sábado, 31 de dezembro de 2011
PARA REFLEXÃO.
Ninguém pode voltar e começar de novo. Mas qualquer pessoa pode começar hoje e fazer um novo final. Antes de começar a mudar, você precisa parar de fazer coisas que te seguram, te impedem de seguir em frente.
Algumas idéias para começar.
1. Pare de passar tempo com as pessoas erradas. – A vida é muito curta para que você passe seu tempo com pessoas que sugam sua felicidade. Se alguém quiser que você faça parte da vida dele, esse alguém vai arrumar um espaço para você. Você não deveria ter que lutar por um espaço. Nunca, nunca insista com alguém que continuamente não te valoriza. E lembre-se que seus verdadeiros amigos não são aqueles que ficam ao seu lado quando você está no auge, mas os que ficam ao seu lado quando você está por baixo.
2. Pare de fugir dos seus problemas. – Enfrente-os, de frente. Não, não será fácil. Não há ninguém no mundo capaz de lidar perfeitamente bem com todas as pedras pelo caminho. Você não precisa resolver instantaneamente todos os seus problemas. Não somos assim. Somos feitos para ficar chateados, tristes, machucados, tropeçar e cair. Porque isso é o propósito da vida: enfrentar problemas, aprender, adaptar-se, e solucioná-los ao longo do tempo. Isso é que nos molda como pessoas.
3. Pare de mentir para você mesmo. – Você pode mentir para qualquer pessoa no mundo, mas não pode mentir para si mesmo. Nossas vidas melhoram somente quando nos arriscamos, e o primeiro e mais difícil risco é ser honesto com nós mesmos.
4. Pare de colocar suas necessidades em segundo plano. – É muito doloroso se perder no processo de amar alguém demais, e esquecer que você também é especial. Sim, ajude os outros, mas se ajude também. O melhor momento para seguir sua paixão e fazer algo que importa para você é agora.
5. Pare de tentar ser alguém que você não é. – Um dos grandes desafios da vida é ser você mesmo em um mundo que tenta fazer você ser igual a todos. Alguém sempre será mais bonito, alguém sempre será mais inteligente, alguém sempre será mais jovem, mas ninguém nunca será você. Não mude para que as pessoas gostem de você. Seja você mesmo, e as pessoas certas vão te amar.
6. Pare de se prender ao passado. – Você não pode começar o próximo capítulo da sua vida se você continuar relendo o anterior.
7. Pare de sentir medo de errar. – Fazer algo e errar é no mínimo 10 vezes mais produtivo que não fazer nada. Todo sucesso teve um caminho de fracassos, e todo fracasso te leva na direção do sucesso. Você acaba se arrependendo muito mais das coisas que NÃO fez do que das coisas que fez.
8. Pare de se culpar por erros antigos. – Você pode amar a pessoa errada e chorar pelos motivos errados, mas não importa o quanto as coisas dão errado, uma coisa é certa: erros nos ajudam a encontrar as pessoas e as coisas que são certas para nós. Todos cometemos erros, temos dificuldades, e até nos arrependemos de coisas do passado. Mas você não é seus erros, e você não é suas dificuldades, e você está aqui AGORA com o poder de moldar seu dia e seu futuro. Todas as coisas que já aconteceram na sua vida estão preparando você para um momento que ainda virá.
9. Pare de tentar comprar felicidade. – Muitas das coisas que desejamos são caras. Mas a verdade é que as coisas que realmente nos satisfazem são totalmente grátis: amor, sorrisos, e fazer o que amamos.
10. Pare de depender dos outros para ser feliz. – Se você não está feliz com quem você é por dentro, você não será feliz com ninguém. Você tem que criar estabilidade na sua própria vida antes de dividi-la com outra pessoa .
11. Pare de perder tempo pensando. – Não pense demais, ou você vai criar um problema que nem existia. Avalie as situações e aja. Você não pode mudar o que você se recusa a confrontar. Fazer progresso envolve riscos. Ponto. Você não pode chutar a gol com os dois pés no chão.
12. Pare de achar que você não está pronto. – Ninguém se sente 100% preparado quando aparece uma oportunidade. Porque a maioria das oportunidades incríveis nos força a crescer além da nossa zona de conforto, o que significa que você não vai se sentir totalmente à vontade no começo.
13. Pare de se envolver em relacionamentos pelas razões erradas. – Relacionamentos devem ser escolhidos sabiamente. É melhor estar sozinho que mal acompanhado. Não precisa ter pressa. Se alguma coisa tem que acontecer, vai acontecer – na hora certa, com a pessoa certa, e pelo melhor motivo. Se apaixone quando você estiver pronto, e não quando estiver solitário.
14. Pare de rejeitar novos relacionamentos só porque outros não deram certo. – Na vida você vai perceber que existe um propósito para todas as pessoas que você conhece. Alguns vão testá-lo, outros vão usá-lo e alguns vão te ensinar. Mas o mais importante: alguns vão fazer de você uma pessoa melhor.
15. Pare de competir com os outros. – Não se preocupe sobre outros estarem melhor que você. Concentre-se em bater os seus próprios recordes todos os dias. Sucesso é uma batalha entre você e você mesmo somente.
16. Pare se sentir inveja dos outros. – Inveja é a arte de contar as bênçãos de outras pessoas ao invés das suas. Pergunte-se: “O que EU tenho que os outros gostariam de ter?”
17. Pare de reclamar e sentir pena de si mesmo. – As pedras no caminho estão lá por uma razão – para mudar o seu caminho na direção que é a certa para você. Você pode não ver ou entender tudo na hora que acontece, e pode ser difícil. Mas reflita sobre as dificuldades no seu passado. Você vai ver que, em geral, eventualmente essas dificuldades te levaram a um lugar melhor, a uma pessoa melhor, a um estado de espírito melhor. Então sorria! Faça com que todos saibam que hoje você está muito mais forte que ontem, e você será.
18. Pare de guardar mágoas. – Não viva sua vida com ódio no coração. Você vai acabar se machucando mais do que as pessoas que você odeia. Perdão não é dizer “o que você fez pra mim está ok”. É dizer “não vou deixar o que você fez comigo estragar minha felicidade para sempre”. Perdão é a resposta... deixe passar, encontre a paz, se liberte! E lembre-se que perdão não é só para as outras pessoas, é para você também. E se for preciso, perdoe-se, siga em frente e tente fazer melhor da próxima vez.
19. Pare de deixar os outros te rebaixarem ao nível deles. – Se recuse a abaixar os seus padrões para acomodar aqueles que se recusam a elevar os deles.
20. Pare de se explicar para os outros. – Seus amigos não precisam, e seus inimigos não vão acreditar em você de qualquer jeito. Apenas faça o que seu coração diz que é a coisa certa.
