quinta-feira, 19 de junho de 2014

A COPA ESTÁ UM ESPETÁCULO



ENFIM A COPA E O PLANO DE GOVERNO DA OPOSIÇÃO
Marcos Inácio Fernandes*

Está tendo copa e está uma festa. Da abertura até esse domingo já são 11 jogos, 37 gols (média de 3,3 gols por partida) e nenhum empate, com apenas 1 cartão vermelho para o zagueiro do Uruguai e o destaque para a seleção da Holanda, que aplicou uma imprevisível goleada na Espanha, atual campeã do Mundo, dando margem para o espírito gozador do brasileiro, que tiram um sarrinho com a “Fúria” dizendo que eles se recusam a viajar de GOL de tantos que levaram. Esse é o espírito da copa. Festa e alegria dos que ganharam, congraçamento entre as torcidas e organização e segurança padrão Brasil. Nenhum incidente de maior monta registrado até agora.
Como diziam que não ia TER COPA, pois ia até faltar bola e apito pela nossa incapacidade de organização, até que estou achando tudo MARAVILHOSO!! E me incorporo ao coro dos otimistas, que essa vai ser a copa das copas. Já ganhamos essa copa, mesmo que o Brasil não seja campeão, apesar de favorito. Eu me contento e aceito qualquer resultado que ocorra dentro das 4 linhas nos marcos das regras do esporte praticado com lealdade. Só exijo raça e luta do nosso time até a carne cair dos ossos. Se perder, o que não espero, faz parte e o mundo não se acaba.
Digo isso porque já derrotamos os corvos que fizeram campanha contra a copa dentro e fora do Brasil de forma torpe, tendenciosa e mentirosa e que foram amplificadas pela nossa grande imprensa. Nunca se viu um acontecimento esportivo tão politizado como esse. Tudo é motivo de questionamentos para deslustrar o evento e tudo vira “escândalo” nas redes sociais, desde o aparecimento de uma aranha num dos apartamentos onde está hospedada a delegação da Austrália, a abertura da copa, que dizem que foi padrão “Frinfa” e até a penalidade sofrida por Fred, que dizem ter sido simulada e que o árbitro japonês vai sofrer uma ação no Supremo. Como sintetizou meu amigo Luiz Celso, que já dirigiu o SESC/SENAC do Acre: “Esses fdp roubaram meu prazer de torcer com isenção em um jogo de futebol. Eu agora sou contra eles e o futebol perdeu uma boa parte da graça, pelo menos, para mim”
Teve até um conterrâneo meu que achou a abertura pior do que os antigos “torneio início” que se fazia no Juvenal Lamartine em Natal, quando do início do campeonato Potiguar. Devem ser os mesmos que diziam que a Arena das Dunas não ficaria pronta para a copa. Eu conheci gente na família e amigos que diziam o mesmo. Os fatos os desmentiram e eu tive o prazer de assistir o jogo de inauguração da Arena das Dunas com meu América vencendo o Confiança de Sergipe por 2 a zero. E sempre é bom lembrar que a revista veja, em reportagem de capa, vaticinou que eles só ficariam prontos em 2037.
Todos que entendem um pouco de política e sociologia sabem que o esporte, especialmente, o futebol se constitui num dos fatores de dominação ideológica. É a famosa teoria do “pão e circo” do Império Romano para conformar e controlar as massas. O Coliseu romano inaugurado pelo Imperador Tito em 80 d.C com 100 dias de jogos, onde foram sacrificados 9 mil animais e 2 mil gladiadores foram realizados para acalmar, tanto o público, como os Deuses,tendo em vista,  que o povo do Império passavam pelo sofrimento de 3 calamidades na época. O incêndio de Roma, a erupção do Vesúvio, que arrasou Pompéia e outras cidades, e um surto de peste. Os jogos, desde então, cumpriram esse papel de amenizar e minimizar as agruras do povo, mesmo que com o sacrifício de vidas humanas, entre elas os cristãos. Os jogos só foram encerrados no ano de 523 d.C.
Mais recentemente, no século passado, os jogos Olímpicos também foram alvos de manifestações políticas. Na XI Olimpíada de 1936, em Berlim, Hitler quis organizar os jogos para mostrar a superioridade da raça ariana. O evento foi utilizado como veículo de propaganda Nazista. A Alemanha foi a campeã dos jogos, entretanto, o atleta negro americano, Jesse Owens, que ganhou 4 medalhas de ouro nas corridas de 100 e 200 metros, no revezamento 4 X 100 e no salto em distância, desmoralizou a supremacia da raça ariana.
