domingo, 30 de novembro de 2008

EXTENSÃO RURAL - 60 ANOS










No próximo dia 6 de dezembro a Extensão Rural Brasileira completa 60 anos. As comemorações começam já nesta 2ª feira (1/12) com o lançamento da edição comemorativa sobre os 60 anos da Emater-MG do jornal AMAER Informa, veículo da Associação Mineira dos Aposentados da Extensão Rural. Na 5ª feira, na Assembléia Legislativa do Estado, haverá Sessão Solene para o lançamento do livro "O jeito Mineiro de fazer Extensão Rural". Durante o transcurso da semana haverá reuniões da ASBRAER e da ABER e muita confraternização dos Extensionistas do Brasil, lá em BH e pelo Brasil afora. Estarei presente em Minas, berço da Extensão Rural Brasileira.
Compartilho com os Extensionistas do Brasil e do Acre o texto abaixo sobre o nossa instituição sexagenária, mas com tudo funcionando, que saiu publicado no jornal Página 20, na edição de hoje.





Hur Ben (Presidente da Aber), Marcos Antonio( membro da ABER por Alagoas) e José Silva (Presidente da ASBRAER e da EMATER-MG. Nosso anfitrião.)


EXTENSÃO RURAL -60 ANOS
UMA INSTITUIÇÃO REPUBLICANA E UM SERVIÇO DE ESTADO
*Marcos Inácio Fernandes


“O passado não nos dirá o que devemos fazer, mas sim,o que devemos evitar.”
José Ortega y Gasset – A Rebelião das Massas.



“Há tempos em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, a margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa (1888- 1935)


Neste 6 de dezembro, a Extensão Rural Brasileira completa 60 anos de existência. É uma sexagenária com grande vitalidade, “insistindo na juventude”, resistindo, reaprendendo e se reafirmando como uma instituição REPUBLICANA. Nós da Extensão temos muito orgulho do nosso passado, de fazer parte de um serviço que, ao longo de sua história, sempre respeitou a COISA PÚBLICA, que nunca se envolveu em ilícitos administrativos, que nunca se envolveu em esquema de corrupção e sempre teve as suas prestações de contas aprovadas pelos órgãos fiscalizadores. Isto é o que se espera e se exige dos gestores e servidores públicos. E os extensionistas são servidores públicos por excelência.
Somos, desde 1948, os “eternos carregadores de piano” de todas as políticas públicas para o meio rural brasileiro. Sempre tocamos as partituras que já vinham prontas dessas políticas, mas agora, queremos também participar do arranjo na construção da melodia, sermos co-autores, solistas, maestros e até professores/animadores/facilitadores desse processo de educação informal que é a extensão rural. Nessa perspectiva e na atual conjuntura da vida política do nosso país, o extensionista tem que se preparar para assessorar os agricultores/produtores familiares a serem, principalmente, PRODUTORES DE DECISÕES! Que eles sejam protagonistas nos processos de decisões políticas, na definição das políticas públicas, na afirmação de seus interesses enquanto classe social.
Cabe aos extensionistas como “como agente político de desenvolvimento” e como educador popular, contribuir no processo de tomada de decisões dos agricultores/produtores familiares e suas organizações. Decisões implicam em escolhas, fazer opções e definir alternativas. Na busca da melhor alternativa é necessário conhecimento, dispor de informações e capacidade política para construir alianças, aglutinar forças e minimizar os riscos inerentes aos processos, quase sempre conflituosos, das relações de poder e das tomadas de decisões políticas. Cabe a extensão, esse enorme desafio de fazer com que os agricultores/produtores familiares evoluam de uma consciência ingênua para uma consciência crítica e organizativa. A questão da organização dos produtores e da produção é central, o resto é “perfumaria” e vem como conseqüência do nível organizativo.
Produtores organizados significa a construção de sua VONTADE COLETIVA, como protagonista de um drama histórico real e efetivo como nos ensina Gramsci na sua obra de referência: “Maquiavel a Política e o Estado Moderno”. A vontade coletiva, portanto, é algo mais profundo do que interesses individuais e imediatos. Ela será descoberta e organizada num processo coletivo e continuado de consulta/confronto a respeito da origem e superação de problemas em todos os campos da realidade social dos produtores familiares. O grande desafio da Extensão é saber, como neste campo, prestar um serviço que defenda e afirme os interesses dos agricultores/produtores familiares, razão da nossa existência institucional.
Vivemos um bom momento na Extensão Pública Oficial no Brasil e no Acre. Este bom momento é conseqüência do CICLO VIRTUOSO que o país atravessa onde três fenômenos ocorrem concomitantes e simultaneamente – DEMOCRACIA, CRESCIMENTO ECONÔMICO, E INFLAÇÃO BAIXA.
Neste momento histórico e nessa conjuntura política, quando se pretende que o desenvolvimento seja sustentável, que o crescimento econômico seja com distribuição de renda e com respeito ao meio ambiente, a extensão pode e deve cumprir um papel essencial.
Considero que o nosso serviço é de caráter ESTRATÉGICO, não é simplesmente um serviço de governo, mas um serviço e uma CARREIRA DE ESTADO, pois lidamos com uma questão de SOBERANIA NACIONAL, que é a SEGURANÇA ALIMENTAR e a EDUCAÇÃO do nosso povo. Um povo onde muitos “Severinos ainda morrem de velhice antes dos 30/ de emboscada antes dos 20/ e de FOME um pouco por dia” como registra João Cabral de Melo Neto no seu poema FUNERAL DE UM LAVRADOR.
Enquanto a chaga social da FOME e do ANALFABETISMO perdurar no Brasil, não poderemos falar de democracia plena, de cidadania, de desenvolvimento e, também, não se poderá prescindir do serviço público da Extensão Rural Oficial para atuar com outros parceiros governamentais e não governamentais no combate a fome, a miséria e a exclusão social. Parabéns Extensionistas do Acre e do Brasil pelo o seu dia, com a certeza de que dias melhores virão. Como educadores e construtores de utopias, sejamos sensatos, queiramos o impossível ! E, Já que dizem que o nosso serviço é um sacerdócio, miremo-nos no exemplo e nas palavras de São Francisco de Assis (que bem podia ser o padroeiro da Extensão Rural): “Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.”


· *Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é Extensionista, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural-ABER.


Membros da Academia Brasileira de Extensão Rural - ABER

DR. RUY E OS PATOS




Eu levo ou deixo



Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa um certo dia, ouviu um
barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou um ladrão
tentando levar seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar
pular o muro com seus amados patos,disse-lhe:
"Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos
bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o
recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e a socapa.


Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares
da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com
minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com
tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo
denomina nada."

E o ladrão, confuso, diz:
"Dotô, eu levo ou deixo os pato?"

O BRASIL É O BICHO!!!


O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU DO BRASI.


Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.

Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta. Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.

Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.

Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.

Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1.. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.
2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária. 4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo. 5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma. 7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês. 9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.
10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos. Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?

1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta? 3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários? 5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?
7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem? Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando. É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!! Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser ! ! !
BRASILEIRO!!!

REFLEXÕES SOBRE A SUSTENTABILIDADE

Mais uma contribuição do amigo Mário Amorim, que compartilho com Vocês.





O mundo empresarial carece de líderes socioambientalmente responsáveis, segundo o Global Compact, programa da Organização das Nações Unidas (ONU). E formá-los consiste numa tarefa tão urgente quanto necessária para uma revisão dos modos de pensar e fazer negócios à luz dos novos conceitos da sustentabilidade. Segundo o programa, os líderes globalmente responsáveis enfrentam quatro desafios-chave: pensar e agir num contexto global, ampliar o propósito da empresa para além dos resultados econômico-financeiros, colocar a ética como atributo central e reestruturar a educação dos executivos visando inserir transversalmente nos currículos a Responsabilidade Social Empresarial (RSE).