21. Pare de fazer as mesmas coisas o tempo todo sem fazer uma pausa. – A hora de respirar fundo é quando você não tem tempo pra isso. Se você continuar fazendo o que está fazendo, vai continuar recebendo o que está recebendo. Às vezes você precisa se distanciar para ver as coisas com clareza.
22. Pare de deixar de ver a beleza dos pequenos momentos. – Aproveite as pequenas coisas, porque um dia você vai olhar pra trás e descobrir que eram coisas grandes. A melhor porção da sua vida será os pequenos momentos que você passou sorrindo com alguém que é importante para você.
23. Pare de tentar fazer as coisas perfeitas. – O mundo real não premia perfeccionistas, premia pessoas que fazem acontecer.
24. Pare de seguir pelo caminho mais fácil. – A vida não é fácil, principalmente quando você planeja conquistar alguma coisa que vale a pena. Não busque a saída mais fácil. Faça alguma coisa extraordinária.
25. Pare de agir como se estivesse tudo bem se não estiver. – Tudo bem desabar às vezes. Você não precisa fingir que é forte, e não há necessidade de provar constantemente que está tudo bem. Você não deveria se preocupar com o que as outras pessoas pensam também, chore se precisar. É saudável derramar suas lágrimas. Quanto antes você fizer isso, mais cedo você conseguirá sorrir de novo.
26. Pare de culpar os outros por seus problemas. – A medida que você alcançará seus sonhos depende da medida que você toma para si mesmo a responsabilidade por sua vida. Quando você culpa as outras pessoas pelo que você está passando, você nega essa responsabilidade, e dá aos outros o poder sobre aquele aspecto da sua vida.
27. Pare de tentar ser tudo para todo mundo. – Fazer isso é impossível, e tentar vai te esgotar. Mas fazer uma pessoa sorrir PODE mudar o mundo. Talvez não o mundo inteiro, mas o mundo daquela pessoa. Então, reduza seu foco.
28. Pare de se preocupar tanto. – Se preocupar não vai acabar com os problemas de amanhã, vai acabar com as alegrias de hoje. Uma maneira de verificar se alguma coisa vale a pena ficar remoendo, faça a seguinte pergunta: “isso vai importar em um ano? Três anos? Cinco anos?” Se não, não vale a pena ficar sofrendo e se preocupando.
29. Pare de se concentrar no que você não quer que aconteça. – Seu foco deve ser o que você quer que aconteça. Pensamento positivo está no centro de toda grande história de sucesso. Se você acordar todos os dias com o pensamento que alguma coisa maravilhosa vai acontecer hoje, e prestar atenção, normalmente você vai perceber que realmente acontece.
30. Pare de ser mal agradecido. – Não importa quão boa ou ruim sua situação está, acorde todos os dias agradecido por sua vida. Alguém em algum lugar está lutando desesperadamente para viver. Não fique pensando no que você está perdendo, tente pensar no que você tem que tantas outras pessoas não têm.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
CPI DA PRIVATARIA PODE SER A COMISSÃO DA VERDADE DO NEOLIBERALISMO
A mídia ganhou e perdeu em 2011. Agenda de 2012 depende da privataria
Meios de comunicação buscaram impor orientação conservadora ao país. Ganharam, apesar de derrotados nas eleições de 2010. Embate pela agenda política de 2012 passa pelo destino que se dará à CPI da privataria. Ela pode ser uma espécie de “Comissão da verdade” do neoliberalismo. Tudo depende de existir pressão popular.
por Gilberto Maringoni, em Carta Maior
Teste seus conhecimentos e ganhe uma viagem de ida ao Iraque!
Lá vai: a mídia brasileira ganhou ou perdeu politicamente neste ano?
A) Perdeu;
B) Ganhou;
C) Quem perdeu foi o Santos;
D) Todas as anteriores estão corretas;
E) Nenhuma das anteriores está certa. O Santos é um eterno campeão.
Dando um desconto aos santistas, a coisa pode ser vista de duas maneiras.
Os entusiastas do governo marcarão sem dúvida a alternativa “A”. E terão um argumento insofismável, que é mais ou menos o seguinte:
A grande mídia brasileira perdeu em 2010 e em 2011. Em 2010, jogaram todas as fichas na candidatura de José Serra. Manipularam, distorceram e correram riscos. Não deu. Em 2011, fizeram o gigantesco jogo de “vaca amarela”, para abafar o sucesso editorial e político do livro A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr. Se lascaram e ficaram com a ridícula pecha de censores privados.
Opositores à esquerda do governo marcarão “D”. Poderão contra argumentar, num raciocínio menos linear:
A indústria midiática perdeu a batalha eleitoral, mas ganhou politicamente em 2011. Ela conseguiu impor sua agenda quase integralmente ao governo Dilma Rousseff. Perdeu na embalagem, mas ganhou no conteúdo.
É como se a derrota nas urnas tivesse se transformado em uma vitória quando se examina o tipo de governo capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores.
A disputa de agenda
A grande disputa que os meios de comunicação fazem não se restringe a ganhar ou perder uma eleição, a vender mais jornais ou revistas e a aumentar a audiência, o que resulta em maiores receitas publicitárias. Isso já é muita coisa.
Os monopólios da mídia querem mais. Investem para definir a agenda dos debates nacionais, para que os grupos econômicos que os sustentam sigam dominando a situação. Impor os temas mais importantes e influir nas decisões oficiais vale mais do que saber se fulano ou sicrano foi o eleito pelas urnas.
A grande agenda de 2011, logo no início do governo, era definir os rumos da política econômica. Era preciso manter quem ganhou muito nos anos anteriores ganhando mais ainda.
As últimas semanas de 2010 e o início do ano que agora termina foram marcados por saber se o governo daria um fim ao que chamam de “gastança” do governo Lula e se teríamos uma gestão mais “responsável”. E nisso tiveram amplo sucesso.
O editorial principal do jornal O Estado de S. Paulo, de 13 de janeiro de 2011 já dava o tom no noticiário de todos os grandes meios de comunicação nos meses seguintes:
“O governo prepara cortes definitivos no Orçamento de 2011, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao sair de reunião com a presidente Dilma Rousseff, na terça-feira.
(…)
Uma política mais séria a partir de agora será uma condição de segurança para todo o mandato da presidente Dilma Rousseff.
(…)
O ajuste do Orçamento de 2011 será, na melhor hipótese, apenas o começo de uma arrumação muito mais ampla e cada dia mais necessária. A gastança populista esgotou suas possibilidades. A presidente Dilma Rousseff tem de seguir outro rumo”.
