quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Enderêço da Felicidade

A revista de Filosofia de Nº 02, traz uma matéria sobre a felicidade, tema por demais ambíguo e subjetivo, que continua a desafiar filósofos e pensadores de todos os tempos. A felicidade existe? Qual a sua relação com a política e o poder? Quais as virtudes que devem ser cultivadas para ser feliz? A felicidade é um fenômeno, estritamente, individual ou também pode ser um fenômeno coletivo? São muitas questões, as subjetividades, as controvérsias sobre o tema e há apenas um ponto comum onde todos os pensadores, filósofos e poetas concordam “a felicidade não é eterna”. Como disse o nosso imortal Tom Jobim, num Clássico da Bossa Nova, “a felicidade é como a gota do orvalho numa pétala de flor/brilha tranqüila, depois de leve oscila/e cai como uma lágrima de amor”.....a felicidade é como a pluma/ que o vento vai soprando pelo ar/voa tão leve mas tem a vida breve/precisa que haja vento sem parar”....São imagens poéticas belíssimas, que retratem a efemeridade desse sentimento. Já Maysa (ex-Matarazzo), cantora e compositora da melhor qualidade, que interpretou como ninguém as desilusões amorosas (Ouça, Meu Mundo Caiu, Amargura, etc...) disse que “felicidade é privilégio de gente burra”. Já um outro anônimo amargurado falou que a receita de felicidade "é nascer burro, crescer ignorante e morrer de repente”. Que tal?? E a relação da felicidade com a política? Como professor e estudioso dessa área considero que o melhor conceito de política foi dado por Aristóteles (384-322 a.C) quando disse que “a política consiste em organizar a cidade feliz”. Fica a pergunta: é possível se aferir a felicidade de uma cidade, de um país? Pois essa revista de Filosofia traz uma matéria sobre um novo indicador criado pela NEW ECONOMCS FOUNDATION (NEF) em parceria com a FRIEND OF THE EARTH para definir o INDICE PLANETA FELIZ (IPF), que é um pouquinho mais sofisticado que o I.D.H (Índice de Desenvolvimento Humano). Entre outras variáveis, o IPF leva em consideração a expectativa e qualidade de vida, o sentimento de alegria na população e a quantidade de recursos naturais consumidos. É interessante registrar que nenhum país do G-8 (as grandes potências capitalistas, mais a Rússia), estão bem no ranking do IPF. Os Estados Unidos, como diria o saudoso carnavalesco João Aguiar está na “rabagésima colocação”, é o 150º colocado. A França é o 129º e o nosso Brasil é o 63º colocado, índice que coincide com o nosso IDH. E qual e o país mais feliz? O primeiro lugar é de VANUATU, um arquipélago com 83 ilhas no oceano pacífico, com 211 mil habitantes que dista 1750 km da costa da Austrália e cuja economia é baseada na pesca, agricultura e turismo. Taí caros amigos o endereço da felicidade! – um arquipélago do pacífico, longe da turbulência das grandes metrópoles, sem a síndrome do terrorismo, sem a ansiedade do consumismo desenfreado, vivendo sem temores e com a moderação, que segundo os Epicuristas, possibilita o “prazer contínuo”. Como mais uma vez nos ensina Aristóteles: “Ser feliz é possível, mas dá trabalho.” É no trabalho político, no exercício virtuoso do poder que reside a promessa de felicidade.

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