Escuta revela que Demóstenes encomendou a Cachoeira cinco garrafas de Cheval Blanc, safra 1947; no Brasil a unidade custa cerca de R$ 30 mil
Alana Rizzo e Fábio Fabrini, BRASÍLIA
Apesar de declarar ser dono de um patrimônio pessoal modesto, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) esbanjava nos gastos com vinhos caríssimos. Dono de uma das adegas mais invejadas de Brasília, o senador encomendou ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, cinco garrafas de Cheval Blanc, safra 1947, tido como um dos melhores vinhos do mundo.
A compra aparece em escutas autorizadas feitas pela Polícia Federal, às quais o Estado teve acesso, dentro das investigações da Operação Monte Carlo. A aquisição foi realizada em agosto do ano passado e chama a atenção pelo seu alto valor. No Brasil, cada garrafa custa o equivalente a R$ 30 mil. Mas o esquema de Cachoeira conseguiu uma “pechincha” e comprou as cinco garrafas por aproximadamente US$ 15 mil (cerca de R$ 28,2 mil).
Se não bastasse o custo elevado da compra, o pagamento revela mais uma vez a relação de grande intimidade do senador com Carlinhos Cachoeira. O pagamento, a pedido de Demóstenes, foi feito no cartão “do nosso amigo aí”, referindo-se ao contraventor.
Nos EUA. Segundo as escutas feitas pela Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira pede a um de seus assessores que encontre o vinho que Demóstenes quer em uma loja nos Estados Unidos.
Gleyb Ferreira da Cruz, um dos principais auxiliares do contraventor, obedece às ordens do chefe e localiza cinco garrafas do Cheval Blanc. O preço mostra o padrão do gosto do senador. Duas das garrafas saem por US$ 2.950 e outra três por US$ 2.750. Gleyb liga para Demóstenes e avisa que encontrou cinco garrafas do vinho. Três delas estavam com o rótulo estragado.
“Compra tudo”, ordena Demóstenes. “Nada a ver”, diz ele sobre o problema nos rótulos. “Mete o pau”, afirma. “Para muitos, é o melhor vinho do mundo de todos os tempos”, sentencia o senador.
“Manda trazer. Passa o cartão do nosso amigo. Depois a gente vê”, avisa, instruindo que o cartão de crédito de Carlinhos Cachoeira fosse utilizado para fazer a aquisição. ‘Sem noção’. A compra chegou a chocar até mesmo os outros integrantes da organização criminosa.
Em outra conversa gravada, agora com Geovani Pereira, espécie de tesoureiro do grupo e que continua foragido, Gleyb Ferreira da Cruz comenta a “falta de noção” do preço dos vinhos. “Esse povo tá ficando louco”, diz Gleyb. “Sem noção”, responde Geovani, aparentando surpresa. “Era 14 e pouco e ainda tirei mais 400”, conta Gleyb se gabando do “desconto” conseguido. “Uma garrafa custa isso?”, reage surpreso Geovani. “Cada garrafa custa R$ 30 mil aqui”, dispara Gleyb.
Postado por APOSENTADO INVOCADO 1 às 18:18 2 comentários Links para esta postagem
Comento: e tudo as nossa custas (MIF)
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