Não deu outra. Em 9 de fevereiro, o governo anunciou um corte em suas despesas. O valor do salário mínimo, anunciado em abril, limitou-se a repor perdas inflacionárias, não incorporando nenhum ganho real. E todo o primeiro semestre do ano foi tomado por cinco elevações seguidas nas taxas de juros do Banco Central.
Desenvolvimentismo e PIB zero
Quem esperava um desabrochar da política desenvolvimentista levemente esboçada no segundo mandato do presidente Lula teve a clara sensação de que apesar da vitória eleitoral de Dilma, o programa aplicado era o dos ultraliberais do PSDB.
Ao longo do ano, o ajuste recessivo continuou. Para baixar as taxas de juros em 0,5%, o governo anunciou, em 29 de agosto, a elevação da meta de superávit primário em R$ 10 bilhões, alcançando a fantástica soma de R$ 127,9 bilhões, ou 3,3% do PIB. As sucessivas quedas da taxa de juros no segundo semestre nem de longe reverteram a trombada recessiva das medidas anteriores.
O esforço fiscalista contou ainda com a aprovação da Desvinculação das Receitas Orçamentárias (DRU), no início de dezembro. O mecanismo, como se sabe, faculta ao governo desviar até 20% do orçamento de qualquer área para o pagamento das dívidas financeiras.
A opção ultraliberal não ficou nisso. No meio, houve o anúncio da privatização dos aeroportos mais rentáveis.
Todo o esforço governamental – amplamente apoiado pela grande imprensa – teve seu coroamento na divulgação do crescimento do PIB do terceiro trimestre: zero por cento!
O orçamento do aperto
E o ano termina com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2012, a partir de projeto enviado pelo governo ao Congresso. O gráfico com a divisão de verbas para o orçamento do ano que vem, preparado pelo movimento pela Auditoria Cidadã da dívida pública circula na internet. Quem ainda não viu e deseja tomar contato com os números, basta assessar esse endereço.
Os dados são baseados no relatório final da LDO.
O gráfico fala mais do que mil discursos: o governo petista destina nada menos do que 47,19% de todo o orçamento de 2012 ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Banqueiros e especuladores agradecem tamanha bondade.
Resumo da ópera: a agenda central do país em 2011 foi preenchida pela pauta conservadora e liberal. Exatamente o que os meios de comunicação em uníssono propagaram ao longo do ano.
Privataria embola o jogo
Apesar da agenda do ano que vem já estar em grande parte definida pela aprovação da LDO, ela não está fechada.
O impacto do livro A privataria tucana deu uma embolada no jogo. A mídia, apanhada de surpresa, reagiu de duas maneiras. Primeiro, tentou ignorar o assunto. A repercussão da obra na blogosfera – que se traduziu numa explosão de vendas – não pôde ser contida pela censura corporativa. A segunda reação se deu pela via da desqualificação do autor e do volume.
O que está em questão não é o livro ou as possíveis liberalidades com a coisa pública tomadas por José Serra e seus seguidores. O que está em tela é um dos pilares centrais do modelo neoliberal, a privatização de ativos públicos. Se é para se falar em escândalos, a privatização em si – com os danos estratégicos causados ao país – é muito mais escandalosa que as propinas eventualmente cobradas.
Ao abrir essa caixa Pandora, Amaury Ribeiro Jr. vai muito além do que buscar falcatruas cometidas por uma turma de larápios do patrimônio público. Ele coloca em questão o centro de gravidade do governo FHC e de parte das ações dos governos petistas.
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema será o grande embate dos próximos meses.
Comissão da verdade do neoliberalismo
A CPI da privataria, caso instalada, pode tomar rumos inesperados e inaugurar uma nova agenda para o país. Ela pode se tornar uma espécie de “Comissão da verdade” sobre as ilegalidades cometidas por membros de governo e dirigentes de megacorporações globais, todas anunciantes das grandes empresas de comunicação. Sua viabilidade depende de um clamor nacional, com os setores populares à frente.
Setores do governo, parte da cúpula petista, a chamada “base aliada”, a velha direita (PSDB-DEM-PPS), a mídia, o capital financeiro e seus seguidores devem jogar pesado e de forma articulada para inviabilizar a instalação da Comissão.
Entre tais extremos, há múltiplas nuances. A disputa pela viabilidade da Comissão será briga de cachorro grande. Se ela vingar e conseguir, mesmo que timidamente, colocar em questão o processo de liquidação do Estado, representará uma derrota para os setores neoliberais de alcance internacional. E teremos uma saudável disputa sobre os fundamentos de um novo projeto de desenvolvimento para o país.
Nisso tudo, apenas uma coisa parece certa: todo esse imbróglio será muito mal coberto pela grande mídia nacional.
Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
PRIVATARIA TUCANA - QUANDO O SILÊNCIO É UMA CONFISSÃO
Do sítio Vermelho:
“O silêncio é uma confissão”, dizia Camilo Castelo Branco. A famosa sentença do escritor português é perfeita para caracterizar o comportamento da nossa mídia hegemônica, monopolizada por meia dúzia de famílias capitalistas, em relação às denúncias contidas no livro “A privataria tucana” do jornalista Amaury Ribeiro Jr. O silêncio, constrangido e constrangedor, é a norma neste caso e vale também para a intensa movimentação no Congresso Nacional em torno da criação de uma CPI para investigar o escândalo, que envolve grandes somas de dinheiro do povo desviado criminosamente pelos cardeais do tucanato.
Ghost writer
O silêncio foi quebrado por um ou outro “calunista” da mídia incomodado com as críticas que se multiplicam na internet, exclusivamente para desacreditar a obra e desqualificar seu autor. É o caso do funcionário da Rede Globo e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), posição que alcançou não pelos textos medíocres que produz, mas graças ao poder do veículo que o emprega (Machado de Assis deve arder de remorsos no túmulo ao meditar sobre o destino de sua polêmica criação). Merval sai a campo de cara limpa em defesa dos tucanos e de José Serra, com apelos e argumentos falsos que foram desmascarados pelo líder petista e advogado José Dirceu e pelo jornalista Luiz Nassif. Nassif desconfia que existe um ghost wreiter (escritor fantasma) por trás do texto, que considera estranho ao estilo de Merval. “Corto um dedo se o ghost writer dessa tertúlia não é o próprio Serra”.
Dois pesos, uma medida
É preciso que a opinião reflita sobre o comportamento da mídia hegemônica, capitalista, que tanto ruído tem feito ao longo dos últimos anos em nome da moralidade pública e do combate à corrupção, veiculando calúnias, denúncias falsas e sem provas (como as que foram feitas contra Orlando Silva, acusado por um bandido e pela revista Veja de receber dinheiro na garagem do Ministério de Esportes: cadê as provas?). Agora, diante de uma reportagem ampla e rigorosa (um trabalho de 10 anos), recheada de provas e envolvendo desvio de bilhões de reais - valores incomparavelmente superiores a de todas as supostas irregularidades que, segundo as denúncias, teriam sido praticadas nos governos Lula e Dilma -, a resposta da mídia venal é o silêncio ou o sofisma rasteiro.
