocasião é de curto prazo. O mundo está numa profunda depressão, que só vai piorar pelo menos no próximo ou em dois anos. O curto prazo imediato concerne ao desemprego que muita gente está enfrentando,o rebaixamento de salários e em muitos casos a perda das casas. Se os movimentos de esquerda não têm planos para esse cenário de curto prazo, eles não podem estabelecer uma conexão, em sentido algum, com a maior parte das pessoas.

A segunda ocasião é a crise estrutural do capitalismo como sistema mundial, que enfrenta, em minha opinião, sua extinção nos próximos vinte ou quarenta anos. Esse é o cenário no médio prazo. E se a esquerda não tem planos para o médio prazo, o que substituirá o capitalismo como sistema mundial será algo pior, provavelmente muito pior do que o terrível sistema que se tem vivido nos últimos cinco séculos.

As duas ocasiões exigem táticas diferentes, mas combinadas. Qual a nossa situação no curto prazo? Os Estados Unidos elegeram um presidente centrista, cujas inclinações estão um pouco à esquerda do centro. A esquerda ou a sua maior parte, votou nele por duas razões. A alternativa era pior, na verdade muito pior. Então votamos no menos mal. A segunda razão é que pensamos que a eleição de Obama poderia abrir espaço para movimentos sociais de esquerda.

O problema que a esquerda está enfrentando não é nada novo. Situações como essa acontecem como padrão. Roosevelt, em 1933, Attlee em 1945, Mitterand em 1981, Mandela em 1994, Lula em 2002 foram todos Obamas em seus momentos e lugares. E a lista poderia ser expandida infinitamente. O que faz a esquerda quando essas figuras "decepcionam", como devem provavelmente todas fazê-lo, à medida que são todos centristas, mesmo se estão à esquerda do centro?

Em minha opinião, a única atitude sensata é aquela tomada pelo grande, poderoso e militante Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Brasil. O MST apoiou Lula em 2002 e, a despeito do não-cumprimento do que ele prometeu, eles o apoiaram na sua reeleição em 2006. E fizeram isso com plena consciência das limitações de seu governo, porque a alternativa era claramente pior. O que eles também fizeram, contudo, foi manter a pressão nos encontros com o governo, denunciando-o publicamente quando fosse merecido e se organizando contra suas falhas.

O MST poderia ser um bom exemplo para a esquerda estadunidense, se tivéssemos qualquer coisa comparável em termos de um movimento social forte. Nós não temos, mas isso não deveria nos impedir de tentar nos juntar e fazer o melhor que podemos para pressionar Obama como faz o MST, aberta, pública e pesadamente – o tempo todo e é claro apoiando-o com entusiasmo quando o governo acerta. O que nós queremos de Obama não é transformação social. Tampouco ele quer, ou pode, oferecer-nos isso. Queremos dele medidas que venham a minimizar a dor e o sofrimento da maioria das pessoas agora. Isso ele pode fazer, e é aí que a pressão sobre ele pode fazer uma diferença.

O médio prazo é bastante diferente. E aqui Obama é irrelevante, assim como o são todos os outros governos à esquerda do centro. O que está em curso é a desintegração do capitalismo como sistema mundial, não porque ele não pode garantir o bem-estar da imensa maioria (ele nunca pôde isso), mas porque ele não pode mais assegurar que os capitalistas terão uma acumulação sem fim do capital como sua razão de ser.

Chegamos a um momento em que nem capitalistas de visão, nem seus oponentes (nós) estão tentando preservar o sistema. Estamos ambos tentando estabelecer um novo sistema, mas é claro que temos idéias muito diferentes, na verdade radicalmente opostas, quanto à natureza desse novo sistema.

Porque o sistema se moveu para muito longe do equilíbrio, tornou-se caótico. Estamos assistindo a flutuações selvagens nos indicadores econômicos usuais – os preços das commodities, o valor relativo das ações, os níveis reais das taxas de câmbio, a quantidade de itens produzidos e comercializados. À medida que ninguém realmente sabe, praticamente de um dia para o outro, onde esses indicadores vão parar,ninguém pode razoavelmente planejar coisa alguma.

Numa situação dessas, ninguém sabe quais medidas serão melhores, qualquer que seja sua política. Essa própria confusão intelectual prática leva a demagogias frenéticas de todos os tipos. O sistema está se bifurcando, o que significa que em vinte ou quarenta anos haverá algum novo sistema, que criará ordem a partir do caos. Mas nós não sabemos que sistema será esse.

O que nós podemos fazer? Antes de qualquer coisa, devemos ter clareza a respeito do que se trata essa batalha. Esta é a batalha entre o espírito de Davos (por um novo sistema que não é o capitalismo, mas é apesar disso hierárquico, explorador e polarizador) e o espírito de Porto Alegre (um novo sistema que é relativamente democrático e relativamente igualitário).

Nenhum mal menor aqui. É uma coisa ou outra.

O que deve a esquerda fazer? Promover a clareza intelectual a respeito da escolha fundamental. Então, organizar-se em milhares de níveis e em milhares de maneiras para empurrar as coisas para a direção correta. A principal coisa a fazer é encorajar a "descomoditificação" de tudo o que pudermos "descomoditificar". A segunda é experimentar todos os tipos de novas estruturas que façam um sentido melhor de justiça global e sanidade ecológica. E a terceira coisa que devemos fazer é encorajar o otimismo sóbrio. A vitória está longe de ser certa. Mas é possível.

Então, para resumir: trabalhar no curto prazo para minimizar a dor, e no médio prazo para assegurar que o novo sistema que emergirá será um melhor, e não um pior. Mas fazer este trabalho sem triunfalismo, e sabendo que a luta será tremendamente difícil.

Publicado originalmente na The Nation, em 4 de março de 2009

O original, em inglês, está aqui

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