Saudação
aos Formandos de Ciências Sociais de 2013
“Feliz
aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Cora Coralina (1889-1985)
Estimados formandos, doravante
meus colegas de profissão.
É uma feliz
coincidência essa solenidade de formatura do Curso de Ciências Sociais, quando
se celebra os 500 anos do escrito de Maquiavel, O Príncipe. O Brasil ainda nem
havia iniciado a sua colonização, e estava longe de construir seu projeto de
Nação, quando o florentino surpreendeu o mundo com sua obra em 1513.
Assiná-lo esse evento
para lembrar que essa obra é o marco da Ciência Política e que, nos meus
cursos, eu fazia questão que todos a lessem e estudassem e apresentassem
seminários da mesma. E como teve seminários excelentes!
No curso de Ciências
Sociais, sempre fui o responsável para conduzir a disciplina de Introdução à
Ciência Política para os recém aprovados no vestibular para o curso. As turmas
eram enormes, sempre ultrapassando os 40 alunos, fato que comprometia um pouco
a didática, mas, sem alterar o conteúdo programático da disciplina, que era
apresentado com o respectivo calendário no 1º dia de aula.
Sempre fiz questão de
enfatizar, com uma certa pretensão, que gostaria de ser um EDUCADOR e não
apenas um simples professor repassador de conteúdos e o “dono do conhecimento”.
Também estava ali para aprender (e como aprendi nos seminários). Sempre adverti
os alunos, que o curso seria conduzido por todos e esperava que a relação
professor/ aluno fosse solidária, de companheirismo e, sobretudo, de respeito.
Naturalmente, que eu teria uma responsabilidade maior na condução, em face do
status institucional, de professor da Disciplina, por ter mais experiência no
magistério, por ter um considerável acúmulo de leituras, etc.
Procurei sempre tornar
os encontros pedagógicos prazerosos, sempre que possível passava vídeos de
filmes, tanto documentários como longa metragens de assuntos relacionados com o
conteúdo e sempre disponibilizava textos educativos complementares como o de
Rubem Alves, “Política e Jardinagem”; o de Adalberto Paranhos, “Política e
Cotidiano” (as mil faces do poder); o de João Ubaldo Ribeiro, “Dez Bons
Conselhos de Meu Pai para Cidadãos Honestos e Prestantes”. Vou reproduzir os
conselhos sem os seus respectivos comentários para não alongar o texto. Espero
que os meus queridos alunos, que me prestam essa homenagem, os cultivem nas suas
vidas e sejam cidadãos honestos e prestantes. São eles: 1 – Não seja tutelado;
2 – Não seja colonizado; 3 – Não seja calado; 4 – Não seja ignorante; 5 – Não
seja submisso; 6 – Não seja indiferente; 7 – Não seja amargo; 8 – Não seja
intolerante; 9 – Não seja medroso; 10 – Não seja burro.
Tive sorte e fui feliz
com meus alunos. Durante os anos de magistério não enfrentei nenhum episódio
desabonador. Usei o meu poder com moderação e estabeleci com muitos alunos uma
relação de amizade, que ultrapassaram os muros do Campus da UFAC. Tive o
privilégio de participar da primeira banca de Monografia do nosso curso (Um
estudo de caso sobre “A Gravidez Precoce em Rio Branco” da Márcia Meireles) e
de participar de outras dezenas delas como Orientador e Membro da banca. Alguns
dos meus alunos enveredaram pela trilha acadêmica e tornaram-se Doutores, como
a própria Márcia, O Bento e tantos outros. Superaram o velho Mestre na
titulação e vida Acadêmica. Isso é uma coisa que me gratifica profundamente,
pois tenho clareza, que contribuí um pouco, nessas trajetórias vitoriosas de
meus alunos.
É sempre uma grande
alegria, quando sou cumprimentado e festejado pelos meus ex-alunos(as) na rua,
muitos deles exercendo a profissão que abraçaram, na estrutura pública e privada, com
competência técnica e com ética. Fiz dezenas de colegas e amigos e sou grato
por isso. Essa é a nossa recompensa.
Hoje quando me distinguem como Professor
Homenageado da Turma de 2013, do nosso curso, ela expressa um reconhecimento
Institucioanal, que ultrapassa as relações de amizades individuais, mas não
deixam de ter a carga de carinho, generosidade, de companheirismo, de respeito,
de gratidão e outros sentimentos bons que devemos cultivar tanto na vida
acadêmica como pela vida afora. Obrigado meus alunos (as) e agora colegas e,
com certeza, amigos. Estou contente e feliz com a lembrança. Como disse o
poeta/letrista, Paulo César Pinheiro no samba Contentamento que a Clara Nunes
canta: “Eu sei bem que mereço, mas não esperava tanto”.
Um comentário:
Parabéns professor Marcos Inácio, o senhor merece muitas homenagens.
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