domingo, 28 de abril de 2013

JÁ DIZIA O POETA QUE O BRASIL NÃO ACABA EM ABRIL. HÁ OUTUBROS!

Compartilho excepcional artigo do Saul Leblon, publicado no Carta Maior (MIF)


 Dias de Abril: o piloto sumiu?
 Por Saul Leblon.

 Há três semanas, o conservadorismo comanda as expectativas do país. O carnaval do tomate e a furor rentista marcaram a segunda quinzena de abril. Deu certo. No dia 17, o BC elevou os juros. Ato contínuo, vários indicadores desautorizaram as premissas da terapia ortodoxa. Os preços dos alimentos – não o único, mas um fator sazonal importante na pressão inflacionária – perderam fôlego. O do tomate desabou.
 Não apenas isso. O cenário internacional desandou. Recordes de desemprego na Europa vieram se somar à deflação das commodities, ademais da decepção com a velocidade da retomada nos EUA. Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos especialistas em incursões aos abismos e às bancarrotas.

 Há cinco anos eles advertem que a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado. (Leia também: ‘O Brasil é um crime contra o mercado’) Nenhuma voz do governo ou do PT soube salgar o diagnóstico conservador com a salmoura pedagógica das evidências opostas. Dilma poderia ter ido à TV. É sua responsabilidade esclarecer a opinião pública quando o futuro do país esta sendo ostensivamente jogado na sarjeta das manipulações. Não significa mistificar os problemas de uma transição macroeconômica difícil rumo a um novo ciclo de investimento. Mas, sim, separa-los de interesses que não são os da nação.

As ferramentas macroeconômicas não tem partido. Mas a forma de combina-las, a dose e a direção, dependem de opções políticas mediadas pela correlação de forças. Um pedaço da correlação de forças se define no diálogo com a sociedade. Disputar as expectativas, em certos momentos, é tão decisivo quanto ajustar as linhas de passagem entre um ciclo e outro.

 Um governo que toma decisões ancorado em diálogo direto com suas bases, e apoiado por elas, irradia uma capacidade de comando que desencoraja o assalto conservador. Se Lula ficasse mudo em 2008, o jogral pró-cíclico faria do Brasil um imenso Portugal .

 O quadro hoje é outro? Sempre é outro. É para isso que existe governo. Se a história fosse estável e previsível , bastariam burocracias administrativas. Veio a terceira quinzena de abril. Enquanto o PT se preocupa com Eduardo Campos, o verdadeiro partido oposicionista alimentava um clima de dissolução institucional. É só aquecimento: o lacerdismo togado e seu diretório midiático podem muito mais. A pauta da ‘caça ao Lula’ voltou às manchetes. Grunhida pela boca do casal Roberto Gurgel e esposa, sub-procuradora Claudia Sampaio.

 Estamos em linha com a nova tradição latino-americana. A implosão institucional de governos progressistas tem no lacerdismo togado um laboratório de ponta no país. São sucessivas as contribuições ao modelo. Na desta semana, o STF desautorizou o Congresso a analisar a PEC sobre novos partidos, subtraindo espaço do Legislativo na divisão dos poderes. A ideia de um Judiciário que diga ao Congresso o que ele pode e o que ele não pode discutir e votar é estranha à democracia. Mas não ao método conservador, que pauta um Brasil cada vez mais explícito, à direita, em seus duetos e sintonias .

 Respira-se a certeza da impunidade associada à supremacia asfixiante do poder de difusão conservador. Avulta daí a progressiva desenvoltura de personagens que se dispensam do recato e da liturgia observada nos velhos conspiradores. Joaquim Barbosa se manifesta como uma extensão de Merval Pereira. E vice-versa. Gurgel acossa Lula e agasalha o líder de Carlinhos Cachoeira no Congresso, Demóstenes Torres, com uma aposentadoria de R$ 22 mil. E ninguém dá gargalhadas. Como diz o senador Requião, falta humor à crítica política.

 Falta também capacidade de se escandalizar. Um delegado ex-integrante do aparato da ditadura diz que Otávio Frias e Sergio Fleury eram parceiros de teoria e prática. Tomavam chá das cinco no DOPS. Dá para acreditar? Dá para ter certeza de que as veladas ligações entre o dispositivo midiático e a ditadura precisam ser investigadas. Por uma comissão de verdade. Quem se dispõe? Silêncio constrangedor.

 O ministro Mercadante defende a Folha e o ‘seu’ Frias – como ele se refere ao falecido pai de Otavinho, em nota tocante. (Leia o artigo demolidor de Paulo Nogueira, do blog do Centro do Mundo; nesta pág.) Toffoli, ministro do Supremo, dá ultimato à Câmara: os representantes do povo tem 72 horas para explicar o que estão pretendendo com a PEC-33 que determina que algumas decisões do STF sejam submetidas ao Congresso e eleva de seis para noves votos o quórum do Supremo ao invalidar emendas constitucionais do Legislativo.

 Paulo Bernardo alia-se ao oligopólio da mídia .
 A Secom sustenta a Globo.
 E o sub do sub do Banco Central vai discursar no Banco Itaú, espécie de diretório informal do PSDB. Prega o choque de juros
 O piloto sumi
 Esse filme não é no
 E nunca acaba bem

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