quarta-feira, 16 de março de 2011

MARX VIVE - AS HOMENAGENS PELOS 128 ANOS DE SUA MORTE

E um dia há de se modificar!!






Pinçado do Blog do Miro.






segunda-feira, 14 de março de 2011

Engels fala sobre a obra imortal de Marx
Reproduzo homanegam prestada pelo sítio Carta Maior:

No dia 14 de março de 1883, em Londres, morreu Karl Marx, aos 64 anos. Economista, historiador, sociólogo, filósofo e jornalista, Marx é um destes autores que não podem ser enquadrados em apenas uma área do conhecimento humano. O autor de "O Capital" apresentou ao mundo um estudo aprofundado sobre as origens e a lógica de desenvolvimento do capitalismo. Autor fundador da esquerda moderna, Marx já foi condenado ao esquecimento algumas vezes, mas as repetidas crises do capitalismo sempre renovam o interesse por sua obra.

Neste dia, lembramos sua obra e seu legado publicando o discurso proferido por seu companheiro de reflexão e de militância Friedrich Engels, durante o funeral de Marx (publicado pelo Diário da Liberdade e pelo Portal Luta de Classes, a partir de texto do Arquivo Marxista na Internet):

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Discurso de Engels no funeral de Marx

"Em 14 de março, quando faltam 15 minutos para as 3 horas da tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por escassos dois minutos, e sucedeu de encontramos ele em sua poltrona dormindo serenamente — dessa vez para sempre.

O que o proletariado militante da Europa e da América, o que a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo evidenciará-se a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.

Assim como Darwin em relação a lei do desenvolvimento dos organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de poderem praticar a política, ciência, arte, religião, etc.; que portanto a produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de um povo ou de uma época constitui o fundamento a parir do qual as instituições políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do povo em questão se desenvolve, na ordem em elas devem ser explicadas – e não ao contrário como nós até então fazíamos.

Isso não é tudo. Marx descobriu também a lei específica que governa o presente modo de produção capitalista e a sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia iluminaram-se subitamente esses problemas, enquanto que todas as investigações passadas, tanto dos economistas burgueses quanto dos críticos socialistas, perderam-se na obscuridade.

Duas descobertas tais deviam a uma vida bastar. Já é feliz aquele que faz somente uma delas. Mas em cada área isolada que Marx conduzia pesquisa, e estas pesquisas eram feitas em muitas áreas, nunca superficialmente, em cada área, inclusive na matemática, ele fez descobertas singulares.

Tal era o homem de ciência. Mas isso não era nem de perto a metade do homem. A ciência era para Marx um impulso histórico, uma força revolucionária. Por muito que ele podia ficar claramente contente com um novo conhecimento em alguma ciência teórica, cuja utilização prática talvez ainda não se revelasse – um tipo inteiramente diferente de contentamento ele experimentava, quando tratava-se de um conhecimento que exercia imediatamente uma mudança na indústria, e no desenvolvimento histórica em geral. Assim por exemplo ele acompanhava meticulosamente os avanços de pesquisa na área de eletricidade, e recentemente ainda aquelas de Marc Deprez.

Pois Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida. O conflito era seu elemento. E ele combateu com uma paixão, com uma obstinação, com um êxito, como poucos tiveram. Seu trabalho no 'Rheinische Zeitung' (1842), no parisiense 'Vorwärts' (1844), no 'Brüsseler Deutsche Zeitung' (1847), no 'Neue Rheinische Zeitung' (1848-9), no 'New York Tribune' (1852-61) – junto com um grande volume de panfletos de luta, trabalho em organização de Paris, Bruxelas e Londres, e por fim a criação da grande Associação Internacional de Trabalhadores coroando o conjunto – em verdade, isso tudo era de novo um resultado que deixaria orgulhoso seu criador, ainda que não tivesse feito mais nada.

E por isso era Marx o mais odiado e mais caluniado homem de seu tempo. Governantes, absolutistas ou republicanos, exilavam-no. Burgueses, conservadores ou ultra-democratas, competiam em caluniar-lhe. Ele desvencilhava-se de tudo isso como se fosse uma teia de aranha, ignorava, só respondia quando era máxima a necessidade. E ele faleceu reverenciado, amado, pranteado por milhões de companheiros trabalhadores revolucionários – das minas da Sibéria, em toda parte da Europa e América, até a Califórnia – e eu me atrevo a dizer: ainda que ele tenha tido vários adversários, dificilmente teve algum inimigo pessoal.

Seu nome atravessará os séculos, bem como sua obra!"




Os 128 anos da morte de Karl Marx

Reproduzo artigo de Renato Rabelo, publicado em seu blog:

Em livro publicado no início deste ano pela editora Little, Brown na Inglaterra, sob o título de “Como mudar o mundo” (How to Change de World) o escritor marxista Eric Hobsbawm recupera - logo em seu primeiro capítulo (Marx, Hoje) – um evento chamado Semana Judaica do Livro realizada em 2007, em Londres, duas semanas antes do dia em que se lembra a morte de Karl Marx, em 14 de março. O tal evento ficava bem perto de onde se localiza a área da capital londrina mais associada à vida do fundador do marxismo: o chamado Round Reading Room (a sala de leitura principal) do Museu Britânico, situado na Great Russell St.