Não restam dúvidas de que os meios de comunicação de massas monopolizados por meia dúzia de famílias, com a honrosa exceção da Record, usam de dois pesos e uma medida e se comportam como um partido de direita, fazendo juz ao irônico apelido criado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. Trata-se, inegavelmente, de um Partido da Imprensa Golpista, o PIG. Propósito golpista Ao acolher e divulgar calúnias o PIG age com o propósito golpista (mal disfarçado) de desacreditar as forças progressistas, em especial os comunistas, e desestabilizar o governo Dilma. Mas vende um peixe podre: a imagem de que defende a ética e os bons costumes. O silêncio quando o alvo das denúncias é a direita neoliberal, capitaneada pelos tucanos, carrega uma confissão de cumplicidade moral, ideológica e política com a grossa corrupção que mediou a transferência de patrimônio público para a iniciativa privada, com empresas que valem ouro (como a Vale) vendidas a preço de banana.
Identidade com os tucanos
É também reveladora do caráter desta mídia venal a crítica interna da jornalista e ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer,que acabou vazando e rendendo bons comentários nas redes sociais. Singer revela que recebeu, num só dia, 141 mensagens de crítica ao jornal pela matéria publicada sobre o assunto e elencou os cinco motivos das críticas: “1) ter [o texto da Folha] um viés de defesa dos tucanos; 2) não ter apresentado Amaury Ribeiro Jr. devidamente e não tê-lo ouvido; 3) exigir provas que são impossíveis (ligação das transações financeiras entre Dantas e Ricardo Sérgio e as privatizações); 4) não ter esse grau de exigência em outras denúncias, entre as mais recentes, as que derrubaram o ministro do Esporte (cadê o vídeo que mostra dinheiro sendo entregue na garagem?); 5) não ter citado que o livro está sendo bem vendido”. Além da identidade política e ideológica, interesses mais terrenos ajudam a explicar a conduta do PIG, conforme sugeriu o jornalista Amaury Ribeiro Jr em recente debate sobre o tema promovido pelo Centro de Estudos Barão de Itararé: “Se CPI for aberta, vou avisar que o que está no livro é pequeno. Vai chegar à sociedade a forma como a editora de uma grande revista e veículos de comunicação tiveram dívidas perdoadas depois da privatização", adiantou.
A necessidade de uma CPI é mais que óbvia, mas o PIG fará das tripas coração para impedir a apuração e manter, através da conspiração do silêncio, a imundície tucana sob o tapete.
Postado por Miro às 13:02
domingo, 25 de dezembro de 2011
O NATAL DOS FERNANDES
ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES ACADÊMICAS EM 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
APRIVATARIA NA BOCA DO POVO
A privataria tucana
Homero de Oliveira Costa, prof. ciência política da UFRN
O livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr.(Geração editorial) foi lançado a menos de um mês, pode ser considerado como um fenômeno de vendas, ocupando a lista dos mais vendidos no país. O que chamou mais a atenção e que talvez possa ajudar a compreender o comportamento de parte da mídia, é um silêncio constrangedor, especialmente por parte do que os jornalistas Palmério Dória e Mylton Severiano no livro “Crimes de Imprensa” chamam de “Os Grandes Irmãos – Folha, Estadão, Globo, Veja, Época, o Grupo RBS e outros irmãozinhos pequenos Brasil afora”. A primeira edição do livro esgotou-se rapidamente, em que pese o que alguém chamou de “um muro de silêncio”.
Conforme o autor tem dito o livro foi resultado de doze anos de trabalho e pode ser considerado como uma das mais completas investigações jornalísticas sobre o submundo da política brasileira “os documentos secretos e a verdade sobre o maior assalto ao patrimônio público brasileiro” Da “fantástica viagem das fortunas tucanas até o paraíso fiscal das ilhas Virgens Britânicas”. O livro mapeia um sofisticado esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria sido montado no período dos “tucanos” no poder. E, para não ser acusado de “petista” descreve no último capítulo (cap.16) “como o PT sabotou o PT”, o que chamou de “atuação sinistra” do atual presidente do PT, Rui Falcão, na época um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, nos bastidores da campanha eleitoral de 2010 contra o grupo mineiro liderado por Fernando Pimentel (pg. 322), motivo pelo qual está sendo processado pelo acusado. Talvez isso explique porque o livro, atirando para todos os lados, conseguiu desagradar a mídia tradicional, o PSDB (por razões óbvias) e também o PT.
Um dos principias alvos do autor são as privatizações. Para ele “independente do juízo que cada um possa fazer sobre a eficácia ou ineficácia do Estado ao gerir os bens públicos, ninguém precisa ser inimigo do mercado para perceber que o modelo de privatização que assolou o Brasil nos anos FHC não foi, para ser leniente, o mais adequado aos interesses do país e do seu povo (...) o torra-torra das estatais não capitalizou o Estado, ao contrário, as dívidas interna e externa aumentaram porque o governo engoliu os débitos das estatais leiloadas – para torná-las mais palatáveis aos compradores – e ainda as multinacionais não trouxeram capital próprio para o Brasil”.
Os exemplos de como as privatizações foram danosos para ao país são muitos, o autor cita, entre outros, o caso da privatização da Ferrovia Paulista S.A. onde o governo de São Paulo, do PSDB (Mario Covas) antes da privatização, demitiu dez mil funcionários e assumiu a responsabilidade pelos 50 mil aposentados pela ferrovia.
Em 1999, o jornalista Aloysio Biondi, no livro “Brasil Privatizado” (Editora Perseu Abramo/SP) mostrou, com dados, como o Brasil pagou para vender suas estatais. As privatizações foram o que ele chamou de “negócios da China” para os “compradores”, mas péssimos para o Brasil. Entre muitos exemplos ele cita o caso das empresas telefônicas, as quais, antes de vender, o governo investiu 21 bilhões de reais no setor, em dois anos e meio e vendeu tudo por uma “entrada” de 8,8 bilhões de reais ou menos – porque financiou metade da “entrada” para grupos brasileiros. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi comprada por 1,05 bilhões de reais, dos quais 1,01 bilhões em “moedas podres” – vendidas aos “compradores” pelo próprio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), financiadas em 12 anos.
O que parece ter ocorrido é que, esse processo serviu muito mais para enriquecer algumas pessoas do que recursos para o Estado. Para Amaury Jr. o que houve no Brasil não foi privatização, mas “propinização”.
