Oscar disputando a bola com os americanos
Atraso
na Cerimônia
(Só
quem morre de véspera é peru)
Marcos
Inácio Fernandes*
“Pênalti é uma coisa tão
importante, que quem devia bater é o presidente do clube.” (Nenen Prancha)
Nessa copa, que está nos reservando tantas emoções,
já houve duas decisões, no mata-mata, por pênaltis. (Brasil e Chile e Costa
Rica e Grécia) E numa copa com seleções nacionais, seguindo a filosofia do
Nenen Prancha, quem devia bater as penalidades é o Presidente da República? Por
analogia, sim. Essa decisão tiraria dos jogadores o peso e a responsabilidade
de, num simples tiro livre e num átimo, se transformarem em “salvadores” e/ou
“vilões” da pátria. Ser consagrado ou vilipendiado, por sucessivas gerações,
como foi o caso de Barbosa em 50. Não desejo isso prá nenhum jogador, que
participa desse certame mundial, e gostaria que tantos os atletas como os
torcedores e dirigentes encarassem a competição como um simples jogo de
futebol, onde ganhar, perder ou empatar faz parte do jogo e que deve-se se
saber lidar com qualquer resultado.
Deve-se, sobretudo, não se considerar favorito e
nem subestimar nenhum adversário. O esporte nos dá lições a respeito e aqui eu
lembro a epopéia de Indianapólis no Pan-Americano de 1987, quando Brasil e
Estados Unidos, disputaram a medalha de ouro no basquetebol daqueles jogos,
algo equivalente ao Brasil e Uruguai em 1950. Na minha concepção, aquela
vitória do Brasil sobre os Estados Unidos por 120 a 115, foi a maior conquista
esportiva nacional até agora. Não teve penta no futebol nem campeão olímpico
masculino e feminino no voley, nem Ademar Ferreira, no salto triplo em
Helsinque e Melbourn nos jogos olímpicos de 1952 e 1956, nem César Cielo nas
piscinas do mundo, que se compare a fantástica vitória do Brasil sobre os
Estados Unidos, na sua casa e num esporte em que eles eram, praticamente,
imbatíveis.
Os Yankes estavam tão convictos da vitória, que nem
levaram o hino brasileiro para a Market Square Arena, naquele 23 de agosto de
1987, e tiveram que adiar a cerimônia de premiação e saíram, nas carreiras, atrás
do hino brasileiro, que foi executado com o Brasil subindo mais alto no pódio
para receber suas medalhas de ouro.
Agora vendo uma entrevista do Oscar e Marcel, que
foram os grandes protagonistas daquela vitória,( Oscar fez 46 pontos e Marcel
31 dos 120 pontos que o Brasil marcou), o Oscar falou que eles entraram em
quadra como quem vai pro matadouro. Só não queriam que os Estados Unidos
abrissem muita vantagem como fizeram com seus outros adversários. Ele lembrou
que o técnico Ary Vidal, não fez preleção e disse apenas: vão lá e joguem. E como jogaram os meninos do Brasil! (Gerson,
Guerrinha, Israel, Pipoca, Marcel e Oscar). Mesmo jogando muito a nossa seleção
virou o 1º tempo com 14 pontos atrás e já nos primeiros minutos do 2º tempo, os
americanos abriram 24 pontos de vantagem. Então, eles se lembraram do que Ary
Vidal falou no intervalo: chutem de 3 pontos, essa regra foi feita prá vocês
Marcel e Oscar, acreditem. Aí começou a cair as bolas de 3 pontos do Oscar e
Marcel e o Brasil virou espetacularmente e conquistou o ouro que ninguém
acreditava e esperava.
A imprensa
americana reagiu muito mal ao 2º lugar. Um grande jornal americano colocou na
manchete esportiva: “Prata?! Joguem Isso no Lixo”.
Espero que
continuemos passando por nossos adversários e que a nossa imprensa, não se
comporte como a americana e os nossos torcedores se conscientizem, que nesse
torneio as seleções se equivalem. Os resultados apertados e nas prorrogações de
Alemanha, França, Argentina e Bélgica, comprovam essa assertiva. Não há
favoritos e muitas emoções nos aguardam.
Para encerrar gostaria que o Felipão se mirasse no
exemplo de Ary Vidal e sua preleção para os nossos jovens craques, os melhores
que conseguimos reunir, fosse a mesma do técnico do basquete: “Vão lá e joguem”
Tenho convicção, que se for abstraído os outros
fatores, extra-futebol, que está pressionando nossos atletas, nosso futebol vai
fluir e teremos mais tranqüilidade para construir resultados positivos. Podemos
até não ganhar, mas espero que não nos falte disposição para tal.
Lembrando,
mais uma vez, o filósofo do futebol, Nenen Prancha, é bom que todos tenham
clareza, que mesmo um evento de magnitude mundial como a copa e a glória de
conquistá-la “tudo é passageiro, menos o motorista e o
cobrador”.
PS 1 –
Depois que o Brasil derrotou os Estados Unidos no Pan de Indianápolis, eles
resolveram participar dos jogos Olímpicos com seus jogadores profissionais. Foi
ali que nasceu o “Dream Time” com os melhores do basquete americano.
PS 2 – 4ª e 5ª feira #Não Vai Ter Copa. 6ª feira
ela continua
*Marcos Inácio Fernandes, é professor aposentado da
UFAC e militante do PT.