quarta-feira, 6 de agosto de 2014

UM MONSTRO NO CITY TOUR


Uma coisa é ver Paris. Outra e ter Paris. Não no sentido figurado. O sonho de todo o viajante foi realidade para um homem numa manhã do século passado. Em 23 de junho de 1940, depois de conquistar a França, Adolf Hitler fez um tour pela capital. Eram 5 da manhã e ele visitava a cidade pela primeira vez, aos 51 anos.
Os três Mercedes começaram pela Ópera, o exemplo favorito de arquitetura parisiense do ditador. Hitler, um arquiteto e artista plático frustrado, ouvia fascinado as preleções do guia - que recusou a gorjeta no final. O passeio prosseguiu em direção a Madeleine, Champs-Elysées, parando no Trocadero.
Ele não subiu a Torre Eiffel porque as forças francesas cortaram os cabos antes da invasão. A comitiva foi para o Arco do Triunfo e então a Les Invalides, onde o alemão realizou um velho desejo: ver a tumba de Napoleão e prestar tributo ao grande Corso.
Monumentos esplendorosos, como a Place des Vosges, o Louvre, o Palácio da Justiça e a Saint-Chapelle, não o entusiasmaram. Ele voltaria a manifestar emoção, novamente, na Rue de Rivoli. O tour se encerraria na Sacré-Couer, em Montmartre. Cercado de sua entourage, Hitler apreciou o edifício por um longo tempo.
"Paris não é linda?, teria dito a seu arquiteto e amigo Albert Speer. "No passado, pensei frenqüentemente em destruí-la. Mas, quando terminamos Berlim, Paris será só uma sombra." Ele continuaria: "Ver Paris era um sonho da minha vida. Não consigo dizer o quanto estou feliz".
Paris rendeu o demônio que a havia conquistado e, se quisesse, devastado. Se fez isso com ele, como nós poderíamos resistir?

 (Revista Viajem e Turismo  - abril de 2007. Texto de Kiko Nogueira)

Quase no fim da Guerra, quando já se prenunciava a derrocada do Nazismo, Hitler deu uma ordem, ao seu General de ocupação, Dietrich Von Cholitz, que tocasse fogo nos monumentos e nas obras de artes de Paris antes da retirada. O General, felizmente, não cumpriu essa ordem monstruosa. Tal episódio é retratado no filme "Paris Está Em Chamas?" Era a frase que um Hitler, encolerizado, repetia ao telefone ao seu General de ocupação. Um filme que recomendo. (MIF)

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