José Serra, ao ser indagado sobre o livro “A privataria tucana” disse que era puro “lixo”. Devia ter aproveitado e respondido sobre o ex-caixa de sua campanha (e de Fernando Henrique Cardoso em 1998), Ricardo Sérgio de Oliveira, que, segundo Amaury Jr. é o "engenheiro" de um esquema que operou bilhões de dólares durante as privatizações, da mesma forma sobre a atuação de sua filha, Verônica, e o marido, Alexandre Burgeois, segundo o autor, também membros atuantes do esquema. Ricardo Sérgio de Oliveira, que dirigiu a área internacional do Banco do Brasil, segundo o autor é dono da empresa offshore Andover, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que injetava dinheiro de fora para outra empresa sua, em São Paulo, a Westchester. (o autor apresenta como fonte os cartórios de títulos e documentos e Juntas Comerciais do Rio e de São Paulo). Ele é acusado de receber propina do empresário Carlos Jereissati, que adquiriu em leilão a Tele Norte Leste e passou a operar a telefonia de 16 Estados. A offshore Infinity Trading (de Jereissati) depositou US$ 410 mil em favor da Fanton Interprises (de Ricardo Sérgio) no MTB Bank, de Nova York (pg.64). Segundo Amaury Jr. “A conexão entre Infinity Trading e Jereissati (PSDB/CE), ratifica, pela primeira vez, aquilo que sempre se suspeitou, mas que nunca havia sido comprovado: que o ex-tesoureiro das campanhas do PSDB recebeu propina de Jereissati, um dos vencedores no leilão da privatização da Telebrás” (p.65).
Quanto a Verônica Serra, filha de José Serra, segundo Palmério Doria e Mylton Severiano (“Crime de Imprensa”, Plena Editorial, 2011, p. 135) teve o patrimônio “engordado” 50.000 vezes em 42 dias... No cap. 9, os autores afirmam que ela abriu com outra Verônica, irmão do banqueiro Daniel Dantas, a Decidir.com Brasil. No dia 8 de fevereiro, de 2000, e o capital era de R$ 100, a 22 de fevereiro, 15 dias depois, o nome muda para Decidir.com Brasil S/A e Verônica, a Serra, assume o cargo de diretoria e vice- presidente, e a 21 de março, 42 dois dias depois, o capital aumentou para 5 milhões de reais – 50.000 vezes. Fico imaginando qual seria o comportamento da mídia se o crescimento tão rápido de um patrimônio fosse da filha de Lula ou de Dilma Rousseff...
O autor analisou a documentação da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do Banestado, motivada por denúncias dele e da repórter Sônia Filgueiras na revista Isto É (sobre o escândalo da “Máfia dos fiscais” do Rio) tratando da lavagem de dinheiro obtido ilegalmente das privatizações, segundo o autor, “expunha a gigantesca lavanderia montada por um consórcio de doleiros latino-americanos dentro da agência do banco estatal de Nova York”, revelando que os doleiros haviam despachado US$ 30 bilhões no exterior via agência nova-iorquina do Banestado.
Outro aspecto abordado no livro são as acusações de que Serra fazia aquilo que acusava seus adversários, ou seja, formação de dossiês para chantagear e fez isso inclusive com “inimigos internos” como foi o caso da “arapongagem” em relação ao governador de Minas, Aécio Neves, em seus “discretos roteiros sentimentais” pelo Rio de Janeiro a fim de comprometer sua candidatura à presidência (pgs. 24 e 25). (E que, pelo visto, conseguiu).
Enfim, um livro que merece ser lido e, se contestado, que não seja à base do “não li e não gostei”, mas respondido de forma documentada, como o autor procurou fazer em relação ao que denuncia.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
ANATOMIA DO ESCÂNDALO DA PRIVATARIA
Por: Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania)
Devido à resistência da imprensa a se aprofundar em um dos escândalos mais clamorosos de que se tem notícia, ainda falta muito para que amaine a tempestade de reportagens e análises de jornalistas independentes, de blogueiros, de tuiteiros, de facebookers e de assemelhados sobre um escândalo que do ponto de vista dos valores envolvidos e da gravidade dos crimes cometidos pode ser considerado o maior escândalo de corrupção da história brasileira e um dos maiores do mundo.
À diferença do que pode parecer, porém, não se irá tratar, aqui, do escândalo preferido da imprensa brasileira, o dito “escândalo do mensalão”, cujos valores envolvidos, independentemente da veracidade – ou não – da tese de que se tratou de suborno de parlamentares pelo governo federal, não pode sequer ser comparado ao escândalo que brotou do Programa Nacional de Desestatização (PND), instituído no governo Fernando Collor a partir de 1991 e incrementado pelo primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.
Para que se entenda a razão de tal afirmativa, basta lembrar que, de 1991 até 2000, o conjunto de privatizações nas telecomunicações, nos setores elétrico, petroquímico, de mineração, portuário, financeiro, de informática, de malhas ferroviárias e de empresas estatais dos Estados gerou receita total de 91,1 bilhões de dólares.
Se o critério para um grande escândalo de corrupção, portanto, for a quantidade de dinheiro envolvido, as denúncias que envolvem o programa brasileiro de privatizações constituem, sem dúvida, o maior da história do país. E o que é mais grave: pode ter sido empreendido por uma quadrilha formada por grandes grupos econômicos nacionais e estrangeiros, por políticos e até por grandes meios de comunicação nacionais, o que lhes explica a reticência em tocar no assunto.
Esses são os fatos narrados pelo livro-denúncia A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro, um dos maiores fenômenos editoriais de que se tem notícia devido a ter se tornado best-seller em menos de uma semana e à revelia desse impressionante boicote dos grandes meios de comunicação de massa, que, após desistirem de ocultar o livro, passaram a acusá-lo de “farsa” e “ficção”, bem como ao seu autor de “bandido” por ter sido indiciado pela Polícia Federal durante a campanha eleitoral de 2010 por supostamente estar envolvido na quebra de sigilo fiscal da filha do ex-governador de São Paulo José Serra, o político que comandou boa parte do período mais intenso de privatizações (1994 – 1998).
No período de 1991 a 2000, ocorreram no Brasil privatizações de 65 empresas estatais federais consideradas jóias da coroa do patrimônio público brasileiro. Abaixo, a relação dessas empresas.
Durante a década dessas privatizações, além das estatais federais os Estados e municípios foram compelidos, mediante condicionamentos financeiros, a privatizarem empresas públicas que, juntas, geraram uma dinheirama que até hoje não se sabe aonde foi parar, pois, ao fim do governo que mais privatizou, o de Fernando Henrique Cardoso, o país estava quebrado e sem reservas próprias em dólares, tendo em caixa apenas o que lhe fora emprestado pelo governo dos Estados Unidos, pelo FMI e pelos bancos europeus do Clube de Paris a fim de evitar a literal quebra do Brasil.
