segunda-feira, 9 de novembro de 2009

SOBRE INGRATIDÃO


Maria Exuberante

Maria confinada

MARIA NINGUÉM



Marcos Inácio Fernandes.*




Não é a Maria do samba Bossa Nova do Carlos Lyra. É a Maria Antônia nossa amiga, companheira e ex- Vereadora do PT. Encontrei-me com ela em São Paulo quando regressava do X Congresso das Associações e Sindicatos da Extensão Rural – CONFASER e da reunião da Academia Brasileira de Extensão Rural – ABER, realizado em Florianópolis na última semana de outubro. Visitei-a no sábado último (31/10) no seu apartamento do Cardin Plaza Hotel, bem perto do hospital da Beneficência Portuguesa.
Creio que a minha visita lhe fez bem. Quem não ficou bem fui eu em lhe ver confinada num minúsculo quarto de hotel, sem poder caminhar devido o problema na coluna, com a voz cansada, a memória falhando e um pouco amargurada pelo abandono a que está relegada pelos “companheiros” do partido e alguns amigos. Ainda bem que, nessas horas, para alguns, ainda resta a família para se amparar. Maria está acompanhada pela sua irmã Graça (esposa do Silva da EMATER), que controla a sua medicação (uma enxurrada de comprimidos por dia). Ainda bem, que ela conta com esse suporte familiar para enfrentar o seu infortúnio que, espero e desejo, que não se prolongue mais.
Aos 65 anos, Maria dedicou quase a metade desse tempo de sua existência ao movimento sindical e político no PC do B e no PT. Foi Vereadora por duas legislaturas, sendo que na última era a única Vereadora do PT. Na eleição de 2008, ela não conseguiu se reeleger e ficou no ostracismo político e com dívidas de campanha. As dívidas é uma das coisas que a angustia muito. Ela me confidenciou que, não pode morrer, enquanto não pagar suas dívidas com as pessoas que confiaram nela. Vejam vocês se isso é coisa para se preocupar prá quem já fez três cirurgias esse ano, inclusive, uma na cabeça de onde tirou um coágulo de 8 cm e continua em tratamento sem ter ainda um diagnóstico preciso do seu problema?
Para os que acreditam em castigo, penitência, purgação, carma, essas coisas, talvez encontrem uma explicação para o que está acontecendo com Maria que, até no ano passado, não sentia uma “dor numa unha” e agora só não tem “falta de ar”. É a vida com os seus sortilégios. Agora o que mais maltrata e magoa Maria é a falta de solidariedade, a indiferença e a omissão dos companheiros de partido. O que é isso companheiros? Lembrem-se do samba antológico do Nelson Cavaquinho: “..Quem quiser fazer por mim, que faça agora...” (Quando Eu Me Chamar Saudade). Maria Antônia precisa e merece um pouco da nossa generosidade. “As flores em vida”.

*Marcos Inácio Fernandes é militante do PT e um amigo, sem procuração, da Maria Antônia
Artigo publicado no jornal A gazeta de 05 de novembro de 2009. Pag. 3

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