quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

DIZERES E SABERES DO POVO NORDESTINO




Dizeres e saberes do povo nordestino.

( Registrando para não esquecer essas expressões que ouvi na infância e adolescência)


O povo, na sua sabedoria e observações do cotidiano, vai construindo analogias, comparações jocosas, alegres, divertidas e, as vezes, também ácidas e ferinas sobre o seu dia a dia, a sua vivência e convivência com a natureza e a sociedade. Muitas dessas expressões são precisas, cirúrgicas, definitivas e que se explicam por si mesmas. Outras, precisa-se conhecer a conjuntura, o ambiente cultural, o sentido da expressão e uma explicação adicional para entendê-las .(É uma outra tarefa). Ao longo da minha infância e adolescência elas foram sendo ditas e repetidas no ambiente familiar, nas ruas e nas cidades do interior, principalmente, por gente simples do povo. Elas me encantam e me faz rir. Reproduzo-as aqui, de forma aleatória, na medida que vou me lembrando e embevecendo com as comparações. (MIF)


1        “Mais curto do que coice de preá”;

2        “Mais fino do que assobio de saguin”;

3        “Mais ligeiro que coceira de cachorro”;

4        “Mais chato que lençol curto”; (Se cobre os pés, descobre a cabeça)

5        “Mais enjoado que cachorro de índio”;

6        “Mais enjoado do que menino quando está nascendo os dentes”;

7        “Mais alegre que pinto de dois dias”;

8        “Mais arrochado do que cu de sapo”;

9        “Mais folgado que charuto em boca de bebo”;

10    De moça falada, diz-se: “Leva mais vara que casa de taipa” Ou então: “leva mais vara que chiqueiro de criar bode”;

11    De gente muito magra diz-se: “Tá só o tamanco” (Só tem o couro e o pau). Ou então: “Tá uma bandeira de pirata” (Só tem o pano e a caveira);

12    De gente amarrada, sovina, diz-se: “Não abre a mão nem prá tomar injeção na veia”;

13    De gente desonesta diz-se: “Só pega no que é dele quando vai mijar”; Ou então: “Só não tem falta de ar, mas toda falta tem”

14    De gente astuciosa diz-se: “Isso de burro só tem a peia”;

15    “Direto igual a enterro de crente” (O de católicos passa na Igreja para encomendar o corpo);

16    “Penando mais do que galinha que cria pato”;

17    De camisa muito amassada, diz-se: “Saiu pelo bico do bule”;

18    De coisa nova e bonita, diz-se: “É uma moça no banho”;

19    De gente gorda, diz-se; “Parece filho de ladrão quando o pai tá solto”;

20    De gente perfumada, diz-se: “Mais cheiroso do que filho de barbeiro”

21    De moça que não é mais virgem, diz-se: “É mais furada que tábua de pirulito”.

22    “Mais falso do que tábua de quixó”. Ou então: “Mais falso do que uma nota de sete” E ainda: “Mais falso do que carta de baralho” (tem duas caras);

23    “Mais quieto do que menino cagado”;

24    “Mais desarrumado do que ninho de xexéu”;

25    “Mais grosso do que papel de embrulhar prego”. Ou então: “Mais grosso do que cano de passar tolete”;

26    “Mais fraco do que caldo de batata”;

27    “Mais forte do que o fumo de Arapiraca”;

28    “Mais triste do que São Sebastião flechado”;

29    “Mais sorte do que rapariga nova” (Não chega prá quem quer no cabaré);

30    “Mais enfeitado do que penteadeira de rapariga”;

31    “Mais melado do que o PSD de Guarabira” (“melado” no sentido de embriagado);

32    “É melhor do que achar dinheiro em calçada alta” (Não precisa nem se baixar para apanhar);

33    “Mais empenado do que o gato da Zinebra”;

34    “Tremendo mais do que Toyota em ponto morto”;

35    “Vomitando mais do que urubu novo quando vê gente”;

36    “Se acabando pelo fundo como balaio de salineiro” (pessoa com caganeira);

37    “Se acabando pelo fundo como rede de aleijado”;

38    “Mais sujo do que puleiro de pato”;

39    “Mais sujo do que piso de oficina”;

40    “Mais enrolado do que cabelo de relógio”;

41    Diz-se do ladrão pé de chinelo: “Isso rouba até pano de ferida no quintal dos outros”;

42    “Mais desconfiado do que cachorro em cima de carga”;

43    “Mais lustroso do que espinhaço de pão doce”;

44    “Dorme mais do que gato em forno de padaria”. Ou então: “Dorme mais do que gato em bica”

45    Diz-se da pessoa extremamente pobre: “Não tem um lugar prá cair morto”. E também: “Não tem um pau prá dá num gato”. E ainda: “Não tem no cu o que um periquito roa”;

46    De gente que tem muita lábia (argumentos): “Tem conversa de botar um bode na chuva”. E também: “Tem conversa que derruba até avião”;

47    Com pessoa desordeira, diz-se; “Vai arranjar o chapéu da viagem”;

48    De pessoa com sintoma de desordem mental: “Parece até que chupou manga com febre.” E também: “Doido de jogar pedra na lua”;

49    De mulher “caridosa”, diz-se: “Dá mais do que paca da mão branca em noite de lua”;

50    De pessoa toda arrumada e alinhada: Tá toda nos panos”;

51    De gente sisuda, de cara amarrada, diz-se: “Mais sério do que um bode cagando numa canoa”;

52    De sujeito corno: “Leva mais chifre do que pano de toureiro”
53 "Não paga nem promessa de areia à Santo, morando embaixo do morro";
54 "Quem enricou de promessas foi São Sevrerino do Ramo";
55 "Mais por fora de que Barriga de mucura." Ou então: "Mais por fora do que língua de cachorro cansado" E  ainda: "Mais por fora do que quarto de empregada";
56"Mais cumprido do que vara de bater pecado";
57"Mais duro do que rabo de ovelha";
58 "Mais perigoso do que pastel de botequim";
59 "Mais afiada do que língua de manicure" ;
60 De gente gulosa, diz-se: "Come mais do que impinge braba". Ou então: "Come mais do que esmeril da França". E ainda: "Come mais do que areia de cimitério";
61 De gente metida a importante, diz-se: "Só que ser o que a folhinha não marca". Ou então: "Só quer ser as pregas";
62 "Mais por baixo do que cu de arraia" (Que fica abaixo da lama 3 dedos);
63 "Mais escuro do que casa de viúva";

5 comentários:

Unknown disse...

Vi minha vó falando isso . Ela dizia mais palavreado que isso.

Unknown disse...

Excelente!!!!!!

Nordeste por Gabriel Souto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nordeste por Gabriel Souto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nordeste por Gabriel Souto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.