Apesar da dimensão paquidérmica das denúncias e dos fatos que sugerem que os políticos que conduziram o PND durante a última década do século XX foram subornados para entregarem a preço vil à iniciativa privada o que fora privatizado, a imprensa nacional jamais dedicou ao caso uma mera fração da atenção que vem dedicando ao escândalo do mensalão, que não envolveu nem 0,1% dos valores envolvidos no que o livro supramencionado chama de “privataria”.
O processo foi tão danoso à imagem do governo FHC que o Partido dos Trabalhadores elegeu e reelegeu facilmente Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, a atual presidente, Dilma Rousseff, ainda que o que tenha pesado mais tenha sido a situação social e econômica desastrosa em que terminou o governo tucano. Todavia, há até prova científica da percepção da sociedade de que as privatizações pioraram a vida dos brasileiros.
O que comprova a rejeição da sociedade ao processo de privatização é a única pesquisa de opinião sobre o assunto que se conhece. Entre os dias 24 e 31 de outubro de 2007, o instituto Ipsos, sob encomenda do jornal O Estado de S. Paulo, realizou uma pesquisa sobre a opinião do brasileiro sobre as privatizações com mil entrevistas em setenta cidades e nove regiões metropolitanas. Essa pesquisa apontou que 62% dos entrevistados eram contra a privatização de serviços públicos. Apenas 25% se mostraram favoráveis.
De acordo com o jornal, “a percepção dos brasileiros é a de que as privatizações pioraram os serviços prestados à população nos setores de telefonia, estradas, energia elétrica, água e esgoto”. As mais altas taxas de rejeição (73%) surgiram no estrato social de nível superior e nas classes A e B.
Segundo mostrou a pesquisa, a rejeição à privatização não tinha, naquele 2007, razão partidária ou ideológica, atingindo por igual as privatizações feitas em diversos governos, tanto o federal quanto os estaduais e municipais. Enquanto 55% acharam que o governo FHC fez mal em privatizar a telefonia, apenas 33% disseram que fez bem. Em nenhuma região a maioria da população aprovou a privatização. O Nordeste registrou a maior taxa de rejeição (73%), enquanto o Norte e o Centro-Oeste registram a menor (51%).
Por razões óbvias, nunca mais surgiu outra pesquisa de opinião sobre o assunto – e, se houve, foi pouco ou nada divulgada -, pois quem costuma empreender tais pesquisas são os meios de comunicação de massa, os quais se tornaram sócios do que foi chamado pelo jornalista Elio Gaspari de “privataria”, termo que comparou a condução do PND pelo governo Fernando Henrique Cardoso a um saque de piratas.
Abaixo, tabela que mostra que grupos de comunicação como as Organizações Globo, o Grupo Estado e o Grupo Folha adquiriram parte das empresas privatizadas sem informar aos seus leitores que participavam do processo enquanto o defendiam em longos e incontáveis editoriais, artigos e reportagens.
É nesse ponto que surge a figura central do processo de privatização que ora se encontra sob escrutínio da sociedade. José Serra, então ministro do Planejamento, elaborou e tocou o processo de privatização no Brasil em seu período mais intenso.
O livro “A Privataria Tucana” trata de um suposto esquema de corrupção montado no governo de Fernando Henrique Cardoso por ocasião das privatizações. O livro é, na verdade, uma profunda reportagem investigativa com 200 páginas de texto apoiada em mais de uma centena de páginas de cópias autenticadas de documentos oficiais recolhidos em juntas comerciais, cartórios, no Ministério Público e na Justiça.
O obra descreve a trajetória de bilhões de dólares – que seriam pagamento de propina a parentes e assessores de Serra, que teria se valido de “laranjas” e de empresas offshores de fachada – apresentando documentos com fé pública sobre negócios financeiros vultosos envolvendo grandes corporações financeiras.
O autor do livro acusa o envolvimento e a conivência de parte dos meios de comunicação, crimes de corrupção ativa e passiva, favorecimento ilegal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, invasão de privacidade, vazamento de dados tributários, tudo associado ao desvio de bilhões de dólares dos cofres públicos. A trajetória do dinheiro ilícito ao voltar ao Brasil, segundo os documentos, explicaria as fortunas pessoais do grupo ligado a Serra.
Os documentos apresentados no livro pretendem demonstrar como teria funcionado o suposto esquema de propinas e de lavagem de dinheiro. Quem pagou a propina a teria enviado a empresas offshores em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens e o dinheiro retornava ao Brasil como “investimento estrangeiro”.
A investigação do jornalista Amaury Ribeiro Jr. apurou que os beneficiários desses bilhões de dólares que entraram no país eram os mesmos que assinavam os dois lados da operação, como procuradores das empresas de fachada sediadas no Caribe e como donos das empresas brasileiras receptoras do suposto investimento estrangeiro.
O esquema envolve nomes como Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro das campanhas de FHC e José Serra, descrito na página 38 do livro como “o chefe da lavanderia do tucanato”), Carlos Jereissati, José Serra, sua filha Verônica Serra e o marido, Alexandre Bourgeois, além de empresas como a Oi (na época Telemar), IConexa, Citco Building, Andover, Westschester e, sobretudo, a Decidir.com, da filha de Serra em sociedade com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas.
Para demonstrar o montante de dinheiro envolvido, o livro revela que entre 1998 e 2002 Gregório Preciado, marido de uma prima de José Serra, teria depositado 2,5 bilhões de dólares na conta de Ricardo Sérgio de Oliveira, que, como diretor do Banco do Brasil, interferiu na liberação de recursos para empresas sem capacidade financeira adquirirem parte do que estava sendo privatizado.
O método de lavagem de dinheiro também teria sido utilizado por Paulo Maluf, por Ricardo Teixeira e pela quadrilha da advogada Jorgina de Freitas, que fraudou a previdência em R$1 bilhão, e por Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ricardo Sergio, segundo o livro-reportagem, por ser banqueiro experiente foi o arquiteto do esquema que inseria dinheiro de origem duvidosa no Brasil. Os documentos, obtidos legalmente, demonstram que Alexandre Bourgeois, genro de José Serra, abriu empresas offshores imediatamente após as privatizações. Essas empresas tinham o mesmo endereço da Decidir, empresa de Verônica Dantas e de Verônica Serra.
Na página 25 do livro ainda há detalhes de como Serra, então no governo federal, teria utilizado arapongas, pagos com dinheiro público, para criar dossiês contra adversários políticos, e de como sua filha e a irmã de Daniel Dantas teriam quebrado o sigilo de milhões de brasileiros para obterem informações privilegiadas dentro do governo, o que gerou inquérito na Polícia Federal que originou denúncia do Ministério Público e que agora tramita na Justiça contra as duas Verônicas.
