País atinge
em 2011 menor desigualdade em 30 anos, aponta IBGE
Dados são da Síntese dos Indicadores
Sociais (SIS) divulgada pela IBGE nesta quarta-feira. Apesar dos avanços,
Brasil continua entre os países maias desiguais do mundo
Agência Estado | 28/11/2012
10:29:33- Atualizada às 28/11/2012 10:52:50
Com Coeficiente de Gini de 0,508, apontado pela Síntese dos Indicadores
Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil atingiu em 2011 sua menor desigualdade
de renda em trinta anos - em 1981, o indicador era 0,583. O País, porém,
continua um dos países mais desiguais do mundo, longe da média da União
Europeia, cujo Gini - índice de zero a 1, que sobe com a disparidade de
rendimentos - chegou a 0,305 em 2010 e no ano passado foi 0,290 na Alemanha,
0,308 na França e 0,244 na Suécia.
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A pesquisa apontou outros sinais de queda na distância entre os ricos e
os pobres brasileiros, como a redução na renda dos 20% mais ricos, de 60% para
57,7% do total de 2001 a 2011. Mesmo assim, no ano passado os 40% mais pobres
ganhavam apenas 11% da riqueza nacional, diz o estudo. O avanço da renda no
País de 2001 a 2011 se deu em um cenário em que, segundo a SIS, disparou a
renda de "outras fontes" para famílias com rendimentos domiciliares
per capita de até 1/4 de salário mínimo ao longo da década estudada. Foi uma
expansão de 5,3% para 31,5% dos rendimentos de 2001 a 2011.
Na faixa de 1/4 a meio salário mínimo, também houve aumento: de 3,1%
para 11,5%. Para os pesquisadores do IBGE, como as famílias pesquisadas são
extremamente pobres, a hipótese mais provável para explicar esse aumento é a
expansão ocorrida no período dos programas de transferência de renda como o
Bolsa-Família, pago a famílias carentes com filhos em idade escolar, e o
Benefício de Prestação Continuada, destinado aos extremamente pobres.
"Esta modificação ocorreu apesar do rendimento do trabalho haver
crescido o período", assinada a SIS. "Para o grupo de até 1/4 do
salário mínimo de rendimento familiar per capita, o rendimento médio de todos
os trabalhos passou de R$ 273 para R$ 285, no período de 2001 a 2011, enquanto
para os que estão na faixa de 1/4 a 1/2 salário mínimo aumentou de R$ 461 para
R$ 524 (...)." As cifras foram corrigidas pelo INPC, por isso são
comparáveis.
O avanço no Gini seria maior se comparado ao indicador de 1960 - 0,497,
o menor da história brasileira -, mas esse resultou de números do Censo
Demográfico daquele ano, o que impossibilita a comparação com a SIS, baseada na
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), inexistente à época. No
critério do Censo, o menor Gini do Brasil foi o de 2010 - 0,526.
A SIS constatou ainda que subiu de 2,6% para 3,5% a renda dos 20%
brasileiros mais pobres na mesma década. Ao aumento de 0,9 ponto porcentual no
rendimento dos mais desfavorecidos correspondeu uma queda de 2,3 pontos na
riqueza apropriada pelos 20% mais ricos. No mesmo período, o grupo social mais
privilegiado viu sua renda, equivalente a 24 vezes o que ganhavam os 20% mais
pobres em 2001, cair para 16,5 vezes em 2011.
Raça, gênero e variações regionais
Apesar da queda, esse indicador ainda deixou o Brasil distante de alguns
países desenvolvidos da Europa, onde a relação é de quatro a seis vezes. E a
redistribuição foi desigual: pretos e pardos ganharam mais que as mulheres,
constatou a pesquisa. "Avançou-se mais na redução da desigualdade de raça
que na de gênero", disse a pesquisadora Cristiane Soares, do IBGE.
"Em 2001, as mulheres ganhavam 69% dos homens, e em 2011, 73,3%. Já
os pretos e pardos passaram de 50,5% do rendimento dos brancos para 60% no
mesmo período. Enquanto eles avançaram quase dez pontos, as mulheres cresceram
apenas 4,4 pontos."
O IBGE também avaliou a pobreza e a desigualdade com base em uma
"perspectiva multidimensional", com indicadores monetários e não
monetários, adaptando metodologia do Consejo Nacional de Evaluación de la
Política de Desarrollo Social - CONEVAL, do México.
A SIS constatou que
22,4% da população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios
sociais e/ou de renda, mas esse porcentual tem fortes variações regionais.
Chega a 40% no Norte e 40,1% no Nordeste (53% no Maranhão, Estado recordista),
mas não passa de 11,3% no Sul. Nesse polo positivo, a unidade da Federação com
melhor posição em 2011 era São Paulo, com apenas 7,7% da população vulnerável.
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