Dizeres
e saberes do povo nordestino.
( Registrando para não esquecer essas expressões que
ouvi na infância e adolescência)
O povo, na sua
sabedoria e observações do cotidiano, vai construindo analogias, comparações
jocosas, alegres, divertidas e, as vezes, também ácidas e ferinas sobre o seu
dia a dia, a sua vivência e convivência com a natureza e a sociedade. Muitas
dessas expressões são precisas, cirúrgicas, definitivas e que se explicam por si
mesmas. Outras, precisa-se conhecer a conjuntura, o ambiente cultural, o
sentido da expressão e uma explicação adicional para entendê-las .(É uma outra
tarefa). Ao longo da minha infância e adolescência elas foram sendo ditas e
repetidas no ambiente familiar, nas ruas e nas cidades do interior,
principalmente, por gente simples do povo. Elas me encantam e me faz rir.
Reproduzo-as aqui, de forma aleatória, na medida que vou me lembrando e
embevecendo com as comparações. (MIF)
1
“Mais curto do que coice de preá”;
2
“Mais fino do que assobio de saguin”;
3
“Mais ligeiro que coceira de cachorro”;
4
“Mais chato que lençol curto”; (Se cobre
os pés, descobre a cabeça)
5
“Mais enjoado que cachorro de índio”;
6
“Mais enjoado do que menino quando está
nascendo os dentes”;
7
“Mais alegre que pinto de dois dias”;
8
“Mais arrochado do que cu de sapo”;
9
“Mais folgado que charuto em boca de bebo”;
10
De moça falada, diz-se: “Leva mais vara
que casa de taipa” Ou então: “leva mais vara que chiqueiro de criar bode”;
11
De gente muito magra diz-se: “Tá só o
tamanco” (Só tem o couro e o pau). Ou então: “Tá uma bandeira de pirata” (Só
tem o pano e a caveira);
12
De gente amarrada, sovina, diz-se: “Não
abre a mão nem prá tomar injeção na veia”;
13
De gente desonesta diz-se: “Só pega no
que é dele quando vai mijar”; Ou então: “Só não tem falta de ar, mas toda falta
tem”
14
De gente astuciosa diz-se: “Isso de
burro só tem a peia”;
15
“Direto igual a enterro de crente” (O de
católicos passa na Igreja para encomendar o corpo);
16
“Penando mais do que galinha que cria
pato”;
17
De camisa muito amassada, diz-se: “Saiu
pelo bico do bule”;
18
De coisa nova e bonita, diz-se: “É uma
moça no banho”;
19
De gente gorda, diz-se; “Parece filho de
ladrão quando o pai tá solto”;
20
De gente perfumada, diz-se: “Mais
cheiroso do que filho de barbeiro”
21
De moça que não é mais virgem, diz-se:
“É mais furada que tábua de pirulito”.
22
“Mais falso do que tábua de quixó”. Ou
então: “Mais falso do que uma nota de sete” E ainda: “Mais falso do que carta
de baralho” (tem duas caras);
23
“Mais quieto do que menino cagado”;
24
“Mais desarrumado do que ninho de
xexéu”;
25
“Mais grosso do que papel de embrulhar
prego”. Ou então: “Mais grosso do que cano de passar tolete”;
26
“Mais fraco do que caldo de batata”;
27
“Mais forte do que o fumo de Arapiraca”;
28
“Mais triste do que São Sebastião
flechado”;
29
“Mais sorte do que rapariga nova” (Não
chega prá quem quer no cabaré);
30
“Mais enfeitado do que penteadeira de
rapariga”;
31
“Mais melado do que o PSD de Guarabira”
(“melado” no sentido de embriagado);
32
“É melhor do que achar dinheiro em
calçada alta” (Não precisa nem se baixar para apanhar);
33
“Mais empenado do que o gato da
Zinebra”;
34
“Tremendo mais do que Toyota em ponto
morto”;
35
“Vomitando mais do que urubu novo quando
vê gente”;
36
“Se acabando pelo fundo como balaio de
salineiro” (pessoa com caganeira);
37
“Se acabando pelo fundo como rede de
aleijado”;
38
“Mais sujo do que puleiro de pato”;
39
“Mais sujo do que piso de oficina”;
40
“Mais enrolado do que cabelo de
relógio”;
41
Diz-se do ladrão pé de chinelo: “Isso
rouba até pano de ferida no quintal dos outros”;
42
“Mais desconfiado do que cachorro em
cima de carga”;
43
“Mais lustroso do que espinhaço de pão
doce”;
44
“Dorme mais do que gato em forno de
padaria”. Ou então: “Dorme mais do que gato em bica”
45
Diz-se da pessoa extremamente pobre: “Não
tem um lugar prá cair morto”. E também: “Não tem um pau prá dá num gato”. E
ainda: “Não tem no cu o que um periquito roa”;
46
De gente que tem muita lábia
(argumentos): “Tem conversa de botar um bode na chuva”. E também: “Tem conversa
que derruba até avião”;
47
Com pessoa desordeira, diz-se; “Vai
arranjar o chapéu da viagem”;
48
De pessoa com sintoma de desordem
mental: “Parece até que chupou manga com febre.” E também: “Doido de jogar
pedra na lua”;
49
De mulher “caridosa”, diz-se: “Dá mais
do que paca da mão branca em noite de lua”;
50
De pessoa toda arrumada e alinhada: Tá toda
nos panos”;
51
De gente sisuda, de cara amarrada,
diz-se: “Mais sério do que um bode cagando numa canoa”;
52
De sujeito corno: “Leva mais chifre do
que pano de toureiro”
53 "Não paga nem promessa de areia à Santo, morando embaixo do morro";
54 "Quem enricou de promessas foi São Sevrerino do Ramo";
55 "Mais por fora de que Barriga de mucura." Ou então: "Mais por fora do que língua de cachorro cansado" E ainda: "Mais por fora do que quarto de empregada";
56"Mais cumprido do que vara de bater pecado";
57"Mais duro do que rabo de ovelha";
58 "Mais perigoso do que pastel de botequim";
59 "Mais afiada do que língua de manicure" ;
60 De gente gulosa, diz-se: "Come mais do que impinge braba". Ou então: "Come mais do que esmeril da França". E ainda: "Come mais do que areia de cimitério";
61 De gente metida a importante, diz-se: "Só que ser o que a folhinha não marca". Ou então: "Só quer ser as pregas";
62 "Mais por baixo do que cu de arraia" (Que fica abaixo da lama 3 dedos);
63 "Mais escuro do que casa de viúva";
53 "Não paga nem promessa de areia à Santo, morando embaixo do morro";
54 "Quem enricou de promessas foi São Sevrerino do Ramo";
55 "Mais por fora de que Barriga de mucura." Ou então: "Mais por fora do que língua de cachorro cansado" E ainda: "Mais por fora do que quarto de empregada";
56"Mais cumprido do que vara de bater pecado";
57"Mais duro do que rabo de ovelha";
58 "Mais perigoso do que pastel de botequim";
59 "Mais afiada do que língua de manicure" ;
60 De gente gulosa, diz-se: "Come mais do que impinge braba". Ou então: "Come mais do que esmeril da França". E ainda: "Come mais do que areia de cimitério";
61 De gente metida a importante, diz-se: "Só que ser o que a folhinha não marca". Ou então: "Só quer ser as pregas";
62 "Mais por baixo do que cu de arraia" (Que fica abaixo da lama 3 dedos);
63 "Mais escuro do que casa de viúva";
5 comentários:
Vi minha vó falando isso . Ela dizia mais palavreado que isso.
Excelente!!!!!!
Postar um comentário