A liderança em sustentabilidade exige, sobretudo, coragem para defender mudanças que, apesar de necessárias, certamente não vão agradar a todos. "Transmitir conceitos de sustentabilidade significa defender e praticar limites e restrições: restrições à emissão de carbono, ao uso de água, limites para a pesca e ao consumo, o que, reconheçamos, não contribui para a popularidade de ninguém. A mudança do paradigma de desenvolvimento atual depende de haver massa crítica de pessoas dispostas a internalizar a mudança e a pagar um preço por isso", afirma Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em seu livro mais recente "Os Desafios da Sustentabilidade".
José Luciano Penido, CEO da Votorantim, concorda com Almeida. Para o executivo, mais do que compreender os dilemas atuais, como as ameaças ambientais e a exclusão social, o líder sustentável deve ter sensibilidade para incorporá-los no desenho das estratégias de negócio da empresas que dirige. "Ele não é só um sujeito de bom coração com uma crença religiosa. É alguém que percebe a importância de conjugar resultados econômicos, sociais e ambientais, divide isso com os colegas e faz com que a empresa ache o seu jeitão de ser em relação ao tema", diz.

Capacidade de interagir

Na avaliação de Franklin Feder, presidente da Alcoa do Brasil, os líderes sustentáveis se destacam dos demais por causa de três características complementares. "A primeira é a convicção de que no mundo de hoje e de amanhã, a sobrevivência de uma organização vai depender da sua capacidade de interagir com as partes interessadas. Por isso, precisa ter uma segunda qualidade, para a qual há cada vez menos tempo, que é a da escuta. A escuta é o princípio da habilidade de dialogar, terceira característica", define. Para Feder, uma das maiores dificuldades para a implantação da sustentabilidade em organizações grandes e complexas, como a Alcoa, é justamente fazer com que o trinômio convicção-escuta-diálogo chegue "até o final da linha", sendo absorvido, como prática, por cada um dos seus seis mil funcionários.

Pensar coletivamente é, na opinião de Luis Fernando Nery, gerente de responsabilidade social da Petrobras, a principal e mais importante qualidade de um líder sociambientalmente responsável. "A idéia da sustentabilidade, seja aplicada ao planeta, a uma empresa, a uma comunidade ou ao país vem sempre associada a algo coletivo. Nunca é ação de uma única pessoa. Hoje temos, como visão teórica, o ‘triple bottom line’. Mas provavelmente outros fatores serão adicionados a esse conceito daqui a pouco. No entanto, o que não vai mudar é a visão coletivista", explica.

De acordo com Nery, o respeito à diversidade, a capacidade de lidar com o contraditório e a crença na transparência são competências básicas para o novo líder em sustentabilidade. "O que se espera normalmente de um líder é que promova a consciência do grupo de liderados. Ele tem que ser, portanto, uma pessoa insatisfeita com o atual estado de coisas. Precisa querer melhorar o desempenho dos grupos, respeitando as diferenças", diz. No caso específico da sustentabilidade, os discursos devem ser escorados em ações firmes, coerentes e decididas. Caso contrário, resultarão em descrédito. "O grande desafio é informar, capacitar e empreender a mudança efetiva de modelo mental", defende.

Cultura se faz com pessoas

Os entrevistados de Idéia Socioambiental concordam em pelo menos um ponto: não se cria uma cultura de sustentabilidade da noite para o dia, nem por decreto, muito menos sem a presença de lideranças comprometidas com o desafio da agilizar a transformação de estratégias e práticas. "Implantar um processo como este exige uma mudança em todo o modelo de gestão da empresa. As pessoas precisam perceber que esse processo é bom para elas, para a corporação e para a sociedade. Por mais que o líder tenha a crença, a determinação e a empatia, vai precisar das pessoas para fazer a mudança. Logo, deve acreditar nelas e no seu potencial de tocar bons projetos", afirma Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal. Observando os líderes de sua organização, ela os classifica como pessoas "que acreditam na capacidade que temos de transformar a realidade".

Na análise de Milton Vargas, vice-presidente do Bradesco, bons conhecimentos sobre sustentabilidade são importantes para um líder. Mas nada substitui uma identidade forte com a organização, um vínculo sólido com seus propósitos e a confiança dos liderados. "A cultura da responsabilidade socioambiental não pode ser imposta. Logo, em empresas como o Bradesco, muito grandes e capilarizadas, os 80 mil funcionários precisam acreditar no valor da mensagem sustentável, na coerência da empresa e no seu compromisso para levá-la a 35 milhões de clientes. O líder não pode ser retórico, tem que ganhar o apoio dos liderados para entregar os resultados. E para isso, precisa estar muito afinado com o que pensa a organização", diz Vargas. Quando a cultura interna é favorável, ressalta, os líderes em sustentabilidade surgem como parte de um natural processo de assimilação do tema pelas estratégias de negócio.

Como mudar

Assim como não se insere sustentabilidade no negócio senão a partir de um longo processo cultural, também não se transforma o modo de pensar e conduzir negócios de fora para dentro nem de baixo para cima. É nisso em que acredita Marcelo Araújo, presidente do conselho de administração do Grupo Camargo Corrêa. Em sua opinião, líderes que crêem e desejam são agentes transformadores em potencial porque possuem o poder necessário para promover a mudança. "Pressões da sociedade civil ajudam a criar um ambiente propício para essa transformação nas empresas. Mas como o modelo capitalista competitivo é muito poderoso, a mudança deve começar de dentro para fora, capitaneada por líderes que, além de dominar as variáveis do sistema, acreditam na idéia de que é preciso acrescentar outros objetivos aos financeiros. Essas lideranças contaminam outras, criam novos estímulos e novos padrões de avaliação de performance", destaca.

Para Araújo, o líder sustentável deve agir no trabalho com a mesma ética com que age em família, entre amigos ou na sua comunidade. "Em um mundo tão complexo, ninguém tem todas as respostas. Existe um horizonte futuro que precisa ser preservado. Não devemos consumi-lo inteiramente durante a nossa passagem pela vida. Essa é uma sabedoria que tem que guiar os líderes deste início de século", explica.

No comando da Fundação Kellogg para a América Latina e o Caribe, o médico Francisco Tancredi trabalha há anos com financiamento de projetos de organizações de terceiro setor. Por conta do compromisso profissional, convive intensamente com líderes sociais. Conceitos como ética, transparência, participação comunitária, senso de humanidade, espírito de cidadania e responsabilidade por causas sociais e ambientais sempre foram itens obrigatórios na formação desses líderes. A diferença agora é que também passaram a interessar o líder empresarial, não por dilentatismo, mas como elementos integrados à gestão de negócios "Na prática, não vejo mais grandes diferenças entre uma e outra liderança, embora desenvolvam atividades distintas. Os líderes de empresas estão cada vez mais preocupados com as mesmas questões que antes mobilizavam apenas os de terceiro setor. Isso é um avanço para a sociedade", afirma Tancredi, para quem o líder sustentável deve ser capaz de motivar, conduzir, conectar e construir relações de confiança.

