ENFIM
A COPA E O PLANO DE GOVERNO DA OPOSIÇÃO
Marcos
Inácio Fernandes*
Está tendo copa e está uma festa.
Da abertura até esse domingo já são 11 jogos, 37 gols (média de 3,3 gols por
partida) e nenhum empate, com apenas 1 cartão vermelho para o zagueiro do
Uruguai e o destaque para a seleção da Holanda, que aplicou uma imprevisível
goleada na Espanha, atual campeã do Mundo, dando margem para o espírito gozador
do brasileiro, que tiram um sarrinho com a “Fúria” dizendo que eles se recusam
a viajar de GOL de tantos que levaram. Esse é o espírito da copa. Festa e
alegria dos que ganharam, congraçamento entre as torcidas e organização e
segurança padrão Brasil. Nenhum incidente de maior monta registrado até agora.
Como diziam que não ia TER COPA,
pois ia até faltar bola e apito pela nossa incapacidade de organização, até que
estou achando tudo MARAVILHOSO!! E me incorporo ao coro dos otimistas, que essa
vai ser a copa das copas. Já ganhamos essa copa, mesmo que o Brasil não seja
campeão, apesar de favorito. Eu me contento e aceito qualquer resultado que
ocorra dentro das 4 linhas nos marcos das regras do esporte praticado com
lealdade. Só exijo raça e luta do nosso time até a carne cair dos ossos. Se
perder, o que não espero, faz parte e o mundo não se acaba.
Digo isso porque já derrotamos os
corvos que fizeram campanha contra a copa dentro e fora do Brasil de forma
torpe, tendenciosa e mentirosa e que foram amplificadas pela nossa grande
imprensa. Nunca se viu um acontecimento esportivo tão politizado como esse.
Tudo é motivo de questionamentos para deslustrar o evento e tudo vira
“escândalo” nas redes sociais, desde o aparecimento de uma aranha num dos
apartamentos onde está hospedada a delegação da Austrália, a abertura da copa,
que dizem que foi padrão “Frinfa” e até a penalidade sofrida por Fred, que
dizem ter sido simulada e que o árbitro japonês vai sofrer uma ação no Supremo.
Como sintetizou meu amigo Luiz Celso, que já dirigiu o SESC/SENAC do Acre: “Esses fdp roubaram meu prazer de torcer com
isenção em um jogo de futebol. Eu agora sou contra eles e o futebol perdeu uma
boa parte da graça, pelo menos, para mim”
Teve até um conterrâneo meu que
achou a abertura pior do que os antigos “torneio início” que se fazia no
Juvenal Lamartine em Natal, quando do início do campeonato Potiguar. Devem ser
os mesmos que diziam que a Arena das Dunas não ficaria pronta para a copa. Eu
conheci gente na família e amigos que diziam o mesmo. Os fatos os desmentiram e
eu tive o prazer de assistir o jogo de inauguração da Arena das Dunas com meu
América vencendo o Confiança de Sergipe por 2 a zero. E sempre é bom lembrar
que a revista veja, em reportagem de capa, vaticinou que eles só ficariam
prontos em 2037.
Todos que entendem um pouco de
política e sociologia sabem que o esporte, especialmente, o futebol se
constitui num dos fatores de dominação ideológica. É a famosa teoria do “pão e
circo” do Império Romano para conformar e controlar as massas. O Coliseu romano
inaugurado pelo Imperador Tito em 80 d.C com 100 dias de jogos, onde foram
sacrificados 9 mil animais e 2 mil gladiadores foram realizados para acalmar,
tanto o público, como os Deuses,tendo em vista, que o povo do Império passavam pelo sofrimento
de 3 calamidades na época. O incêndio de Roma, a erupção do Vesúvio, que
arrasou Pompéia e outras cidades, e um surto de peste. Os jogos, desde então,
cumpriram esse papel de amenizar e minimizar as agruras do povo, mesmo que com
o sacrifício de vidas humanas, entre elas os cristãos. Os jogos só foram
encerrados no ano de 523 d.C.
Mais recentemente, no século
passado, os jogos Olímpicos também foram alvos de manifestações políticas. Na
XI Olimpíada de 1936, em Berlim, Hitler quis organizar os jogos para mostrar a
superioridade da raça ariana. O evento foi utilizado como veículo de propaganda
Nazista. A Alemanha foi a campeã dos jogos, entretanto, o atleta negro
americano, Jesse Owens, que ganhou 4 medalhas de ouro nas corridas de 100 e 200
metros, no revezamento 4 X 100 e no salto em distância, desmoralizou a
supremacia da raça ariana.
