quarta-feira, 15 de outubro de 2014

MEU 1º E MEU ÚLTIMO ARTIGO SOBRE A MARINA.




A Estrela Cai
(Perdeu Perdendo)
*Marcos Inácio Fernandes

“Ninguém pode escapar de suas escolhas” (Sandra – personagem do filme: Dois dias, uma noite.)

Comecei a escrever e publicar meus artigos sobre a Marina desde os anos 90. Meu 1ª artigo  falando dela foi “A Estrela Sobe”, publicado em 11/10/90, quando ele se elegeu para Deputada Estadual, sendo a mais votada, pelo PT do Acre. Esse artigo mereceu até um elogio do decano dos jornalistas do Acre, José Chalub Leite, que me encheu de orgulho. Depois escrevi: “Marina Não É Importante”(que muitos só foram entender o título, quando leram o artigo); quando ela completou 50 anos, comemorei a data com outro artigo: “Bodas de Sangue”. Então ela rompeu com o nosso projeto e abandonou o PT e eu passei a criticar suas atitudes, sempre de forma leal e respeitosa. Escrevi nas eleições de 2010, “A Direita Veste Verde” (22-10-2010) e “Desembarcando da Atualidade” (08-11-2010), criticando seus posicionamentos políticos naquelas eleições.
Agora, mais recentemente, escrevi e publiquei, “Marina Tecendo o Plano C de Sua Rede” e  “A Volta da Dupla Militância”, abordando, entre outras coisas, sua ida para o PSB. Guardo todos esse artigos e outros textos e “santinhos” da Marina, com muito carinho. Esse artigo é o último que faço sobre ela e, com ele, fecha-se um ciclo, na minha vida pessoal e política, que vai da admiração a desilusão e o desalento.
Tenho um amigo do PT, que me disse outro dia, que ainda tem esperança de encontrar com a Marina, cara a cara, e dizer: “Marina eu me arrependo dos votos que dei em você”. Ele expressava uma raiva grande, que é uma coisa que eu não tenho, mesmo porque, não me arrependo dos votos que já dei na Marina. Ela me representou bem na Câmara Municipal de Rio Branco, na Assembléia Estadual e representou bem o Acre no Senado Federal. Entretanto, com a sua decisão de levar água para o moinho da direita, apoiando o PSDB, meu sentimento em relação a Marina, considero pior do que a raiva.  O meu sentimento pessoal é o de  pena.
Eu não votei na Marina, nem em 2010 e nem agora, mas eu torcia que ela fosse para o 2º turno com a Dilma nessas eleições e realmente quebrasse a polarização entre PT e PSDB, que ela falava tanto. Mas ela perdeu e, pior, perdeu perdendo, quando se alia a um projeto, que ela sempre combateu.
Marina perdeu o ativo maior que uma pessoa e um político pode ter – sua credibilidade; perdeu seu discurso da “nova política”; perdeu sua coerência; perdeu suas raízes e perdeu seu rumo. Renegou sua história.
Guardo um texto que a Marina escreveu quando era Senadora, que retratava a conjuntura política do Acre na época. É um texto muito bonito, cujo título é: “A Cor da Paz e o Uso do Perdão” Pinço um trecho: “...Quem usa medidas rigorosas na defesa do patrimônio público, é acusado de perseguidor. Quem desviou verbas, sonegou impostos (ou seja, roubou a sociedade) pede esquecimento, com base no perdão espiritual. Paz e perdão não foram feitos para jogar falcatruas para baixo do tapete; não foram feitos para entregar a chave do poder público a quem mostrou que não tem condições morais para exercê-lo. Não foram feitos para perpetuar a impunidade,”
Os novos aliados da Marina, fizeram e fazem tudo isso que ela dizia que não merecia perdão. Desviaram verbas, sonegam impostos, roubaram da sociedade e jogaram todas essas falcatruas prá debaixo do tapete. O candidato que ela vai apoiar, Aécio Neves, não tem condições morais para exercer a Presidência. Ele representa o que há de pior na velha política, que a Marina dizia combater. Ele que não se submeteu a um simples exame de bafômetro, ousa se submeter a escolha do povo brasileiro nas urnas. E o nosso povo, através da sua soberania, há de fazer o exame do Aécio nas urnas, como já fez em Minas e o reprovou. Sobrou álcool e faltou votos.
Eu tenho um amigo que diz: “Quem é comunista, nunca deixa. Quem deixa, é porque nunca foi.” E João Saldanha dizia: “não tem ninguém mais mau-caráter, do que um ex-comunista” Marina, que começou sua trajetória política no Partido Comunista Revolucionário, entra agora, para a galeria dos ex-comunistas Carlos Lacerda, Ferreira Gulart e Roberto Freire. Uma galeria que nos envergonha.
Tem um brocado popular aqui no norte que diz: “tanto cai como derruba os outros.”   Ele se presta como uma analogia perfeita para explicar a nova postura da Marina.  Ela tanto cai como derruba os outros. Caiu em 2010 e derrubou o PV, caiu na regularização da sua rede, caiu agora em 2014 e derrubou o PSB e vai cair de novo e derrubar o PSDB. Dá pena!
 Prometo Marina, que está será a última vez, que falo de você. Não irei gastar vela com defunto ruim, como se diz no nordeste. Quero apenas assistir, contristado, o desfecho do seu velório político. Pessoalmente, quero lhe desejar vida longa, para que o tempo, senhor da razão, se encarregue de dizer se você fez, ou não, uma boa escolha.

*Marcos Inácio Fernandes, é professor aposentado da UFAC e militante do PT.

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