Naquela ocasião, dois diferentes pensadores – Jacques Attali e o próprio Hobsbawm – foram convidados a fazer uma homenagem póstuma em memória de Marx. Em seu texto, o autor argumenta que não se poderia dizer que Marx havia sido coberto de insucessos em 1883, pois seus escritos começavam a causar impacto na Alemanha e especialmente entre os intelectuais russos da época, além de galvanizar um movimento social liderado por seus discípulos que estava em curso no ambiente sindical e trabalhista alemão.

Mas, de fato, havia pouco material disponível que revelasse o trabalho de toda uma vida. Ele escrevera alguns textos brilhantes e o tronco principal de sua mais importante obra, O Capital, texto sobre o qual dedicara os últimos dez anos de sua vida, enfrentando grandes dificuldades. “Que obras?”, perguntou Marx de forma ácida quando um visitante o questionara a respeito de seus trabalhos... relembrou Hobsbawm em sua palestra. O esforço político organizativo mais significativo de Marx desde a débâcle da revolução de 1848, a então chamada Primeira Internacional de 1864—73, havia se desfeito. Além disso, ele não conseguira alcançar uma posição de destaque na vida política e intelectual da Inglaterra, onde havia vivido quase metade de sua vida, como exilado.

E apesar de tudo isso, disse Hobsbawm, que extraordinário sucesso póstumo! Após vinte e cinco anos de sua morte os partidos políticos das classes trabalhadoras européias fundados em seu nome – ou que se diziam inspirados por Marx – conquistaram de 15 a 47% dos votos nos países que adotavam eleições democráticas – com a única exceção da Inglaterra. Depois de 1918, continuou ele, a maior parte destes partidos se tornou partícipe de governos, não apenas partidos de oposição, e permaneceram como tais mesmo após o fim do fascismo, apesar de que muitos deles ansiarem por renegar sua origem... Todos eles ainda mantêm sua organização em funcionamento.

Neste meio tempo, discípulos de Marx criaram grupos revolucionários em países não-democráticos e no terceiro mundo. Passados setenta anos da morte de Marx, um terço da humanidade vivia sob regimes comandados por partidos comunistas que se propunham representar as ideias e aspirações marxistas. Deste terço do planeta, hoje pelo menos 20% ainda se declara socialista, apesar de que os partidos no poder, com algumas exceções, tenham dramaticamente alterado suas políticas – no entendimento de Hobsbawm. Em resumo, diz ele, se algum pensador deixou sua marca indelével no século XX, esta figura foi Marx.

Percorrendo as ruelas do cemitério de Highgate, onde estão depositados os restos mortais de dois filósofos do século dezenove – Karl Marx e Herbert Spencer – nota-se que curiosamente eles estão colocados frente a frente. Quando ambos estavam vivos, Herbert era conhecido como o Aristóteles da sua época, e Karl um sujeito que vivia na periferia de Hampstead à custa dos recursos de um amigo seu... Hoje em dia ninguém sabe que Spencer está enterrado lá, enquanto peregrinos do Japão e da Índia visitam o túmulo de Karl Marx e exilados comunistas iranianos e iraquianos insistem em serem queimados sob sua memória.

Hobsbawn relativiza a pesquisa realizada entre os ouvintes e telespectadores da BBC, a rede pública de informação britânica, que colocou Karl Marx como o maior filósofo de todos os tempos, mas lembrou em seu arrazoado que se colocarmos o nome de Marx na ferramenta de busca do Google, ele permanece com o maior número de referências, apenas superado por Darwin e Einstein, mas muito à frente de Adam Smith e Freud.

O autor do livro lançado, ainda sem tradução para o português, lembrou naquele ato que o grande interesse na obra de Marx, de forma contraditória, ganhou grande impulso recentemente com o desencadeamento da grande crise econômica e financeira a partir do epicentro nos Estados Unidos. Contou, então, que encontrara com George Soros e que este lhe havia perguntado o que pensava sobre Karl Marx. Ao que Hobsbawm – sabedor das profundas diferenças de visão entre ambos – verbalizou uma resposta ambígua qualquer. Soros acabou dizendo, em seguida, que “há 150 anos aquele homem descobriu algo sobre o capitalismo que precisamos levar em conta atualmente”. Logo depois deste fato, Hobsbawm começou a perceber um número crescente de intelectuais que nunca haviam se apresentado como de esquerda fazer referências às obras marxistas. Como Jacques Attali, seu companheiro de seminário naquele dia, autor de obra sobre a vida e o estudo desenvolvido por Marx.

Por fim, Hobsbawm lembrou que o jornal conservador inglês Financial Times, de outubro de 2008, estampou na primeira página o título: Capitalismo em convulsão, não restara dúvidas que Marx voltava à cena pública. Enquanto o capitalismo atravessa uma de suas piores crises desde a década de 1930, ele provoca o reaparecimento de seu pensamento. Por outro lado, segundo o autor, o Marx do século XXI será, certamente, bem diferente do Marx do século XX.

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