Nas Olimpíadas do México, em
1968, ano de grande convulsões políticas no mundo todo, do mesmo modo,
ocorreram manifestações políticas. Dez dias antes da abertura dos jogos a
polícia mexicana reprimiu com violência um protesto de estudantes na Praça das
Três Culturas, no episódio que ficou conhecido como “o massacre de Tlatelaco”.
Nos jogos, propriamente dito, os atletas negros americanos Tommie Smith e John
Carlos, que foram ouro e bronze nos 200 metros rasos, protagonizaram a cena
política mais famosa daqueles jogos. Eles receberam suas medalhas e levantaram
seus punhos cobertos por luvas negras, na saudação típica dos Black Power dos
Estados Unidos e baixaram a cabeça quando o hino americano foi executado. Eles foram
expulsos da delegação, mas, o gesto deles contribuíram para acabar com a
segregação racial nos EUA.
A conseqüência mais trágica de se
misturar o esporte com a política aconteceu
nas Olimpíadas de Munique, em 1972. “A tragédia de Munique”, como ficou conhecida,
11 atletas da equipe olímpica de Israel foram feitos reféns pelo Setembro Negro
da Palestina e o desfecho desse episódio é que os 11 atletas foram mortos, além
de 5 terroristas e 1 agente da polícia alemã. Sobre o tema, posteriormente,
Stivie Spilberg, faria o filme “Munique”.
Agora, aqui no Brasil com a Copa
do Mundo de Futebol, a mistura entre futebol e política está tão tensionada,
que teme-se uma sabotagem e um ato terrorista de maior gravidade, que
felizmente ainda não aconteceu, mas,
pelo que se viu na abertura com as vaias e os xingamentos que a Dilma sofreu do
“vá tomar no cu” puxado pelos torcedores da ala VIP do Itaquerão, fica a
clareza de que essa nossa elite é capaz de tudo para melar nossa festa e tentar
influir no processo eleitoral com o desgaste do governo num possível malogro da
copa e da seleção.
Essa elite paulista e brasileira,
herdeira legítima da escória portuguesa que vieram como degredados para o
Brasil, que se tornaram latifundiários donos de terras e escravos, depois barões
do café, “revolucionários” em 32. Golpistas em 64 e que controlam a mídia
impressa e de rádio e TV, num verdadeiro latifúndio midiático, tem no seu DNA a
marca da violência, da intolerância e de desamor pelo Brasil. Eles não têm
vergonha e nos envergonham perante o mundo.
Eles nem respeitam e nem se dão
ao respeito e proporcionaram uma cena deplorável para todo o planeta. Não se comete um desrespeito desse com uma
senhora, já sexagenária, mãe e avó e, principalmente, quando essa mulher está
sendo anfitriã acompanhada de dezenas de autoridades do Brasil e do Mundo numa
solenidade oficial de um evento importante. Além de mãe e avó ali estava a
mulher, legítimamente, eleita por quase 60 milhões de brasileiros e
representava a instituição da Presidência da República, representava o Brasil.
Mas essa copa já é vitoriosa. Ela
serviu para escancarar a luta de classes no Brasil, que vai ser a base de
baioneta escalada. Ela serviu também para mostrar o Plano de Governo da
Oposição, que essa elite e parte da classe média apóia. É o VTNC para onde eles
querem que o povo brasileiro vá tomar, com suas medidas impopulares. Essas
medidas podem ser resumidas em aumento do desemprego, arrocho salarial, juros
altos, desmanche da Petrobrás, desmonte dos programas sociais, subserviência
internacional, entre outros. Essa é a essência do VTNC.
Nós não iremos retrucar essa
elite bárbara e mal educada com os mesmos termos chulos. Iremos responder no
voto. Depois das eleições e com a posse de mais um mandato e com uma base
parlamentar ampliada possamos fazer as reformas que o Brasil precisa. Iremos
mandar nossa elite “TOMAR NO BOLSO”, que é a parte do corpo que eles têm mais
sensibilidade. Espero que tenhamos condições de acabar com a propriedade
cruzada dos meios de comunicação e regulamentar a mídia, baixar os juros, taxar
as grandes fortunas, estabelecer a propriedade máxima, agir fortemente contra
os sonegadores de impostos cobrando os impostos devidos e fazer a Reforma
Política, que é pressuposto para as demais.
Agora é assistir o resto da copa
e torcer pelo Brasil, “sem recuar, sem cair, sem tremer”
PS –Depois da copa irei tomar um
avião para Paris, onde passarei uns dias com minha esposa. Devo essas condições
de poder viajar para o exterior a Lula e Dilma, que melhoraram a situação do
país. No regresso é campanha e retribuição nas urnas. Como sempre digo: de
inveja não morro, mas mato muita gente.
*Marcos Inácio Fernandes, é professor da UFAC aposentado e militante do
PT.
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