Nas Olimpíadas do México, em 1968, ano de grande convulsões políticas no mundo todo, do mesmo modo, ocorreram manifestações políticas. Dez dias antes da abertura dos jogos a polícia mexicana reprimiu com violência um protesto de estudantes na Praça das Três Culturas, no episódio que ficou conhecido como “o massacre de Tlatelaco”. Nos jogos, propriamente dito, os atletas negros americanos Tommie Smith e John Carlos, que foram ouro e bronze nos 200 metros rasos, protagonizaram a cena política mais famosa daqueles jogos. Eles receberam suas medalhas e levantaram seus punhos cobertos por luvas negras, na saudação típica dos Black Power dos Estados Unidos e baixaram a cabeça quando o hino americano foi executado. Eles foram expulsos da delegação, mas, o gesto deles contribuíram para acabar com a segregação racial nos EUA.
A conseqüência mais trágica de se misturar o esporte com a política  aconteceu nas Olimpíadas de Munique, em 1972. “A tragédia de Munique”, como ficou conhecida, 11 atletas da equipe olímpica de Israel foram feitos reféns pelo Setembro Negro da Palestina e o desfecho desse episódio é que os 11 atletas foram mortos, além de 5 terroristas e 1 agente da polícia alemã. Sobre o tema, posteriormente, Stivie Spilberg, faria o filme “Munique”.
Agora, aqui no Brasil com a Copa do Mundo de Futebol, a mistura entre futebol e política está tão tensionada, que teme-se uma sabotagem e um ato terrorista de maior gravidade, que felizmente ainda  não aconteceu, mas, pelo que se viu na abertura com as vaias e os xingamentos que a Dilma sofreu do “vá tomar no cu” puxado pelos torcedores da ala VIP do Itaquerão, fica a clareza de que essa nossa elite é capaz de tudo para melar nossa festa e tentar influir no processo eleitoral com o desgaste do governo num possível malogro da copa e da seleção.
Essa elite paulista e brasileira, herdeira legítima da escória portuguesa que vieram como degredados para o Brasil, que se tornaram latifundiários donos de terras e escravos, depois barões do café, “revolucionários” em 32. Golpistas em 64 e que controlam a mídia impressa e de rádio e TV, num verdadeiro latifúndio midiático, tem no seu DNA a marca da violência, da intolerância e de desamor pelo Brasil. Eles não têm vergonha e nos envergonham perante o mundo.
Eles nem respeitam e nem se dão ao respeito e proporcionaram uma cena deplorável para todo o planeta.  Não se comete um desrespeito desse com uma senhora, já sexagenária, mãe e avó e, principalmente, quando essa mulher está sendo anfitriã acompanhada de dezenas de autoridades do Brasil e do Mundo numa solenidade oficial de um evento importante. Além de mãe e avó ali estava a mulher, legítimamente, eleita por quase 60 milhões de brasileiros e representava a instituição da Presidência da República, representava o Brasil.
Mas essa copa já é vitoriosa. Ela serviu para escancarar a luta de classes no Brasil, que vai ser a base de baioneta escalada. Ela serviu também para mostrar o Plano de Governo da Oposição, que essa elite e parte da classe média apóia. É o VTNC para onde eles querem que o povo brasileiro vá tomar, com suas medidas impopulares. Essas medidas podem ser resumidas em aumento do desemprego, arrocho salarial, juros altos, desmanche da Petrobrás, desmonte dos programas sociais, subserviência internacional, entre outros. Essa é a essência do VTNC.
Nós não iremos retrucar essa elite bárbara e mal educada com os mesmos termos chulos. Iremos responder no voto. Depois das eleições e com a posse de mais um mandato e com uma base parlamentar ampliada possamos fazer as reformas que o Brasil precisa. Iremos mandar nossa elite “TOMAR NO BOLSO”, que é a parte do corpo que eles têm mais sensibilidade. Espero que tenhamos condições de acabar com a propriedade cruzada dos meios de comunicação e regulamentar a mídia, baixar os juros, taxar as grandes fortunas, estabelecer a propriedade máxima, agir fortemente contra os sonegadores de impostos cobrando os impostos devidos e fazer a Reforma Política, que é pressuposto para as demais.
Agora é assistir o resto da copa e torcer pelo Brasil, “sem recuar, sem cair, sem tremer”
PS –Depois da copa irei tomar um avião para Paris, onde passarei uns dias com minha esposa. Devo essas condições de poder viajar para o exterior a Lula e Dilma, que melhoraram a situação do país. No regresso é campanha e retribuição nas urnas. Como sempre digo: de inveja não morro, mas mato muita gente.

*Marcos Inácio Fernandes,  é professor da UFAC aposentado e militante do PT.

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