O executivo concorda com Araújo, da Camargo Corrêa, em relação ao poder dos que lideram organizações grandes. "Essas corporações formam opinião no meio empresarial. E o fato de que seus líderes, além de fazerem investimento social privado, têm inserido a responsabilidade social no centro das estratégias de negócio, está fazendo muita diferença", diz. Desde 2001, a Fundação Kellogg é parceira do Instituto Ação Empresarial pela Cidadania (PE) na realização de seminários que visam sensibilizar empresários para a temática da responsabilidade social e cidadania. Como parte desse esforço que, a partir de 2003, integrou também o "Save The Children" do Reino Unido, nasceu o Lidera - Liderança Empresarial para o Desenvolvimento do Nordeste. Um dos objetivos do programa é mobilizar líderes empresariais para que reflitam sobre seus papéis e os de suas empresas, participando mais ativamente da transformação de realidades sociais no país.

Fonte: Por Ricardo Voltolini, in Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14

domingo, 23 de novembro de 2008

AREVOLTA DA CHIBATA (22/11/1910)



O estopim da Revolta da Chibata foi o castigo de 250 açoites sofrido por um marinheiro. A punição como de costume ocorreu na presença dos outros marujos. O marinheiro desmaiou enquanto apanhava, mas seu algoz continuou a bater-lhe. O fato aconteceu no encouraçado Minas Gerais, que navegava em direção ao Rio de Janeiro. Os revoltosos mataram o comandante do navio de guerra e mais cinco oficiais, que resistiram. Já na Baía de Guanabara, outros marujos assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Dois mil marinheiros aderiram à revolta, que exigia o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para os amotinados. Para espanto dos oficiais, os marinheiros mostraram que sabiam manobrar as modernas embarcações com perícia e habilidade. Na manhã do dia 23 de novembro, sob a liderança do marinheiro de primeira classe João Cândido Felisberto e com redação de Francisco Dias Martins, foi enviado um ultimato ao governo:" (...) Queremos a resposta já e já. Caso não a tenhamos, bombardearemos as cidades e os navios que não se revoltarem." A Marinha esboçou um ataque com dois navios menores, que foram rechaçados pelos revoltosos. Os marujos deram tiros de advertência contra o Palácio do Catete, sede do Poder Executivo, e contra a Ilha das Cobras. Encurralado, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar as exigências dos rebeldes. Os marinheiros confiaram na palavra do presidente, mas foram traídos por ele. Depois de entregarem as armas e abandonarem os navios, foram expulsos da Marinha. No dia 4 de dezembro, houve novo motim, dessa vez na Ilha das Cobras. A revolta foi reprimida com rigor. O Almirante Negro na InglaterraA idéia de fazer um movimento que acabasse com os maus-tratos na Marinha brasileira surgiu dois anos antes de eclodir a Revolta da Chibata, quando o marinheiro João Cândido viajou para a Inglaterra para acompanhar a construção do encouraçado Minas Gerais. Lá, João Cândido e outros marujos, participaram de reuniões sindicais dos marinheiros ingleses e tomaram conhecimento do motim dos marinheiros do encouraçado russo Potemkin, ocorrido em 1905, motivado pela má alimentação a bordo. como represália por ter liderado o levante dos marinheiros, João Cândido foi expulso da Marinha, e morreu pobre, em 1969, como carregador de peixes do Porto do Rio de Janeiro.












EM HOMENAGEM A REVOLTA DA CHIBATA
Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.








Agora, além das "pedras pisadas do cais" João Cândido ganhou uma estátua no Rio de Janeiro numa justa homenagem a um herói do povo brasileiro o "Almirante Negro", João Cândido Felisberto.





O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra original sem censura)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo

O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra após censura durante ditadura militar)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo


NINGUÉM É 100% LÓGICO


Meu amigo, conterrâneo e confrade da ABER, Mário Amorim, enviou-me email com o texto abaixo e com os votos de "uma semana Saudável". Obrigado Mário. Está registrado seu novo enderêço eletrônico.

Ninguém é 100% lógico


Por mais que possamos procurar a racionalidade, a coerência e a serenidade, nenhum ser humano é 100% lógico. E se porventura alguém conseguir ser 100% lógico, racional, é aconselhável fugir dele, pois será um carrasco, um aparelho de reagir e julgar rígido. Estará preparado para se relacionar com máquinas e não com os imprevisíveis e contraditórios seres humanos.

Só os computadores são invariavelmente matemáticos. Nem é desejável sê-lo. Por quê? Porque não apenas a irritabilidade, o egoísmo e a arrogância são frutos ilógicos da emoção, mas também o amor, a compaixão, a solidariedade e o perdão.

Steven Pinker, professor de psicologia e diretor do Centro de Neurociências Cognitiva no Instituto Tecnológico de Massachusetts, reconhece que ainda há muitos mistérios sobre a mente, a consciência, o “self”, o significado, o conhecimento e a ética. Mas discordo quando diz que a mente é um sistema de órgãos de computação para resolver o tipo de problema que os nossos ancestrais enfrentavam para se manterem vivos (Pinker, 2001).

A mente só resolve os problemas de sobrevivência se for treinada, equipada, educada. Uma vez equipada com os códigos da inteligência, a capacidade de resolução mental ultrapassa os limites da lógica, tem uma versatilidade inatingível pelos computadores.

Explique o que é o amor. Ele é inexplicável. Toda pessoa que ama é ilógica se entrega mesmo sem ser correspondida. Quem tem paciência com quem erra, é ilógico. A paciência não pode ser prevista em um programa lógico de computador. É mais do que esperar, dar um intervalo de tempo – é uma intenção subjetiva, é confiar e dar crédito a quem não merece, pelo menos em um determinado momento. Quem se esquece de si mesmo e pensa na dor do outro também é ilógico.

O ódio e o amor, a arrogância e a humildade, nascem em fontes muito próximas, em fontes que transcendem os limites das leis matemática, no indecifrável e imprevisível mundo da mente humana.

Quem aprende a decifrar os mais excelentes códigos da inteligência deixa o mundo intolerante e inflexível da lógica e dos números, e se humaniza. Torna-se paulatinamente resiliente, maleável, solidário, sensível, compassivo, paciente, generoso, magnânimo. Quanto mais decifra os códigos mais uma pessoa se torna um ser humano e menos deixa de ser um deus rígido e auto-suficiente. Infelizmente, como não aprendemos a decifrar os códigos, temos mais deuses do que seres humanos na humanidade.

“Quem crê que seus pensamentos são verdades absolutas está preparado para ser deus e não um ser humano”. – A. Cury, em Os segredos do Pai Nosso

Fonte: O Código da Inteligência - Augusto Cury

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

OLHA O SUPREMO AÍ GENTE!!!

Sem comentários!!!





