sábado, 11 de outubro de 2014

MEU ARTIGO NO PÁGINA 20


Mudanças… Que mudanças!

O candidato Aécio Neves diz que há um sentimento de MUDANÇAS na sociedade brasileira, que foram manifestadas nos protestos de junho de 2013 e que agora foram expressas nas urnas nessas eleições recentes de 2014. Como diria o ator daquele quadro humorístico: há controvérsias! Ele refutava tudo o que parecia natural e uma verdade absoluta. É o que pretendo fazer agora em relação a esse “sentimento de mudança”.
A primeira consideração é que a “mudança” tanto pode ser para melhor como para pior. Nesse sentido e, na minha avaliação, o candidato Aécio, tem certa razão quando diz que ele personifica a “mudança”, só que uma mudança para pior. Um retorno a política neoliberal, que provocou no mundo a crise de 2008, a maior do capitalismo desde 1929, onde, mais uma vez o ESTADO saiu em socorro do MERCADO salvando seus capitalistas e penalizando os trabalhadores com o desemprego, que é a pior tragédia para a classe operária.
No Brasil, que apresenta uma das menores taxas de desemprego do mundo (em torno de5%) só foi possível graças as políticas anticíclicas de Lula e Dilma, com o Estado investindo em infraestrutura, ampliando o crédito, desonerando as atividades produtivas, entre outras medidas. A crise nos atingiu,(crescimento baixo), mas foi como uma “marolinha”, como disse o Lula, e não como o tsunami, que ainda assola Europa e Estados Unidos.
A segunda consideração é sobre o veredicto das URNAS. Elas disseram que Aécio ficou em 3º lugar, com 34.987.196 (24,50%) dos votos. Ele perdeu para as abstenções e votos nulos e brancos, que totalizaram 38.797.267 (27,17%), fenômeno, que não deixa de ser, muito preocupante para a democracia e a cidadania. Na verdade, quem passou para o 2º turno, foi a Dilma, com 49.267.438 (30,29%) e NINGUÉM (27,17%), como já demonstramos. O PT e o bloco de apoio a Dilma elegeu 304 Deputados Federais e 40 Senadores, enquanto, que o PSDB e a base do Aécio Neves, só elegeu 130 deputados Federais e 20 Senadores.
Ademais, as urnas elegeram o Congresso mais conservador, desde a redemocratização. O PT perdeu 10 parlamentares, mas ainda é a maior bancada (70 deputados) e, provavelmente, fará o Presidente da Câmara.
A bancada sindical, ligada aos trabalhadores, refluiu de 83 para 46 deputados, enquanto a bancada empresarial, conta com 190 deputados; a “bancada da bala”, com representantes de militares, policiais e outros organismos de segurança, que são contra o Estatuto do Desarmamento, a favor da redução da Maioridade Penal e de leis mais rígidas, conta com 55 deputados, inclusive, com o nosso major Rocha. Eles estão legitimados por uma avalanche de votos: Jair Bolsonaro (PP-RJ) com 464.418 votos, sendo o mais votado no Rio de Janeiro; o coronel PM do DF, Alberto Fraga (DEM-DF), com 155.056 votos: Moroni Torgan (DEM-CE), com 277.774 votos, o mais votado no Ceará. Ainda tem a “bancada dos evangélicos”, com 52 deputados, lideradas pelo Marcos Feliciano (PSC-SP), que teve quase 500 mil votos; e a “bancada ruralista”,com 257 deputados. Se serve de consolo, a bancada das mulheres, aumentou em 10%, era de 46 e passou para 51 deputadas. Quer dizer: houve, de fato,uma mudança. Mudança para pior e muito pior.
A terceira consideração sobre as “mudanças” é o caso de São Paulo. No Estado que é governado há 20 anos, pelos tucanos, com escândalos sucessivos, desde Mário Covas, (Trensalão, metrô, pedágios e tantos outros) e agora faltando água, elegeram o Geraldo, logo no 1º turno. É bom lembrar que a polícia de São Paulo, do Geraldo, foi a grande responsável pelo acirramento dos protestos de junho quando, violentamente, reprimiu o Movimento do Passe Livre-MPL, na sua 1ª mobilização em São Paulo. Depois daquilo, foi o estopim que se viu por todo o Brasil. Interessante ressaltar, que os tucanos falam tanto em revezamento no poder e, em São Paulo, estão aboletados nele há duas décadas, blindados por uma imprensa que não mostra suas mazelas.
As mudanças positivas também aconteceram e, são expressivas. Cito a de Minas Gerais, onde Aécio Neves foi Governador por duas vezes, fez o governador, diz que fez um “Choque de Gestão” e teve agora uma derrota retumbante nas urnas. Perdeu para Dilma e perdeu o governo, logo no 1º turno. A segunda foi a derrota da oligarquia Sarney, no Maranhão por um comunista do PC do B, Flávio Dino. Ela sinaliza para o fim de um ciclo dos “coronéis do nordeste”. Agora só está faltando o povo derrubar o clã dos Alves, Maias e Rosados, no meu Estado, o Rio Grande do Norte. Espero que ela comece acontecer agora no 2º turno, no RN, onde um dos Alves (Henrique Eduardo Alves), vai concorrer.

Marcos Inácio Fernandes * – * Professor aposentado da Ufac e militante do PT



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