Detalhe: os meios de comunicação e os seus colunistas que procuram desacreditar o livro e o autor se valem de denúncia feita no calor da eleição do ano passado contra o autor de Privataria de que ele é que teria quebrado o sigilo fiscal da mesma Verônica Serra que hoje está sendo processada por quebrar sigilo não de uma pessoa, mas de dezenas de milhões de pessoas, o que jamais veio à tona por iniciativa da imprensa, com exceção da revista Carta Capital.
As fortunas que foram amealhadas pelos familiares do homem que comandou as privatizações da era Fernando Henrique Cardoso no exato momento em que as vendas de patrimônio público ocorriam, segundo as denúncias do livro-bomba decorreram do pagamento de propina pelos grupos econômicos que compraram aquele patrimônio por preços subavaliados.
Um dos casos mais clamorosos diz respeito à primeira grande empresa estatal a ser privatizada no governo FHC, a Companhia Vale do Rio Doce, então a maior exportadora de minério de ferro do mundo e que ostenta esse título até hoje, permanecendo líder mundial na exportação de minério de ferro.
A privatização da Vale S.A. foi polêmica por não ter levado em conta o valor potencial das reservas de ferro sob controle da companhia na época. Para avaliar o preço pelo qual seria vendida foi computado apenas o valor de sua infraestrutura. As reservas minerais que controlava foram simplesmente ignoradas. Ou seja, computaram-se bens imóveis, máquinas, equipamentos, mas não o potencial de exploração que havia sob a terra. Minas de ferro com potencial para 400 anos não foram computadas na avaliação.
O processo em que ocorreu a subavaliação da Vale mereceu do Prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz o apelido de briberization (“propinização”). Segundo o economista, essa “propinização” das privatizações teria ocorrido em todos os países que adotaram o programa de estabilização então engendrado pelos governos dos Estados Unidos e da Inglaterra, que previa privatizações como uma das principais vertentes, e que, no Brasil, foi chamado de “Plano Real”.
A venda do controle acionário da Vale ocorreu em 1997 por 3,3 bilhões de dólares, ao dólar da época. Hoje, o valor da mineradora, após investimentos dos que a adquiriram, chega próximo a 160 bilhões de dólares. Os defensores da venda da empresa dizem que essa valorização só foi possível devido aos investimentos dos seus compradores, mas essa mesma valorização indica o potencial que a empresa tinha e que não foi computado em seu preço de venda.
Essas vendas de empresas públicas a preço vil seriam a origem dos bilhões de dólares que pingaram em contas bancárias de familiares e assessores de Serra. Milhões de dólares que a filha dele recebeu do exterior – e que, até hoje, não têm origem comprovada –, receberam obsequioso silêncio da Justiça e até do governo petista que sucedeu o governo federal tucano, que jamais fizeram mísera menção a investigar denúncias que em 2003 já apareciam na CPI do Banestado.
O grupo de Serra, sob sua batuta, além de tudo ainda faria uso de métodos de filmes de espionagem visando antecipar e esvaziar denúncias contra ele, vitimizando-o perante a opinião pública com a ajuda da Globo, da Folha, do Estadão e da Veja, sempre dispostos a acusar os adversários dele de estarem por trás de armações contra si.
O livro A Privataria Tucana, por fim, gera questionamento ao Partido dos Trabalhadores, ao governo Lula, à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à própria Justiça por terem permanecido impassíveis diante de fartura de evidências que a obra oferece e que em parte já eram conhecidas. Por que até os adversários políticos do grupo que conduziu processo tão nebuloso permaneceram silentes por tanto tempo?
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
CAIA MÁSCARA DA GRANDE IMPRENSA
Por Ricardo Kotcho
"Se a Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu". (Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).
Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011. Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada grande imprensa na formação da opinião pública brasileira. O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, A Privataria Tucana, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC. Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista "Carta Capital" e dos telejornais da Rede Record; nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor. Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, A Privataria Tucana alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que tem acesso à internet. No final de semana, o fenômeno editorial apareceu nas listas de jornais e revistas, mas não mereceu qualquer resenha ou reportagem sobre o seu conteúdo. Em 47 anos de trabalho nas principais redações da imprensa brasileira, com exceção da revista "Veja", nunca tinha visto nada igual, nem mesmo na época da ditadura militar, quando a gente não era proibido de escrever _ apenas, os censores não deixavam publicar. Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que há alguns anos o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia. O que mais me espantou foi o silêncio dos principais colunistas e blogueiros do país _ falo dos profissionais considerados sérios _, muitos deles meus amigos e mestres no ofício, que sempre preservaram sua independência, mesmo quando discordavam da posição editorial da empresa onde estão trabalhando. Nenhum deles ousou escrever, nem bem nem mal, sobre A Privataria Tucana, com a honrosa exceção de José Simão, o mais sério de todos eles. Alguns ainda tentaram dar alguma desculpa esfarrapada, como falta de tempo para ler e investigar os documentos publicados no livro, mas a grande maioria simplesmente saiu por aí assobiando e mudando de assunto. O que aconteceu? Faz algum tempo, as entidades representativas da velha mídia criaram o Instituto Millenium, uma instituição voltada à defesa dos seus interesses e negócios, o que é muito justo. Sob a bandeira da "defesa da liberdade de expressão", segundo eles sempre ameaçada por malfeitores do PT e de setores do governo federal, os barões da mídia promoveram vários saraus para denunciar os perigos que enfrentavam. O principal deles, claro, era "a volta da censura". Pois a censura voltou a imperar escandalosamente na semana passada. Só que, desta vez, não promovida por orgãos do Estado, mas pelas próprias empresas jornalísticas abrigadas no Instituto Millenium. Os antigos donos do poder midiático decidiram apagar do mapa, não uma reportagem ou uma foto, mas um livro. O episódio certamente será um divisor de águas no relacionamento entre a grande imprensa e seus clientes. Por mais que cada vez menos gente acreditasse nessa conversa, seus porta-vozes sempre insistiam em nos garantir que a mídia grande era independente, apartidária, isenta, preocupada apenas em contar o que está acontecendo e denunciar os malfeitos do governo, em defesa do interesse nacional e da felicidade de todos. Agora, caiu definitivamente a máscara. Neste final de semana, ouvi de várias pessoas, em diferentes ambientes, que vão cancelar assinaturas de publicações em que não confiam mais. Como jornalista ainda apaixonado pela profissão, fico triste com tudo isso, mas não posso brigar com os fatos. Foi vergonhoso ver o que aconteceu e não deu para esconder. Graças à internet, todo mundo ficou sabendo. E agora? O que vão dizer aos seus ouvintes, leitores e telespectadores? Que tudo não passou de um engano, uma ilusão de ótica? Vão publicar um "erramos" coletivo ou vai ficar tudo por isso mesmo?
domingo, 18 de dezembro de 2011
PROTÓGENES DO PC do B, FOI PRÁ GUELA
sábado, 17 de dezembro de 2011
CASA A VENDA
A MELÔ DA PRIVATIZAÇÃO
Esse Noel era um profeta. Em 1930 registrava nessa música a privataria Tucana do final dos anos 90 do século XXI
Noel Rosa
Quem dá mais por uma mulata que é diplomada
Em matéria de samba e de batucada
Com as qualidades de moça formosa
Fiteira, vaidosa e muito mentirosa?