O CORONÉ GILMAR






Gilmar: às favas a ética



Relembre a reportagem "O Empresário Gilmar", publicada na edição 516 de CartaCapital, de 8 de outubro de 2008:



“Quem quiser ficar rico, não vá ser juiz”João Batista de Arruda Sampaio, desembargador e jurista (1902-1987)




Por Leandro Fortes. Colaboraram Filipe Coutinho e Phydia de AthaydeDesde que veio à tona a história do suposto grampo de uma conversa com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, galvanizou os anseios de uma parte da sociedade que enxerga nos ministros de tribunais superiores a chance de controlar o poder negado nas urnas em eleições recentes. Como “vítima” de uma interceptação ilegal até agora não comprovada, Mendes acabou alçado à condição de paladino do Estado de Direito, dos valores republicanos e, por que não, da moralidade pública.O episódio exacerbou uma tendência crescente do STF, a de interferir além dos limites de sua atribuição na vida dos demais poderes. Coube a Mendes chegar ao extremo, quando chamou “às falas” o presidente da República por conta da mal-ajambrada denúncia do tal grampo. O Congresso, a Polícia Federal, os juízes de primeira instância, o Ministério Público, ninguém escapa da fúria fiscalizadora do magistrado que ocupa o principal cargo do Poder Judiciário no Brasil.
Quem tem a pretensão e o pendor para “varão de Plutarco”, presume-se, segue à risca na vida particular os padrões morais que prega aos concidadãos. Não parece ser este o caso de Mendes. A começar pela sua participação no controle acionário do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Há de cara um conflito ético, ainda que as regras da magistratura não sejam claras o suficiente sobre a permissão de juízes possuírem negócios. Criado em 1998, o IDP organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Entre 2000 e 2008, faturou cerca de 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. No quadro de professores contratados pelo instituto figuram ministros de Estado e dos tribunais superiores, e advogados renomados, vários deles defendendo clientes com ações que tramitam no STF presidido por Mendes.A Lei Orgânica da Magistratura deixa dúvidas sobre os limites da atuação de juízes além dos tribunais. O parágrafo 2º do artigo 36 diz ser vedado exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, caso do IDP, mas nada diz sobre possuir ações ou cotas do empreendimento. Magistrados mais antigos sempre interpretaram que a lei só permite ao juiz dar aulas remuneradas, nada mais. A visão tem mudado. Estudiosos do Direito como David Teixeira de Azevedo, professor da Universidade de São Paulo, e Dalmo Dallari, professor aposentado da USP, afirmam que não há nada na legislação que proíba expressamente a participação societária em empresas privadas. “É preciso ver, porém, se o juiz se valeu de sua condição para obter qualquer tipo de benefício.”
O que se pode dizer do IDP é que gravitam ao seu redor nomes de peso da República. O corpo docente é formado por 87 professores, entre eles dois ministros do governo Lula, Nelson Jobim (Defesa) e Jorge Hage (Controladoria-Geral da União). Eventualmente dão palestra no instituto, José Antonio Toffoli, advogado-geral da União, e Mangabeira Unger, do Planejamento Estratégico. Unger, por exemplo, esteve lá na quinta-feira 2, na abertura do 11º Congresso Brasiliense de Direito Constitucional.
Vários dos colegas de tribunal também são docentes do instituto: Carlos Alberto Direito, Carlos Ayres Britto, Carmem Lúcia Rocha, Eros Grau e Marco Aurélio Mello. Há ainda diversos titulares do Superior Tribunal de Justiça.O presidente do STF tem dois sócios na escola. Um deles é o procurador regional da República Paulo Gustavo Gonet Branco, o outro, o advogado Inocêncio Mártires Coelho, último procurador-geral da República da ditadura, nomeado pelo general-presidente João Baptista Figueiredo, em junho de 1981. De acordo com a Junta Comercial do DF, cada sócio desembolsou 402 mil reais, num total de 1,2 milhão de reais, para fundar o IDP.
O investimento parece ter dado frutos. O IDP mantém, por exemplo, contrato com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente presidido por Carlos Ayres Britto, que substituiu na função Marco Aurélio Mello. Já o faturamento em contratos com a União cresceu após Mendes ter sido nomeado ministro do Supremo. De 2003 para cá, o valor somou 1,6 milhão de reais, segundo dados disponíveis no site Contas Abertas (www.contasabertas.com.br). O mês de setembro foi particularmente pródigo: 350 mil reais em convênios. Todos, repita-se, firmados sem licitação.
No Portal da Transparência da CGU, mantido pelo governo federal, há dados interessantes sobre os contratos do instituto. Dentro das guias de pagamento do portal, aparece um acordo com a Receita Federal até para trabalho aduaneiro. O Ministério da Defesa – de Jobim – pagou 55 mil reais ao instituto, e a CGU, 15 mil reais.
Têm sido comuns também contratos com a Força Aérea Brasileira. Tanto interesse da FAB nas consultorias do instituto do ministro Gilmar Mendes tem uma razão de ser. O diretor-geral do IDP é um experiente coronel da reserva da Aeronáutica, Luiz Fernandes de Oliveira, segundo ele mesmo, com carta-branca dos sócios para fazer tudo, “menos fechar o IDP”. Aviador por formação, com cursos de administração pública na Fundação Getulio Vargas e de Ciências Políticas Militares, no Exército, o coronel Fernandes é um velho conhecido do brigadeiro Juniti Saito, com quem trabalhou na FAB. Bem articulado, o diretor-geral fechou bons contratos para o IDP, e não somente na Aeronáutica.
Os valores recebidos da União pelo IDP, em 2008, devem-se, sobretudo, a três contratos firmados com o Senado Federal, o STJ e a Receita Federal. Do Senado, o instituto do ministro Mendes recebeu 125 mil reais, para ministrar um curso de Direito Constitucional para “consultores e demais servidores” da Casa. No STJ, o curso é de Direito Tributário, voltado para servidores lotados em gabinetes de ministros, ao custo de 88,2 mil reais. E, finalmente, da Receita Federal o IDP recebeu 117,9 mil reais para também aplicar um curso de Direito Tributário a funcionários do órgão.Pelo Portal da Transparência é possível saber que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional contratou o IDP para gerir o programa de “Recuperação de Créditos e Defesa da Fazenda Nacional”, por 11 mil reais. O interessante é que, entre os professores do IDP, há três procuradores da Fazenda Nacional: Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, José Levi Mello do Amaral Júnior e Rodrigo Pereira de Mello.
Há mais. Em 2006, a Receita Federal pagou 16 mil reais ao IDP na rubrica “Administração do Programa” e “Arrecadação Tributária e Aduaneira” do Aeroporto de Brasília. Segundo a assessoria do órgão, a Receita pagou curso de pós-graduação em Direito Tributário a servidores. Na mesma linha, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do MEC pagou 58 mil reais ao IDP para “Controle e Inspeção da Arrecadação do Salário-educação e sua Regular Aplicação”, dentro do programa de Gestão da Política de Educação.
Os cursos oferecidos pelo IDP também foram contratados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), que pagou 690 mil reais para oferecer a 92 procuradores do DF pós-graduação em Direito Público, entre março de 2006 e junho de 2007. Assim como nos outros contratos, a licitação foi considerada “inexigível”.No período em que Jobim presidiu o STF, entre 2005 e 2006, o tribunal gastou quase 50 mil reais em cursos e eventos oferecidos pelo instituto de Mendes, tudo sem licitação, na modalidade “inexigível”, ou seja, a partir do pressuposto de não haver outra entidade capaz de prestar serviços semelhantes. De fato, ao congregar quase uma centena de advogados, ministros, promotores, juízes, auditores, procuradores e auditores no corpo docente do IDP, Gilmar Mendes praticamente anulou a possibilidade de surgirem outras instituições capazes de prestar os mesmos serviços em Brasília.
Em 2006, reportagem do jornal O Globo denunciou uma das relações estranhas do IDP com o STF. Então presidente interino do Supremo (a titular, Ellen Gracie Northfleet, estava de licença médica), a única saída de Mendes foi transformar em “bolsa de estudos” um empenho de 3,6 mil reais referente a um curso de mestrado em Ações Constitucionais ministrado pelo IDP a três funcionários do Supremo. Ao se justificar, o ministro alegou não ter havido irregularidade porque cabia aos servidores escolher o curso e a escola onde pretendiam fazer as especializações. Só se esqueceu de dizer que, como o IDP tem o monopólio desses cursos em Brasília, o instituto não só foi o escolhido como, claro, caiu na modalidade “inexigível” de licitação.
