Pinçado do 247.Compartilho.
Na despedida
do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto foi saudado pelo
procurador-geral Roberto Gurgel como a encarnação do "espírito
republicano", ou seja, do rigor máximo diante da "res publica"; neste
feriado, dia em que se celebra a Proclamação da República pelo marechal
Deodoro da Fonseca, o jornal O Globo comparou seus heróis de ontem e de
hoje na charge de primeira página; alertado por leitores, 247 encontrou
alguns curiosos paralelos entre os personagens, que não necessariamente
engrandecem as suas biografias
247 - Responsável pela Proclamação da
República, o marechal Deodoro da Fonseca era alagoano. Carlos Ayres
Britto, que conduziu o Supremo Tribunal Federal no que o jornal O Globo
define como o "julgamento para a História", um processo judicial visto
por adversários do petismo como uma espécie de refundação da República, é
sergipano. Hoje, na primeira página do Globo, os dois são retratados
como irmãos, ou companheiros de uma mesma luta em defesa da chamada "res
publica", a coisa pública. Aliás, em sua despedida, Ayres Britto foi
saudado pelo procurador Roberto Gurgel como a encarnação do espírito
republicano.
Coberto de homenagens, Ayres Britto se despediu do STF
antes de voltar à advocacia ou à política – em 1990, como "Carlim do
PT", ele concorreu a deputado federal por Sergipe e perdeu. Hoje, tem
convite do PSB. Na advocacia, deverá ter a precaução de manter distância
do genro, que, num vídeo gravado, foi flagrado de forma não muito
republicana, negociando um contrato com Joaquim Roriz que impediria o
voto do sogro Ayres Britto na lei da ficha limpa (leia mais aqui).
Como um organismo vivo, dedicado ao jornalismo 2.0, que é
horizontal e não vertical, o 247 aprende – e muito – com seus leitores. E
decidimos, então, espiar os comentários postados numa reportagem
publicada nesta manhã sobre a charge do Globo. (leia mais aqui).
Eis o que disse Carlos Alberto Alves Marques:
O marechal Deodoro da
Fonseca era grande amigo de Dom Pedro II, acabou mostrando-se um militar
covarde, porque cedeu às forças políticas e sociais, que não perdoaram a
abolição da escravatura pela regente princesa Isabel, e abandonou o
amigo imperador, já velho e doente. Na continuidade histórica, as forças
que tornaram Deodoro da Fonseca um vassalo de seus interesses
contrariados com a ação libertária da abolição são as mesmas que, hoje,
não se conformam com o progresso social dos brasileiros mais
necessitados promovido pela era Lula, cujo símbolo maior é a velha mídia
historicamente golpista e corrupta. Ayres Britto prestou-se à
vassalagem dessas forças contrárias ao acesso da maioria dos brasileiros
aos bens sociais, e submeteu-se vergonhosamente a pautar o julgamento
da AP 470 em coincidência com as eleições na tentativa de influenciá-las
e prosseguir na obra de desconstrução do projeto político que visa a
redimir a população pobre, tanto como a Casa Imperial patrocinou a
abolição da vergonhosa escravidão. De fato, Ayres Britto e Deodoro da
Fonseca podem perfeitamente ser comparados, aquele prestou-se a ser peão
das forças que resistem à libertação da pobreza, e este , das forças
que resistiram à libertação dos escravos. São da mesma estirpe de
vassalos.
E a leitora que usa o nickname Salete Omelete:
Ou tem gente muito burra
na Globo, muito inteligente e sutil!!!! Vocês escolhem!!! Todo mundo
neste país sabe que o Marechal Deodoro era um golpista conservador que
só "proclamou" a República para atender pressões dos conservadores que
viram que com a Abolição da Escravatura em 1888 tinham tido seus
interesses econômicos minados e temiam que poderia haver uma revolução
social. A proclamação da Republica no Brasil foi um golpe militar
reacionário e não tinha mesmo nada de republicano, só era contra o poder
do Imperador e a favor dos interesses dos latifundiários e
escravocratas. Enfim, a rigor, vê-se muitas semelhanças entre os 2 nè?
Talvez a Globo tenha acertado. O tiro saiu pela culatra!!!! J' m'éclate
de rire!!!!
Curiosamente, a ação do Marechal Deodoro da Fonseca é
retratada como uma reação das elites conservadoras à Abolição da
Escravidão. E o marechal, que havia sido grande amigo do Imperador,
teria sido instrumentalizado pelos latifundiários e escravocratas. Ayres
Britto, ex-petista nomeado por Lula, organizou o "julgamento para a
História" com a precisão de um relógio suíço, de modo a que coincidisse
com o processo eleitoral. Apenou os réus do núcleo político antes da
aposentadoria e foi coberto de homenagens. Mas o marechal Deodoro é hoje
um personagem bastante controverso na historiografia brasileira.