Cinco mil réis, duzentos mil réis, um conto de réis!
Ninguém dá mais de um conto de réis?
O Vasco paga o lote na batata
E em vez de barata
Oferece ao Russinho uma mulata
Quem dá mais por um violão que toca em falsete
Que só não tem braço, fundo e cavalete
Pertenceu a Dom Pedro, morou no palácio
Foi posto no prego por José Bonifácio?
Vinte mil réis, vinte e um e quinhentos, cinqüenta mil réis!
Ninguém dá mais de cinqüenta mil réis?
Quem arremata o lote é um judeu
Quem garante sou eu
Pra vendê-lo pelo dobro no museu.
Quem dá mais por um samba feito nas regras da arte
Sem introdução e sem segunda parte
Só tem estribilho, nasceu no Salgueiro
E exprime dois terços do Rio de Janeiro
Quem dá mais? Quem é que dá mais de um conto de réis?
(Quem dá mais? Quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três!)
Quanto é que vai ganhar o leiloeiro
Que é também brasileiro
E em três lotes vendeu o Brasil inteiro?
Quem dá mais?
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
CPI NELES!!
Hora de rever as privatizações
Se outros efeitos não causar à vida nacional o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., suas acusações reclamam o reexame profundo do processo de privatizações e suas razões. A presidente da República poderia fazer seu o lema de Tancredo: um governante só consegue fazer o que fizer junto com o seu povo.
Mauro Santayana
Se outros efeitos não causar à vida nacional o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., suas acusações reclamam o reexame profundo do processo de privatizações e suas razões. Ao decidir por aquele caminho, o governo Collor estava sendo coerente com sua essencial natureza, que era a de restabelecer o poder econômico e político das oligarquias nordestinas e, com elas, dominar o país. A estratégia era a de buscar aliança internacional, aceitando os novos postulados de um projetado governo mundial, estabelecido pela Comissão Trilateral e pelo Clube de Bielderbeg. Foi assim que Collor formou a sua equipe econômica, e escolheu o Sr. Eduardo Modiano para presidir ao BNDES - e, ali, cuidar das privatizações.
Primeiro, houve a necessidade de se estabelecer o Plano Nacional de Desestatização. Tendo em vista a reação da sociedade e as denúncias de corrupção contra o grupo do presidente, não foi possível fazê-lo da noite para o dia, e o tempo passou. O impeachment de Collor e a ascensão de Itamar representaram certo freio no processo, não obstante a pressão dos interessados.
Com a chegada de Fernando Henrique ao Ministério da Fazenda, as pressões se acentuaram, mas Itamar foi cozinhando as coisas em banho-maria. Fernando Henrique se entregou à causa do neoliberalismo e da globalização com entusiasmo. Ele repudiou a sua fé antiga no Estado, e saudou o domínio dos centros financeiros mundiais – com suas conseqüências, como as da exclusão do mundo econômico dos chamados “incapazes” – como um Novo Renascimento.
Ora, o Brasil era dos poucos países do mundo que podiam dizer não ao Consenso de Washington. Com todas as suas dificuldades, entre elas a de rolar a dívida externa, poderíamos, se fosse o caso, fechar as fronteiras e partir para uma economia autônoma, com a ampliação do mercado interno. Se assim agíssemos, é seguro que serviríamos de exemplo de resistência para numerosos países do Terceiro Mundo, entre eles os nossos vizinhos do continente.
Alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos- entre eles Federico Mayor Zaragoza, em artigo publicado em El País há dias, e Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia - constataram que o desmantelamento do Estado, a partir dos governos de Margareth Thatcher, na Grã Bretanha, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, foi a maior estupidez política e econômica do fim do século 20. Além de concentrar o poder financeiro em duas ou três grandes instituições, entre elas, o Goldman Sachs, que é hoje o senhor da Europa, provocou o desemprego em massa; a erosão do sistema educacional, com o surgimento de escolas privadas que só servem para vender diplomas; a contaminação dos sistemas judiciários mundiais, a partir da Suprema Corte dos Estados Unidos – que, entre outras decisões, convalidou a fraude eleitoral da Flórida, dando a vitória a Bush, nas eleições de 2000 -; a acelerada degradação do meio-ambiente e, agora, desmonta a Comunidade Européia. No Brasil, como podemos nos lembrar, não só os pobres sofreram com a miséria e o desemprego: a classe média se empobreceu a ponto de engenheiros serem compelidos a vender sanduíches e limonadas nas praias.
É o momento para que a sociedade brasileira se articule e exija do governo a reversão do processo de privatizações. As corporações multinacionais já dominam grande parte da economia brasileira e é necessário que retomemos as atividades estratégicas, a fim de preservar a soberania nacional. É também urgente sustar a incontrolada remessa de lucros, obrigando as multinacionais a investi-los aqui e taxar a parte enviada às matrizes; aprovar legislação que obrigue as empresas a limpa e transparente escrituração contábil; regulamentar estritamente a atividade bancária e proibir as operações com paraísos fiscais. É imprescindível retomar o conceito de empresa nacional da Constituição de 1988 – sem o que o BNDES continuará a financiar as multinacionais com condições favorecidas.
A CPI que provavelmente será constituída, a pedido dos deputados Protógenes Queiroz e Brizola Neto, naturalmente não se perderá nos detalhes menores – e irá a fundo na análise das privatizações, a partir de 1990, para que se esclareça a constrangedora vassalagem de alguns brasileiros, diante das ordens emanadas de Washington. Mas para tanto é imprescindível a participação dos intelectuais, dos sindicatos de trabalhadores e de todas as entidades estudantis, da UNE, aos diretórios colegiais. Sem a mobilização da sociedade, por mais se esforcem os defensores do interesse nacional, continuaremos submetidos aos contratos do passado. A presidente da República poderia fazer seu o lema de Tancredo: um governante só consegue fazer o que fizer junto com o seu povo.
Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.