A Estrela Cai
(Perdeu Perdendo)
*Marcos
Inácio Fernandes
“Ninguém
pode escapar de suas escolhas” (Sandra – personagem
do filme: Dois dias, uma noite.)
Comecei
a escrever e publicar meus artigos sobre a Marina desde os anos 90. Meu 1ª
artigo falando dela foi “A Estrela Sobe”, publicado em 11/10/90, quando ele se elegeu
para Deputada Estadual, sendo a mais votada, pelo PT do Acre. Esse artigo
mereceu até um elogio do decano dos jornalistas do Acre, José Chalub Leite, que
me encheu de orgulho. Depois escrevi: “Marina
Não É Importante”(que muitos só foram entender o título, quando leram o
artigo); quando ela completou 50 anos, comemorei a data com outro artigo: “Bodas de Sangue”. Então ela rompeu
com o nosso projeto e abandonou o PT e eu passei a criticar suas atitudes,
sempre de forma leal e respeitosa. Escrevi nas eleições de 2010, “A Direita Veste Verde” (22-10-2010)
e “Desembarcando da Atualidade”
(08-11-2010), criticando seus posicionamentos políticos naquelas eleições.
Agora,
mais recentemente, escrevi e publiquei, “Marina
Tecendo o Plano C de Sua Rede” e “A Volta da Dupla Militância”,
abordando, entre outras coisas, sua ida para o PSB. Guardo todos esse artigos e
outros textos e “santinhos” da Marina, com muito carinho. Esse artigo é o
último que faço sobre ela e, com ele, fecha-se um ciclo, na minha vida pessoal
e política, que vai da admiração a desilusão e o desalento.
Tenho
um amigo do PT, que me disse outro dia, que ainda tem esperança de encontrar
com a Marina, cara a cara, e dizer: “Marina eu me arrependo dos votos que dei
em você”. Ele expressava uma raiva grande, que é uma coisa que eu não tenho,
mesmo porque, não me arrependo dos votos que já dei na Marina. Ela me
representou bem na Câmara Municipal de Rio Branco, na Assembléia Estadual e
representou bem o Acre no Senado Federal. Entretanto, com a sua decisão de
levar água para o moinho da direita, apoiando o PSDB, meu sentimento em relação
a Marina, considero pior do que a raiva.
O meu sentimento pessoal é o de
pena.
Eu
não votei na Marina, nem em 2010 e nem agora, mas eu torcia que ela fosse para
o 2º turno com a Dilma nessas eleições e realmente quebrasse a polarização
entre PT e PSDB, que ela falava tanto. Mas ela perdeu e, pior, perdeu perdendo,
quando se alia a um projeto, que ela sempre combateu.
Marina
perdeu o ativo maior que uma pessoa e um político pode ter – sua credibilidade;
perdeu seu discurso da “nova política”; perdeu sua coerência; perdeu suas
raízes e perdeu seu rumo. Renegou sua história.
Guardo
um texto que a Marina escreveu quando era Senadora, que retratava a conjuntura
política do Acre na época. É um texto muito bonito, cujo título é: “A Cor da Paz e o Uso do Perdão” Pinço
um trecho: “...Quem usa medidas rigorosas na defesa do patrimônio público, é
acusado de perseguidor. Quem desviou verbas, sonegou impostos (ou seja, roubou
a sociedade) pede esquecimento, com base no perdão espiritual. Paz e perdão não
foram feitos para jogar falcatruas para baixo do tapete; não foram feitos para
entregar a chave do poder público a quem mostrou que não tem condições morais
para exercê-lo. Não foram feitos para perpetuar a impunidade,”
Os
novos aliados da Marina, fizeram e fazem tudo isso que ela dizia que não
merecia perdão. Desviaram verbas, sonegam impostos, roubaram da sociedade e
jogaram todas essas falcatruas prá debaixo do tapete. O candidato que ela vai
apoiar, Aécio Neves, não tem condições morais para exercer a Presidência. Ele representa
o que há de pior na velha política, que a Marina dizia combater. Ele que não se
submeteu a um simples exame de bafômetro, ousa se submeter a escolha do povo
brasileiro nas urnas. E o nosso povo, através da sua soberania, há de fazer o
exame do Aécio nas urnas, como já fez em Minas e o reprovou. Sobrou álcool e
faltou votos.
Eu
tenho um amigo que diz: “Quem é comunista, nunca deixa. Quem deixa, é porque
nunca foi.” E João Saldanha dizia: “não tem ninguém mais mau-caráter, do que um
ex-comunista” Marina, que começou sua trajetória política no Partido Comunista
Revolucionário, entra agora, para a galeria dos ex-comunistas Carlos Lacerda,
Ferreira Gulart e Roberto Freire. Uma galeria que nos envergonha.
Tem
um brocado popular aqui no norte que diz:
“tanto cai como derruba os outros.” Ele se presta como uma analogia perfeita para
explicar a nova postura da Marina. Ela
tanto cai como derruba os outros. Caiu em 2010 e derrubou o PV, caiu na
regularização da sua rede, caiu agora em 2014 e derrubou o PSB e vai cair de
novo e derrubar o PSDB. Dá pena!
Prometo Marina, que está será a última vez,
que falo de você. Não irei gastar vela com defunto ruim, como se diz no
nordeste. Quero apenas assistir, contristado, o desfecho do seu velório
político. Pessoalmente, quero lhe desejar vida longa, para que o tempo, senhor
da razão, se encarregue de dizer se você fez, ou não, uma boa escolha.
*Marcos
Inácio Fernandes, é professor aposentado da UFAC e militante do PT.
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