quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

AMARELOU!!





AMARELOU !!
Marcos Inácio Fernandes*

Já não se faz um PT como antigamente. Intrépido, ousado, corajoso. Um PT, que sempre se mostrou de corpo inteiro nos processos eleitorais que disputou no Acre desde 1982, com chapa completa, de vereador a governador. Era um PT heroico, “puro sangue”, que não fazia alianças, nem admitia oportunistas e aproveitadores nas suas fileiras. Era o PT do Zé Gilberto vendendo balões na praça, do Lhé, Matias e Antônio Manoel como seus candidatos ao Senado. Que ousou com Marina (e teve sucesso) a uma cadeira na Câmara Alta da República, antes um reduto exclusivo de ex-governadores, empresários e outros representantes da burguesia nacional. Um PT que não fazia concessões, de princípios rígidos, que primava pela ética e a radicalidade do socialismo. Esse PT, muito sectário, talvez,  ingênuo políticamente, foi capaz e construir uma identidade partidária e disputar a hegemonia da sociedade. Nos seus 34 anos de existência, pavimentou sua chegada ao governo federal, onde está há 12 anos, e aqui no Acre está no governo há 16 anos e, em ambos os casos, com boas perspectivas de continuar.
Por isso me causou estranheza quando o PT abdicou a sua postulação de concorrer ao Senado nessa eleição de 2014. Considero uma avaliação política equivocada. Isso não quer dizer que o PC do B não tenha o direito de também postular essa vaga na eleição majoritária para o Senado. Alguns hão de dizer, que duas candidaturas pela Frente, fatalmente, iria dividir os votos da esquerda e levaria a vitória da outra candidatura. De fato seria um risco, mas desde 82, que eu questiono o “voto útil”, que o PMDB soube tão bem explorar contra o PT naquela eleição. Quem não se lembra da campanha do PMDB de “Nabor na cabeça e Rola no rabo”? Era a tese de que não se devia votar no PT, sob pena do PSD (antiga ARENA) ganhar as  eleições?
Hoje com uma legislação eleitoral menos draconiana do que naquela época, quando não se exige o voto vinculado, chapa completa e está instituído o mecanismo do 2º turno, entendo que todo partido que se preza e, realmente, tenha inserção social, devia se mostrar de corpo inteiro para o eleitorado, com seus nomes e sua própria força política nas eleições majoritárias e proporcionais. Caso nenhuma força política tenha alcançado os 50% dos votos para levar no 1º turno, aí sim se faria as alianças, coligações, as coalisões em torno das afinidades político-ideológicas, dos programas, dos planos de governo. Considero que no Brasil o PT, PSDB, PMDB, PSB, PC do B, PDT, PTB, PV, PMN, a futura REDE da Sustentabilidade, teriam, necessariamente, que pleitearem suas candidaturas aos diversos cargos. Só assim poderíamos avaliar a força e a densidade político-eleitoral de cada um.
Fico frustrado em não poder votar no PT para Senador, mesmo porque o nosso partido é a maior força política do Estado, está no governo federal, estadual, na prefeitura de Rio Branco e tem hoje alguns quadros políticos que poderia lançar mão (o próprio Anibal, o deputado Sibá Machado, o ex-governador Binho, o ex-prefeito Angelim). Antigamente só tínhamos o Nilson Mourão para lançar para os cargos majoritários e ele nunca se recusou a ir para o sacrifício, como bom cristão e petista que é. Sinto saudades desse PT!
Um PT que não amarelava, não “odarelava”, não fazia tantas concessões. Mas hoje se faz barbaridades por alguns minutos na TV. A tática e a estratégia partidária são estabelecidas pelos “bruxos” do marketing, que se tornaram os intelectuais orgânicos do partido. Fazer o que? Acho que temos que fazer é demonstrar nossa discordância, pelo menos.
Não terei constrangimento de votar na Perpétua e o farei com certeza, mas gostaria e ficaria mais confortável de votar num candidato do meu partido. Quando era do Partidão, votei no Evaristo para o Senado (que inclusive teve mais votos do que a candidata do PC do B, na  época),  Por disciplina partidária e, se é que me serve de consolo, já votei no Roberto Freire (PCB),para Presidente, no Nabor Júnior e Flaviano Melo para Governador e em Aluízio Bezerra para o Senado (todos do PMDB). Se arrependimento matasse.... e se não ocorrer nenhuma outra fatalidade até outubro, Perpétua não teria o meu voto. Pode contar com meu voto companheira. Espero que você saiba honrá-lo.

Parnamirim (litoral do Rio G. Norte), 20 de fevereiro de 2014

*Marcos Inácio Fernandes, é professor aposentado da UFAC e militante do PT.

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