Ainda assim, as poucas tentativas de impedir o presidente do STF de usar de influência para conseguir contratos no governo, até hoje, foram em vão. A primeira delas ocorreu em abril de 2002, pouco antes de ele ser nomeado ao STF, quando o Ministério Público Federal instaurou uma ação de improbidade administrativa justamente por Mendes ter contratado o IDP para dar cursos no órgão do qual era o principal dirigente, a Advocacia-Geral da União. No STF, onde o caso foi parar, a ministra Ellen Gracie (indicada por Jobim, referendada por FHC) decidiu pelo arquivamento da ação. O Supremo nem sequer analisou um recurso do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra a decisão.A sede do IDP é um amplo prédio de quatro andares, onde, segundo o site do instituto, há 22 salas de aula “amplas e confortáveis”, uma biblioteca informatizada (não é verdade), um foyer para realização de eventos acadêmicos, um auditório com capacidade para 240 espectadores (ainda em construção) e estacionamentos interno e externo (neste caso, trata-se das ruas ao redor da escola). Na fachada do edifício há uma placa na qual se lê: “Empreendimento financiado com recursos do Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO”. Trata-se de dinheiro gerenciado pelo Banco do Brasil, a partir de um contrato fechado durante um churrasco na laje do IDP, em 2006, quando o prédio ainda não estava pronto.
Antes, um pouco de história. O IDP começou a funcionar, em 1998, na casa do ex-procurador-geral Inocêncio Coelho, no Lago Sul, uma área de casarões em Brasília. As aulas ocorriam em uma só sala, mas, com o aumento da procura pelos alunos, os três sócios acharam por bem procurar outro lugar. Em 2004, encontraram um terreno de 2,5 mil metros quadrados na Quadra 607 da avenida L2 Sul, ao preço de 2,2 milhões de reais.
Para viabilizar a compra, o grupo recorreu, então, ao Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável (Pró-DF II), criado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PMDB). O Pró-DF II tem como objetivo gerar emprego e renda a partir de benefícios fiscais dados aos empresários, principalmente os de pequeno porte. Para isso, o governo do Distrito Federal diminui impostos e dá descontos de até 80% no valor do terreno a ser utilizado pelo empresário. O subsecretário do programa, Engels Rego, não sabe explicar como o IDP foi enquadrado na rubrica de “setor produtivo”.De acordo com o subsecretário, pelos parâmetros atuais, definidos no governo Arruda, o IDP não teria recebido um terreno na L2 Sul, área central do Plano Piloto de Brasília, onde praticamente não há mais espaços disponíveis. “A política da secretaria nessa gestão é incentivar o setor produtivo nas regiões administrativas, para desafogar o Plano Piloto e desenvolver as outras áreas da cidade”, afirma.
Autor de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra o Pró-DF II, por não concordar com a política de composição do conselho deliberativo do programa, o presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Fempe-DF), Sebastião Gabriel de Oliveira, conta jamais ter visto um micro e pequeno empresário local conseguir terreno no Plano Piloto, como o do prédio do IDP. “As micro e pequenas empresas nunca tiveram esse privilégio, a gente não tem cacife para isso”, garante.
Os três sócios do IDP assinaram o contrato com o Pró-DF II em 1º de setembro de 2004, quando Mendes já estava no STF. Os donos do instituto conseguiram enquadrar o negócio nos parâmetros do programa do governo distrital e obtiveram, ao fim do processo, o maior desconto possível, de 80%. Assim, o terreno, cujo preço original era de 2,2 milhões de reais, foi financiado, em cinco anos, por 440 mil reais – o preço de um apartamento de quatro quartos, no mesmo bairro.
A boa estrela, digamos, do IDP não parou de brilhar por aí. Em fevereiro de 2005, quando se iniciaram as obras no terreno da L2 Sul, o caixa do instituto, segundo o diretor-geral Luiz Fernandes, dispunha de 3 milhões de reais. O dinheiro, diz ele, não era suficiente para levantar o prédio totalmente, razão pela qual Fernandes teve de correr atrás de um empréstimo, inicialmente, sem sucesso. Quando o primeiro piso do edifício ficou pronto, organizou-se a chamada “festa da cumeeira”, com o tal churrasco assado sobre a laje pioneira. Um dos convidados, conta Luiz Fernandes, era um gerente do Banco do Brasil que, entre uma picanha e outra, quis saber de Inocêncio Coelho a razão de não haver nenhuma placa do banco na frente da obra. “Não tem placa porque não tem financiamento algum”, disse o sócio do IDP. Foi quando o gerente os aconselhou a procurar o Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO), gerido pelo Banco do Brasil e, normalmente, destinado a projetos muito diferentes dos propostos pelo instituto.No primeiro balanço trimestral de 2008, o FCO liberou mais de 450 milhões de reais. Pouco mais de 190 milhões (40%) foram destinados a micro e pequenas empresas. As companhias de médio porte receberam 32%, ou 150 milhões de reais. A prioridade de investimento do fundo é, porém, o meio rural, que recebeu 278 milhões de reais (60%). O setor de comércio e serviços aparece apenas em terceiro lugar, com desembolso de 62 milhões de reais, ou 13% do fundo. Mesmo assim, e sem se encaixar exatamente no perfil, o IDP apresentou-se como “pequena empresa” do setor de serviços para solicitar o financiamento.A política do FCO visa, preferencialmente, atividades comprometidas com a utilização intensiva de matérias-primas e mão-de-obra locais, sobretudo na produção de alimentos básicos. A análise dos pedidos de empréstimos leva em conta a preservação do meio ambiente e busca incentivar a criação de novos pólos de desenvolvimento capazes de reduzir as diferenças econômicas e sociais entre as regiões.
Ainda assim, graças ao churrasco da laje, o IDP conseguiu arrancar do fundo, com prazo de pagamento de dez anos, um financiamento de 3 milhões de reais, com base na rubrica “instalação, ampliação e modernização de estabelecimentos de ensino e de prática de esportes”. Como garantia para o empréstimo, diz Fernandes, os sócios ofereceram patrimônios pessoais. Mendes colocou à disposição do Banco do Brasil uma fazenda em Mato Grosso. Inocêncio Flores e Paulo Gonet, as casas onde moram, no Lago Sul de Brasília. Nenhum dos três atendeu aos pedidos de entrevista de CartaCapital. A assessoria de imprensa do presidente do STF deu, em particular, uma desculpa que até agora causa perplexidade. Segundo a assessoria, Mendes não costuma conceder entrevistas.
A escola tem 22 funcionários, segundo informação do diretor-geral. Os 87 professores anunciados no site não são contratados formalmente, mas profissionais requisitados para cursos específicos, pagos pelo sistema de Recebimento de Pagamento Autônomo (RPA). O corpo docente recebe, em média, 6 mil reais por mês, a depender do status acadêmico ou de poder de cada um.Antes de ser inaugurado, em setembro de 2007, o prédio do IDP sofreu um embargo de seis meses da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo (SDET) do Distrito Federal, comandada pelo maior empreiteiro da cidade, o vice-governador Paulo Octávio.
Os fiscais da secretaria descobriram que a obra tinha avançado três metros além da altura máxima permitida pelo gabarito de ocupação da capital. Fernandes garante ter resolvido o assunto burocraticamente, sem interferência política.
Mendes, pelas limitações da Lei Orgânica da Magistratura, não ocupa cargo executivo no IDP, mas costuma fazer retiradas em dinheiro. Na última, pegou 20 mil reais. No STF, seu salário é de 24,5 mil reais por mês. Além disso, de acordo com Fernandes, o IDP tem restituído aos sócios, em parcelas mensais, 125 mil reais que cada um foi obrigado a desembolsar, no ano passado, para completar o dinheiro da obra do prédio.O diretor-geral admite ter suspendido as pretensões de contratos com o STF, em 2006, quando veio a público a ligação de Mendes com o instituto. Isso não o impediu, porém, de fechar contratos com o STJ, de onde são oriundos sete professores do IDP. Nem no Senado Federal, onde a influência do presidente do STF ajudou a consultoria jurídica da Casa a escolher, sem licitação, o instituto em detrimento das propostas de três universidades, entre elas a Universidade de Brasília (UnB), onde muitos dos magistrados contratados pelo IDP também dão aula.
Há outros conflitos de interesses evidentes. O sistema de busca de processos no site do STF mostra que 35 professores do IDP, entre advogados, promotores e procuradores, têm ações em tramitação no Supremo. Ou seja, atuam como parte interessada em processos no tribunal atualmente dirigido por seu empregador.
O nome de um dos sócios de Mendes no instituto, Inocêncio Coelho, aparece 14 vezes na consulta ao site do tribunal.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA (20-11)