Abaixo, o relato da Wikipedia:
A despeito da intensa propaganda republicana, a ideia da mudança de regime político não ecoava no país. Em 1884, foram eleitos para a Câmara dos Deputados, apenas três republicanos, entre eles os futuros presidentes da República Prudente de Morais e Campos Sales[2]. Na legislatura seguinte, apenas um conseguiu ser eleito. Na última eleição parlamentar realizada no Império do Brasil, a 31 de agosto de 1889, o Partido Republicano só elegeu dois Deputados.
Percebendo que não conseguiriam realizar seu projeto
político pelo voto, os republicanos optaram por concretizar suas ideias
através de um golpe militar. Para tanto, procuraram capitalizar o descontentamento crescente das classes armadas com o governo civil do Império[6], desde a Questão Militar. Precisavam, todavia, de um líder de suficiente prestígio na tropa, para levarem a efeito seus planos.
Foi assim que os republicanos passaram a aproximar-se de
Deodoro (amigo do Imperador), procurando seu apoio (sem sua participação
direta segundo diversas fontes Históricas), para um golpe de força
contra o governo imperial de Dom Pedro II.[7] O que foi difícil, visto ser Deodoro homem de convicções monarquistas, que declarava ser amigo do Imperador Dom Pedro II e lhe dever favores. Dizia ainda Deodoro querer acompanhar o caixão do velho Imperador.
Em 14 de novembro de 1889, os republicanos fizeram correr o boato, absolutamente sem fundamento, de que o governo do primeiro-ministro liberal visconde de Ouro Preto havia expedido ordem de prisão contra o Marechal Deodoro[8] e o líder dos oficiais republicanos, o tenente-coronel Benjamin Constant.
Tratava-se de proclamar a República antes que se instalasse o novo
parlamento, recém-eleito, cuja abertura estava marcada para o dia 20 de novembro[2].
A falsa notícia de que sua prisão havia sido decretada foi
o argumento decisivo que convenceu Deodoro finalmente a levantar-se
contra o governo imperial. Pela manhã do dia 15 de novembro
de 1889, o marechal reuniu algumas tropas e as pôs em marcha para o
centro da cidade, dirigindo-se ao Campo da Aclamação, hoje chamado Praça
da República.[7]
Penetrando no Quartel-General do Exército, Deodoro decretou a demissão
do Ministério Ouro Preto – providência de pouca valia, visto que os
próprios ministros, cientes dos últimos acontecimentos, já haviam
telegrafado ao Imperador, que estava em Petrópolis - RJ,
pedindo demissão. Ninguém falava em proclamar a República, tratava-se
apenas de trocar o Ministério, e o próprio Deodoro, para a tropa formada
diante do Quartel-General, ainda gritou um "Viva Sua Majestade, o Imperador!"[7]
Enquanto isso, Dom Pedro II, tendo descido para o Rio de Janeiro, em vista da situação, reuniu o Conselho de Estado no Paço Imperial e, depois de ouvi-lo, decidiu aceitar a demissão pedida pelo visconde de Ouro Preto e organizar novo Ministério.
Proclamação da República, 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853 - 1927). Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo.
Os republicanos precisavam agir rápido, para aproveitar os
acontecimentos e convencer Deodoro a romper de vez os laços com a
monarquia. Valeram-se de outra notícia, infelizmente verdadeira, pois
chegou-se a enviar telegrama oficial nesse sentido.Quintino Bocaiuva e o barão de Jaceguai mandaram um mensageiro a Deodoro, para informar-lhe que o novo primeiro-ministro, escolhido pelo Imperador, seria Gaspar Silveira Martins,
correligionário liberal do visconde deposto e político gaúcho com quem o
Marechal não se dava por conta de terem disputado o amor da mesma
mulher na juventude[7]. Assim, foi Deodoro convencido a derrubar o regime.
Pelas três horas da tarde, reunidos alguns republicanos e vereadores na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
foi lavrada uma ata, sob os auspícios de José do Patrocínio, o qual,
líder abolicionista e homem de imprensa, fora um dos mentores da Guarda
Negra e jurara defender a pessoa da subscritora da LEI ÁUREA e
garantir-lhe o trono (num de seus atos típicos de súbita mudança de
posição), declarando solenemente proclamada a República no Brasil, que
foi levada ao Marechal Deodoro.
À noite do dia 15, o Imperador encarregou o conselheiro José Antônio Saraiva
de presidir o novo ministério. O novo Presidente do Conselho de
Ministros (do Partido Conservador - o mesmo de Deodoro) dirigiu-se por
escrito ao Marechal, comunicando-lhe a decisão do Imperador, ao que
respondeu Deodoro que já havia concordado em assinar os primeiros atos
que estabeleciam o regime republicano e federativo.
Diante da recusa do Imperador em reagir militarmente para
sufocar o golpe, como instavam a Princesa Izabel e o seu consorte, o
Conde D'Eu, fez a República no Brasil, diante da surpresa generalizada
do êxito da quartelada.[7
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