O golpe passa por aí - O Partido da Imprensa Golpista -PIG e o Judiciário. É o "Golpe Paraguaio"
É a Luta de Classes, Estúpido
Marcos Inácio Fernandes*
Tenho percebido que muita gente está perplexa e escandalizada com o circo que foi armado no Supremo Tribunal Federal – STF, nesse julgamento da Ação Penal 470, que a mídia batizou por “Mensalão”. “O Mensalão do PT”. Tal julgamento, que encontra-se na reta final, está a merecer cobertura integral da TV Justiça e da mídia privada e nela estamos vendo de tudo. O Procurador/Prevaricador Geral,(segundo o Senador Fernando Collor), Roberto Gurgel, apresentando “provas tênues” contra José Dirceu; o relator, Joaquim Barbosa, proferindo seu voto em pé, fazendo “caras e bocas” e emitindo opiniões desairosas contra o PT e a política, além de se indispor de forma grosseira com o revisor do processo, Ministro Ricardo Lewandowski, e outros colegas. Vê-se, também, juízes da Suprema Corte inebriados com as câmaras da Globo, emitindo opiniões, falando “fora dos autos” e até relatando para o imprensa como vão votar. Em síntese, é a Suprema Corte de Justiça do país tratando a política como crime. É a judicialização da política. É o palco privilegiado para o golpe político de desestabilização dos governos trabalhistas de Lula e Dilma. È a luta de classes no seu front mais avançado nos dois poderosos poderes das elites – a imprensa e o judiciário.
A grande imprensa, que já condenou José Dirceu e o PT, agora pautou o STF, para o julgamento ocorrer paralelo ao processo eleitoral em curso, dando subsídios para os marqueteiros da fraca oposição (PSDB, DEM, PPS) e colocou uma faca na jugular de cada juiz do Supremo – Ai de quem não votar pela condenação dos réus do PT, apesar das “provas tênues”, ou mesmo, sem nenhuma prova. Estabeleceu-se no STF, uma nova jurisprudência: “o domínio do fato.” É a tese do Zé Dirceu, sabia; do Lula, sabia e, portanto, devem ser condenados. Tentam, por todos os meios, arrolar o ex-presidente Lula no processo. A Veja, até publicou uma “entrevista” desmentida pelo “entrevistado”, Marcos Valério, nesse sentido. O esquema é pesado. Não tenham dúvidas, que um novo estilo de golpe está em gestação. É o golpe Paraguiao/Hodurenho, que o NED (National Endowment For Democracy) fomenta pelo mundo afora. Segundo Mauro Carrara num artigo: “Os segredos internacionais por trás da “Revolução do Ódio” no Brasil” diz: “observadores internacionais estimam, por exemplo, que NED e USAID investiram US$ 50 milhões anuais no suporte às entidades que desestabilizaram e derrubaram o governo de Manuel Zelaya em Honduras. Em todos esses episódios, há um procedimento estratégico que vem sendo seguido pelos grupos de sabotagem. Podemos sintetizá-lo em dez mandamentos operativos:
1) Difunda o ódio. Ele é mais rápido que o amor.
2) Comece pela juventude. Ela esta multiconectada e pode ser mais facilmente mobilizada para destruir do que para construir.
3) Perceba que destruir é “divertido”, ao passo que “construir” pode ser cansativo e chato.
4) A veracidade do conteúdo é menos relevante do que o potencial impacto de uma mensagem construída a partir da aparência ou do senso comum.
5) Trabalhe em sintonia com a mídia tradicional, mas simule distanciamento dos partidos tradicionais.
6) Utilize âncoras “morais” para as campanhas. Criminalize diariamente o adversário. Faça-o com vigor e intensidade, de forma a reduzir as chances de defesa.
7) Gere vítimas do oponente. Questões como carga tributária, tráfico de drogas e violência urbana servem para mobilizar e indignar a classe média.
8) Eleja sempre um vilão-referência em cada atividade. Cole nele todos os vícios e defeitos morais possíveis.
9) Utilize referências sensoriais para a campanha. Escolha uma cor ou um objeto que sirva de convergência sígnica para a operação.
10) Trabalhe ativamente para incompatibilizar o político-alvo com os grupos religiosos locais.
Várias dessas agências internacionais de desestabilização enviaram emissários ao Brasil, especialmente a partir do ano passado (2010)”
Eis o receituário do golpe, que já fez duas vítimas no nosso continente (Zelaya, em Honduras e Lugo, no Paraguai) e que vem sendo seguido, a risca, no Brasil. As nossas elites, com seu latifúndio midiático, não engolem o “sapo barbudo”. Não se conformam com três derrotas consecutivas nas urnas e estão apostando todas as fichas em 2014 e querem, a todo custo, tirar Lula e Dilma do páreo. Nesse caso do “Mensalão do PT”, já elegeram o José Dirceu como o “vilão de referência” (item 8); Já escolheram o Ministro Joaquim Barbosa, como sua “âncora moral” (item 6); e criminalizam, diuturnamente, todo tempo o tempo todo, desde “OBom(?) Dia Brasil, passando pelo Jornal Nacional até o jornal das 10, o PT e o Lula. Nunca se destilou tanto ódio contra um partido, o PT, e sua maior liderança política, o Lula como nesse processo do “Mensalão” que, difinitivamente, não se prova, conforme assinalou no seu voto o Ministro Lewandowski, inocentando José Genoíno do crime que o Procurador e o Relator do processo atribuem aos membros do PT. Vamos aguardar para saber se o Ministro Revisor do Ação Penal 470, será a voz isolada no Supremo para condenar José Dirceu, sem provas. Eu não me iludo com o desfecho desse julgamento, pois o discurso do decano da Corte, Ministro Celso de Melo, foi emblemático. Resta apenas saber se a condenação sairá a tempo de ser usada pela oposição no horário eleitoral na véspera da eleição do próximo domingo e se ela influirá no pleito. Desse Supremo, tão complacente com os ricos (Já deu dois habeas corpus para o banqueiro bandido (segundo o deputado Protógenes) ,Daniel Dantas, para o Cacciola e outros criminosos),que confirmou, recentemente, a anistia aos torturadores da Ditadura Militar de 64 e entregou Olga Benário Prestes aos Nazistas, numa canetada do Ministro Hermenegildo de Barros pode-se esperar tudo. Até mesmo uma boa ação. Sobre esse deplorável papel do Supremo, em relação a Olga, que já era cidadã brasileira, pois estava casada com Prestes, de quem esperava uma filha, mesmo assim, foi entregue grávida aos Nazistas vindo a falecer num dos seus campos de concentração. Na época, Aprígio dos Anjos, (irmão de Augusto dos Anjos) fez o seguinte poema:
“Neste foro de gênios insepultos,
Cheio de múmias e quadrupedantes,
Vejo pingüins passarem por gigantes
E analfabetos por jurisconsultos.
Acórdãos de sentidos claudicantes,
Na feitura de juízes semicultos
Criam formas bizarras e tumultos,
Que escapa à perícia de Cervantes.
A balança da lei não tem mais pratos,
Desde de que sucumbiu Poncius Pilatos,
Desgraçou-se a justiça de uma vez.
Ele ao menos conforme a bíblia ensina
Lavava as mãos escuras com benzina,
Coisa que Hermenegildo nunca fez!”
Será que os atuais Ministros do Supremo, pelo menos, “lavarão as mãos escuras” com benzina para condenar José Dirceu sem provas?
Como diria o Clinton em outro contexto e sobre a economia. É a luta de classes, estúpido!!
*Marcos Inácio Fernandes (Marcão).
Professor aposentado da UFAC e militante do PT