Valeu Zumbi - "O grito forte dos palmares";
Valeu João Cândido - "O Almirante Negro"
Valeu Luís Gama - "Todo escravo que matar o seu senhor, seja em que circunstâncias for, mata em legítima defesa."


A história de Zumbi dos Palmares é a história da bravura e da tenacidade do povo negro. Dentre os que mais se destacaram nessa guerra de vida ou morte, travada entre a escravidão e a liberdade, um gênio negro militar se destaca. Zumbi, nascido em Palmares pelos idos de 1656 é um dos sobreviventes de um massacre e que foi raptado e entregue aos cuidados do Padre Melo, em Porto Calvo, com quem conviveu até os 15 anos e aprendeu astronomia, matemática, história da Bíblia e latim, chegando a coroinha. Padre Melo lhe batizou com o nome de Francisco, que mais tarde parte em busca de seu destino, indo parar em Palmares, quando adota o nome de Zumbi. Ativo e muito instruído para a época, ganhou a confiança de todos e é nomeado o comandante das armas pelo seu tio Ganga Zumba, na ocasião o Rei Supremo de Palmares. Em seguida sucede o próprio Ganga Zumba se tornando o líder de Palmares, por sua capacidade de comandar e resistir às inúmeras tentativas de destruição daquele reduto de homens e mulheres livres, encravado nos sertões do Nordeste brasileiro, mais precisamente numa região que abrangia os estados de Pernambuco e Alagoas. Nos quilombos haviam negros e negras em sua grande maioria, mas havia também índios e brancos, todos unidos na luta pela liberdade em combate contra o regime de escravidão. Contra o Quilombo dos Palmares foram enviadas expedições com o objetivo de exterminá-lo, sem que tais propósitos fossem alcançados, em virtude dos lances de coragem dos palmarinos e das táticas militares postas em prática por seus comandantes contra os invasores e escravocratas brancos. A Coroa Portuguesa se viu na obrigação de formar o maior contingente imperial de soldados e militares para socorrer a região do Nordeste, onde era fragorosamente derrotada cada vez que tentava enfrentar os guerreiros negros do Quilombo dos Palmares. E a guerra se estabeleceu com utilização de canhões, pela primeira vez em território nacional. Depois de vencer dezenas e dezenas de batalhas contra os invasores brancos, Zumbi acabou assassinado em 20 de novembro de 1695. O tempo passou e muito do que vivemos hoje é reflexo das opressões passadas. É necessário saber do passado para compreender o presente e lutarmos pelo futuro mais justo.




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O Almirante Negro


No início do século XX, precisamente no ano de 1910, durante alguns dias, mais de dois mil marujos movimentaram a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, ao tomarem posse de navios de guerra para exigir o fim dos castigos corporais na Marinha do Brasil. Mas, qual a relação do termo chibatada com um movimento realizado por integrantes da Marinha brasileira? Por incrível que pareça, nessa época a Marinha do Brasil era uma das maiores potências mundiais, pois, comprou três couraçados (navios blindados de guerra), três cruzadores, seis caças-torpedeiros, seis torpedeiros, três submarinos e um transporte, para reaparelhar a nossa Marinha de Guerra (plano de compra aprovado no Congresso Nacional em 14 de novembro de 1904), assim, o Brasil passou a ter a terceira esquadra militar do mundo. Entretanto, dos três navios blindados, apenas dois foram realmente adquiridos: o “Minas Gerais” e o “São Paulo”.Em abril de 1910, o “Minas Gerais” chegou à Baia da Guanabara, era o navio mais bem equipado do mundo, mas, as questões de regime de trabalho, o recrutamento dos marujos, as normas disciplinares e a alimentação deixavam a desejar. O retardamento das reformas nessas áreas fazia lembrar os anos dos navios negreiros. Tudo na Marinha, Código Disciplinar e recrutamento, principalmente, ainda eram iguais ao da monarquia. Homens de bem, criminosos, marginais eram juntamente recrutados para servirem obrigatoriamente durante 10 a 15 anos e, a desobediência ao regulamento tinha a punição de chibatadas e outros castigos conforme nos relata Marília Trindade Barbosa, 1999 (fonte de pesquisa). Mas, em 16 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca, através do Decreto nº 3 – um dia depois da Proclamação da República – acabou com os castigos corporais na Marinha do Brasil mas, um ano depois tornou a legalizá-los: “Para as faltas leves, prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas leves repetidas, idem idem por seis dias; faltas graves 25 chibatadas”. Os marujos não aceitaram e começaram a conspirar, principalmente alguns que estiveram na Inglaterra e viram a diferença de tratamento dos que lá eram recrutados. Além disso, corria notícia no mundo da revolta do encouraçado Potemkim. Em novembro de 1910 o marinheiro Marcelo Rodrigues foi punido com 250 chibatadas deixando evidente o sistema escravocrata ainda no país, ou seja, as duras punições impostas aos escravos antes da Lei Áurea em 1888. Sendo assim, em 22 de novembro de 1910, comandado por João Cândido Felisberto, a Revolta da Chibata eclodiu: “O comitê geral resolveu, por unanimidade, deflagrar o movimento no dia 22. Naquela noite o clarim não pediria silêncio e sim combate. Cada um assumiu o seu posto e os oficiais de há muito já estavam presos em seus camarotes. Não houve afobação. Cada canhão ficou guarnecido por cinco marujos, com ordem de atirar para matar contra todo aquele que tentasse impedir o levante. Às 22:50, quando cessou a luta nos convés, mandei disparar um tiro de canhão, sinal combinado para chamar à fala os navios comprometidos. Quem primeiro respondeu foi o ‘São Paulo', seguido do ‘Bahia’. O ‘Deodoro’, a princípio, ficou mudo. Ordenei que todos os holofotes iluminassem o Arsenal da Marinha, as praias e as fortalezas. Expedi um rádio para Catete, informando que a Esquadra estava levantada para acabar com os castigos corporais.Os mortos na luta foram guardados numa improvisada câmara mortuária e, no outro dia, manhã cedo, enviei os cadáveres para a terra. O resto foi rotina de um navio em guerra”. (Marília Trindade Barboza, João Cândido, o almirante negro, Rio de Janeiro:Gryphus/Museu da Imagem e do Som, 1999).Nesse ínterim, João Cândido assumiu a esquadra de “Minas Gerais”. No combate morreram o Comandante Batista das Neves, alguns oficiais e muitos marinheiros. Conforme relato anterior, foram tomados também os navios “São Paulo”, o “Bahia” e o “Teodoro”, sendo colocados em pontos estratégicos da cidade da Guanabara, logo em seguida foi enviado um comunicado ao Presidente da República solicitando a revogação do Código Disciplinar, o fim das chibatadas e “bolos” e outros castigos, o aumento dos soldos e a preparação e educação dos marinheiros. Como não tinha outro jeito a dar – eram 2.379 rebeldes – e estavam com as mais modernas armas que existiam na época, o Marechal Hermes da Costa e o parlamento cederam às exigências, aprovaram um projeto idealizado por Rui Barbosa – que tinha apoiado o retorno dos castigos anteriormente – pondo fim aos castigos e concedendo anistia aos revoltosos. Portanto, com esse ato, termina vitoriosa a revolta, cuja duração foi de cinco dias. Finalmente é colocado um ponto final na punição escravocrata disciplinar na Marinha de Guerra do Brasil.A Revolta da Chibata não pode ser esquecida, a lembrança de João Cândido, o “Almirante Negro” deve perpetuar por toda história. Esse marinheiro gaúcho, nascido em 24 de janeiro de 1880, demonstrou mais uma vez a coragem herdada dos seus descendentes negros. Morreu aos 89 anos mas, deixou um legado de luta como exemplo para todos os negros e afros-decendentes do Brasil. Eis mais um testemunho de sangue derramado, por um ideal de transformação.

