AMARELOU !!
Marcos Inácio Fernandes*
Já não se faz um PT como
antigamente. Intrépido, ousado, corajoso. Um PT, que sempre se mostrou de corpo
inteiro nos processos eleitorais que disputou no Acre desde 1982, com chapa
completa, de vereador a governador. Era um PT heroico, “puro sangue”, que não
fazia alianças, nem admitia oportunistas e aproveitadores nas suas fileiras.
Era o PT do Zé Gilberto vendendo balões na praça, do Lhé, Matias e Antônio
Manoel como seus candidatos ao Senado. Que ousou com Marina (e teve sucesso) a
uma cadeira na Câmara Alta da República, antes um reduto exclusivo de
ex-governadores, empresários e outros representantes da burguesia nacional. Um
PT que não fazia concessões, de princípios rígidos, que primava pela ética e a
radicalidade do socialismo. Esse PT, muito sectário, talvez, ingênuo políticamente, foi capaz e construir
uma identidade partidária e disputar a hegemonia da sociedade. Nos seus 34 anos
de existência, pavimentou sua chegada ao governo federal, onde está há 12 anos,
e aqui no Acre está no governo há 16 anos e, em ambos os casos, com boas
perspectivas de continuar.
Por isso me causou estranheza
quando o PT abdicou a sua postulação de concorrer ao Senado nessa eleição de
2014. Considero uma avaliação política equivocada. Isso não quer dizer que o PC
do B não tenha o direito de também postular essa vaga na eleição majoritária
para o Senado. Alguns hão de dizer, que duas candidaturas pela Frente,
fatalmente, iria dividir os votos da esquerda e levaria a vitória da outra candidatura.
De fato seria um risco, mas desde 82, que eu questiono o “voto útil”, que o
PMDB soube tão bem explorar contra o PT naquela eleição. Quem não se lembra da
campanha do PMDB de “Nabor na cabeça e Rola no rabo”? Era a tese de que não se
devia votar no PT, sob pena do PSD (antiga ARENA) ganhar as eleições?
Hoje com uma legislação eleitoral
menos draconiana do que naquela época, quando não se exige o voto vinculado,
chapa completa e está instituído o mecanismo do 2º turno, entendo que todo
partido que se preza e, realmente, tenha inserção social, devia se mostrar de
corpo inteiro para o eleitorado, com seus nomes e sua própria força política
nas eleições majoritárias e proporcionais. Caso nenhuma força política tenha
alcançado os 50% dos votos para levar no 1º turno, aí sim se faria as alianças,
coligações, as coalisões em torno das afinidades político-ideológicas, dos
programas, dos planos de governo. Considero que no Brasil o PT, PSDB, PMDB, PSB,
PC do B, PDT, PTB, PV, PMN, a futura REDE da Sustentabilidade, teriam,
necessariamente, que pleitearem suas candidaturas aos diversos cargos. Só assim
poderíamos avaliar a força e a densidade político-eleitoral de cada um.
Fico frustrado em não poder votar
no PT para Senador, mesmo porque o nosso partido é a maior força política do
Estado, está no governo federal, estadual, na prefeitura de Rio Branco e tem
hoje alguns quadros políticos que poderia lançar mão (o próprio Anibal, o
deputado Sibá Machado, o ex-governador Binho, o ex-prefeito Angelim). Antigamente
só tínhamos o Nilson Mourão para lançar para os cargos majoritários e ele nunca
se recusou a ir para o sacrifício, como bom cristão e petista que é. Sinto
saudades desse PT!
Um PT que não amarelava, não
“odarelava”, não fazia tantas concessões. Mas hoje se faz barbaridades por
alguns minutos na TV. A tática e a estratégia partidária são estabelecidas
pelos “bruxos” do marketing, que se tornaram os intelectuais orgânicos do
partido. Fazer o que? Acho que temos que fazer é demonstrar nossa discordância,
pelo menos.
Não terei constrangimento de
votar na Perpétua e o farei com certeza, mas gostaria e ficaria mais
confortável de votar num candidato do meu partido. Quando era do Partidão,
votei no Evaristo para o Senado (que inclusive teve mais votos do que a candidata
do PC do B, na época), Por disciplina partidária e, se é que me
serve de consolo, já votei no Roberto Freire (PCB),para Presidente, no Nabor
Júnior e Flaviano Melo para Governador e em Aluízio Bezerra para o Senado
(todos do PMDB). Se arrependimento matasse.... e se não ocorrer nenhuma outra
fatalidade até outubro, Perpétua não teria o meu voto. Pode contar com meu voto
companheira. Espero que você saiba honrá-lo.
Parnamirim (litoral do Rio G.
Norte), 20 de fevereiro de 2014
*Marcos Inácio Fernandes, é
professor aposentado da UFAC e militante do PT.
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