Foto: Clã dos Fernandes/Medeiros. Em baixo:Jussara, Eró. Jussarinha, Izolda, Lilina e Dadade Atráz:Lucas, Kalen, Vilma, Ivone e Janaina.
Aos
Meus Filhos
Não gosto muito de
falar disso, mas é bom que meus filhos saibam, que eles são frutos do projeto
generoso das esquerdas, mas particularmente, dos comunistas do Brasil. Explico.
No início dos anos 70, conheci a mãe de vocês (Eró) em circunstâncias muito
adversas. Havia uma ditadura no Brasil e a tia de vocês Izolda, havia sido
presa e incursa na Lei de Segurança Nacional, apenas por ter distribuído uns
panfletos na porta da fábrica Guararapes de confecções (onde hoje é o shopping
Midway Mall), em Natal, contra o governo ditatorial. Naquele tempo, falar mal
do governo, dava cadeia e tortura, não era essa moleza de hoje, que achincalham
a nossa presidente, até com palavras de baixo calão, não respeitando, sequer,
sua condição de mulher, mãe e avó.
Pois bem, naquela
época, eu e Izolda militávamos no PCBR (Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário), do patriota Apolônio de Carvalho, que seria um dos fundadores
do PT na redemocratização. Com ela presa na penitenciária João Chaves, que
ficava nas imediações de onde hoje mora a Dadade, nós íamos visitá-la no
domingo. D. Ritinha, sua mãe, Eró, eu o Silton, entre outros. Andávamos a pé,
de Igapó a penitenciária, pois naquela época a estrada era de barro e não havia
transporte até lá. Era uma caminhada penosa para uma senhora de idade como
D.Ritinha. Porém, o mais penoso, era passar pelo constrangimento das revistas
que os carcereiros faziam nas pessoas apalpando as partes íntimas das mulheres.
Isso era um suplício para D. Ritinha, já sexagenária. A Eró achava que a Izolda
não devia ter tido o “direito” de fazer isso com a mãe dela e todos na família
a recriminavam. Recriminavam a pessoa física da Izolda, por subversiva, mas
tinham uma certa indulgência com regime político capaz de tantas atrocidades,
como as que fizeram com milhares de brasileiros, inclusive, a presidente Dilma
Roussef, igualmente, presa, torturada e sentenciada por Tribunal Militar, de
exceção.
Nessas idas e vindas
para a penitenciária, pintou um namoro entre eu e Eró e entre Silton e Izolda.
Eu casei com Eró, Silton foi assassinado, sob torturas, pela ditadura e Izolda
foi para o Peru, onde constituiu família no exílio, nascendo de seu casamento
com Oscar Huaranga, Jussara e Ernesto. Casei com Eró em 1975, vocês nasceram em
76 e 78, já na transição da ditadura para a democracia, e já pegaram um país
melhor e também puderam exercer, desde cedo, suas cidadanias. Eu só fui votar
para Governador aos 34 anos e para presidente aos 48 anos. Eleger Presidente da
República diretamente foi só a partir de 1989.
Hoje, eu e Izolda,
somos avós. Eu tenho apenas um neto e poucas cicatrizes da ditadura. Ela tem
muitas cicatrizes e seis netos, uma proeza e uma lição de vida, para quem foi
uma sobrevivente como a Dilma.
Digo tudo isso porque me sinto no dever e na
obrigação de alertar meus filhos e minha família sobre suas escolhas políticas
num momento tão decisivo para o Brasil. Podem votar no Aécio, se quiserem.
Saibam, porém, que essa decisão, é até um desrespeito e uma desconsideração
pela nossa trajetória de vida. NENHUM VOTO PARA AÉCIO. VAMOS COM DILMA 13
Essa é a orientação
para os “clãs” dos FERNANDES/MEDEIROS/ALVES/ OLIVEIRA
Marcos Inácio Fernandes.
Um comentário:
É... o trabalho foi árduo para quem tentou fazer uma oposição à essa ditadura sanguinária, jogou até a família contra ele. Sou primo de Silton, mas nem ao menos cheguei a conhecê-lo (tenho apenas 15 anos), mas tenho muita admiração pelo caminho que seguiu, infelizmente resultando nesse triste fim. Mas, deixaram uma herança grande para a esquerda brasileira: que não podemos deixar de lutar pela interesses da pátria.
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