sábado, 8 de novembro de 2008

SÓ DE SACANAGEM

Protógenes Queiroz - Um cidadão que nos orgulha


"Só de Sacanagem"

Trecho do poema "Só de Sacanagem" de Elisa Lucinda, lido por completo numa palestra de Protógenes Queiroz em Brasília (do site do PHA):

"Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro,
do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais,
esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,
mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", Esse apontador não é seu, minha filhinha".
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem!"

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COINCIDÊNCIAS

Atualizado e Publicado em 06 de novembro de 2008 às 18:50

por Bob Fernandes, no Terra Magazine

Os intestinos do Brasil.

Não existem coincidências.

Hoje à tarde, se não optar por um pedido de vistas, o Supremo Tribunal Federal julga o mérito do habeas corpus concedido pelo presidente do Tribunal, Gilmar Mendes, ao banqueiro Daniel Dantas. Decide, em resumo, se Daniel Dantas volta para a cadeia ou se fica solto. Terra Magazine tem informações que levam a esta crônica de um resultado anunciado: se o julgamento se concretizar, prevalecerá o habeas corpus. Daniel Dantas continuará solto.

Como sabe qualquer calouro de Direito, um julgamento desse porte é, será sempre, acima de tudo político, uma vez que argumentos jurídicos para prender ou soltar sempre existirão. Aos magotes.

Julgamento político tendo-se em conta o mais amplo sentido da expressão. Não existem coincidências nesse profundíssimo e já longo mergulho nos intestinos do Brasil.

Ou terá sido coincidência a batida policial da PF contra o delegado Protógenes Queiroz na véspera do julgamento?

Será coincidência? Exatamente no dia em que o STF de Gilmar Mendes se reúne para decidir se prende ou deixa solto Dantas, a mídia ganha como manchete uma investigação contra o delegado que prendeu Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta & Cia?

É conhecida a posição do ministro do STF Joaquim Barbosa no caso, ainda que intramuros. O ministro foi contrário à concessão do habeas corpus naqueles termos e daquela forma. Duramente contrário. É coincidência Joaquim Barbosa estar fora do Brasil no dia em que se vota se Dantas fica solto ou preso?

Terra Magazine sabe que o julgamento deveria, a princípio, ter se dado há mais de um mês, no final de setembro. Se dará, no entanto, exatamente quando Barbosa se encontra nos Estados Unidos, acompanhando a eleição que levou Barack Obama à Casa Branca.

Terra Magazine informa, e assegura: o ministro Joaquim Barbosa não soube, não foi informado antes de sua viagem, do julgamento marcado para hoje. O ministro Joaquim Barbosa foi surpreendido nos Estados Unidos pela notícia do julgamento.

Alguém dirá que tanto foi apenas uma infeliz coincidência. O julgamento do mérito se dar exatamente quando não está no tribunal, em Brasília, no país, a pedra no sapato do habeas corpus.

Terá sido coincidência que o mandado para vasculhar Protógones, sua casa e os meios onde guarda informações tenha sido expedido pelo juiz Ali Mazloum?

Em 2004 o STF considerou Ali inocente numa acusação, formulada no rastro da Operação Anaconda, de formação de quadrilha. Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Carlos Velloso e Celso de Mello votaram pela absolvição, enquanto Joaquim Barbosa, relator da matéria, foi o único voto contrário.

O também juiz federal, Casem Mazloum, irmão de Ali, também envolvido pela mesma Anaconda admitiu à época: "Cometi um erro ético", sem ser preciso quanto à natureza do erro.

Casem era acusado de pedir grampo telefônico para a ex-mulher de um prefeito e de uso de influência.

A "Anaconda" se deu à época em que Paulo Lacerda dirigia a Polícia Federal e, então, nos desdobramentos do julgamento, adversários de Lacerda na PF e na mídia tentaram atingi-lo.

Coincidência que agora, quando Lacerda segue afastado da Abin à espera do resultado de investigações sobre suposto grampo ilegal, a PF vasculhe a vida de Protógenes com base em um mandado assinado pelo juiz que um dia foi investigado, como seu irmão, pela PF então sob comando de Lacerda?

Coincidência a virulência do delegado Marcelo Itagiba, hoje deputado federal e presidente da CPI dos Grampos, contra Paulo Lacerda? Ele, Itagiba, que já foi Diretor de Inteligência da PF no mandarinato de Vicente Chelotti.

Coincidência Itagiba presidir a CPI dos Grampos? Ele, contraparente de Andrea Matarazzo, importantíssimo personagem na vida do PSDB e de José Serra? Coincidência histórica Marcelo Itagiba, ex-diretor de Inteligência da PF, ter ido trabalhar com Inteligência no ministério da Saúde na gestão do então ministro José Serra?

O que pensa - ou ao menos o que pensava à época de tudo isso - o senador e ex-presidente da República José Sarney? O que pensou e disse, ao menos reservadamente, José Sarney à época em que a PF flagrou uma montanha de dinheiro na campanha pré-presidencial de sua filha Roseana Sarney no célebre "Caso Lunus"?

Coincidências?

Coincidência a PF investigar o delegado Protógenes por vazamento e não investigar a cúpula da Polícia, a quem o mesmo Protógenes acusa pelo vazamento que levou a Folha de S.Paulo a publicar reportagem sobre a operação no dia 26 de abril, quase dois meses antes da Satiagraha?

Os dois maiores suspeitos pelo vazamento da Satiagraha dois meses antes estão sendo investigados pela PF? Serão? Ou tudo será tragado por esse mar de coincidências?

Coincidência que o julgamento do habeas corpus se dê quando o juiz De Sanctis esteja se preparando para anunciar sua sentença sobre o caso Daniel Dantas?

Coincidência que batida da Polícia Federal e tudo mais se dê horas depois de Protógenes dizer aos estudantes da PUC que "Dantas será condenado, e terá condenação pesada" na primeira instância?

