domingo, 13 de julho de 2008

A POESIA DA SEMANA



O PÃO DO POVO
O pão do povo é a justiça.
Escasso as vêzes, abundante às vêzes.
Às vêzes tem gosto bom, as vêzes é de mau gosto.
Quando escasseia opão, campeia a fome;
Quando tem mau gôsto o pão, campeia a insatisfação.

Fora com a má justiça,
cozinhada sem gôsto, amassada sem arte:
Justiça sem tempêro de casca pardacenta
Ou justiça dormida que vem tarde demais!

Quando o pão é bom e farto,
tudo mais no banquete pode ser dispensado.
Não pode haver a mesma porção de tudo:
Com o pão da justiça alimentado,
pode cumprir-se o trabalho
Do qual resulta a fartura.

Tão necessária quanto o pão de cada dia,
É necessária a justiça de cada dia:
Sim, que ela é necessária várias vêzes por dia.

Desde cedo até tarde, no trabalho como na diversão,
No trabalho que é também diversão,
Nos momentos difíceis ou alegres,
o povo necessita do saudável e rico
Pão da justiça de cada dia.

Pois sendo o pão da justiça tão importante,
Quem deve, amigos, fazêlo?
Quem é que faz o outro pão?

Assim como o outro pão,
Deve ser o pão da justiça
Ser feito pelo povo
- Saudável, abundante,cada dia.

Bertolt Brechet (1898 - 1956)

P.S Poesia dedicada ao Ministro do STF, Gilmar Mendes.

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