Tudo isso é coincidência, ou o julgamento - se ele de fato se concretizar nas próximas horas desta quinta-feira, 6 de novembro de 2008 - terminará, ao final e ao cabo, atingindo a sentença do juiz De Sanctis?

Certamente existem razões jurídicas também para a decisão que deve ser tomada logo mais - se não houver adiamento -, mas não é isso que se discute aqui e, sim, esse extraordinário leque de coincidências e personagens.

Daniel Dantas seguirá livre em meio a esse mar de coincidências.





O ITAU "PAPOU" O UNIBANCO


Como disse o Paulo Henrique Amorim, "fusão foi o que não foi". O chargista Duke matou a pau ilustrando essa operação bancária. Confiram.
O novo grupo, formado agora em 66% pela família Egydio Setúbal (Itaú) e 33% pela família Moreira Salles (Unibanco) garante que não haverá demissões, mas aumento de funcionários. Na verdade, eles admitiram uma certa sobreposição de empregos num primeiro momento. Isso, traduzindo, significa que haverá, sim, demissões. Os donos creem ser possível re-aumentar o quadro de funcionários posteriormente, quando do crescimento em nível internacional, previsto para, possivelmente, cinco anos.

O SUPREMO COM A BUNDA DE FORA


Como dizia minha vó: "Quem muito se baixa o fundo aparece." É assim vomo se encontra o STF, cujos "Magistrados" endossaram a patranha do seu Presidente/Empresário, Gilmar Mendes,que concedeu em 48 horas, dois hábeas corpus para o quadrilheiro de colarinho branco, Daniel Dantas.

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O placar da condenação que o Supremo Tribunal Federal infringiu ao juiz Fausto de Sanctis, ao delegado Protógenes Queiroz e à imprensa foi menor do que inicialmente o Conversa Afiada noticiou. O resultado da votação foi de nove votos favoráveis à libertação de Dantas e um voto contrário.

O ministro Marco Aurélio Mello foi favorável apenas ao primeiro dos dois HCs concedidos a Dantas pelo Supremo Presidente do STF, Gilmar Mendes. Entendeu que entre a primeira e a segunda prisão ocorreram indícios de que Dantas teria tentado pagar propina a um delegado para se livrar da investigação. Marco Aurélio concordou, portanto, com a primeira liminar que libertou o banqueiro, mas discordou da segunda. (Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim)







LULA,LULA...??? (TEM PRESIDENTE QUE É CEGO!)

TODO MUNDO É ESPERTO. SÓ VOCÊ, LEITOR, É IDIOTA



Seria cômico, não fosse trágico e patético, o uso de instituições do Estado para proteger um banqueiro, com a devida cobertura midiática.

O governo Lula está envolvido até a medula na tentativa de desmoralizar aqueles que ousaram investigar o banqueiro, cujos crimes têm a obviedade de uma propina de um milhão de reais em dinheiro.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, é co-responsável pela patifaria. Já imaginaram se a PF fosse fazer buscas nas casas de todas as autoridades que vazaram informações para jornalistas? Isso é absolutamente corriqueiro. E o delegado Edmilson Bruno, aquele que vazou as fotos do dinheiro dos aloprados para os jornalistas na véspera do primeiro turno da eleição presidencial de 2006? Houve busca e apreensão na casa dele?

É óbvio que a PF está sendo usada numa tentativa descarada de intimidar o delegado Protógenes Queiroz. É um absurdo que o ministro da Justiça, Tarso Genro, seja conivente com isso. Não há outro nome para definir o que está acontecendo: uma patifaria. Com a silenciosa aquiescência do presidente da República, que está desmoralizando a Polícia Federal e se associando ao que há de mais podre na política brasileira.

Lula dá corda àqueles que pretendem enforcá-lo, se já não o fizeram. Começo a concordar com PHA: o presidente da República "caiu para dentro". Abdicou do governo. Assiste a tudo impassível. Com certeza está fazendo os devidos cálculos políticos, pensando "naquilo", 2014. Será atropelado pelos acontecimentos. Não vai fazer o sucessor em 2010. Nem voltará em 2014. Não acredito que o presidente da República seja ingênuo: assim que ele tirar os pés do Palácio do Planalto será devidamente "desconstruído" pela mídia brasileira.

Lula não fará o sucessor em 2010 pelo simples fato de que, em nome de seus próprios objetivos pessoais, joga todos os aliados aos leões, sempre que é conveniente. Penso em termos estritamente políticos: quem é que vai se aliar ao Lula se acredita que o presidente da República trata aliados como "descartáveis"? Quem é o homem-forte do governo Lula neste momento? O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que outro dia posou sorridente ao lado do governador José Serra e do prefeito Gilberto Kassab. Os três "despacharam" sobre os aeroportos de São Paulo. Será que Lula acredita que o ministro Jobim serve a ele? Contem outra...

O próprio presidente da República já disse que nunca foi de esquerda. Faz sentido, quando se vê Lula disputando a direita com José Serra. Só há uma explicação para o comportamento de Lula: ele quer posicionar sua candidata como a verdadeira merecedora da confiança do empresariado paulista. Sabe que esse empresariado desconfia de Serra. Paulo Lacerda? Protógenes? ABIN? Às favas com essa gente. Prender empresário que pode financiar minha candidata? Enlouqueceram?

O que o presidente da República, com toda a sua esperteza e sagacidade, não parece ter percebido, é que Gilberto Kassab ensaiou, na campanha municipal paulistana, o movimento que José Serra fará em sua própria campanha: endossar os programas sociais. É o lulismo sem Lula. O vergonhoso comportamento do governo Lula ao longo da operação Satiagraha pode custar só meia dúzia de votos à esquerda, mas não rende nenhum à direita. O que Lula tem a ganhar? Financiamento de campanha? O apoio do empresariado, com a garantia de que ele não mexe mais com "os de cima"?

Enquanto isso, a mídia continua servindo à mistificação. Do Valor Econômico, a respeito da decisão do STF sobre o habeas dantas: "O processo de Dantas chegou ao STF em junho, antes do início da operação, pois o banqueiro soube pelos jornais (grifo meu) que estava sob investigação da PF e ingressou com um pedido preventivo de habeas corpus".

Pelos jornais? O Valor Econômico poderia ter dito a verdade a seus leitores: soube pela Folha de S. Paulo, que prestou serviço a um patrocinador.

AQUI, COMO A FOLHA "AVISOU" DANTAS, QUE USOU A "NOTÍCIA" PARA PEDIR O HABEAS DANTAS PREVENTIVO.

Eles -- todos eles, inclusive o presidente da República -- acham que são espertos. Só nós é que somos idiotas.

PS 1: Se a revista "Veja" foi capaz de dar credibilidade ao falso dossiê com as contas de integrantes do governo Lula no Exterior (leia aqui), o que não fará com os dossiês que receber diretamente do presidente Serra? Repiro: a elite brasileira demolirá Lula assim que ele tirar os pés do Planalto.

(Ví o Mundo de Luis Carlos Azenha).


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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

YES, NÓS TEMOS OBAMA

Parodiando a consagrada marchinha de carnaval interpretada pela Carmen Miranda:
"Yes, nós temos Obama,
Obama prá dá e vender,
Obama, menina, tem vitamina,
Obama engorda e faz crescer..."

Na 4ª feira, o mundo acordou mais civilizado, mais tolerante e mais esperançoso. O mundo amanheceu festejando a vitória de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos. Foi quebrado um paradigma. Um negro vai ocupar a Casa Branca. Uma casa, que só havia recebido inquilinos da mesma cor de suas paredes, agora vai ter um pouco mais de contraste e, com certeza, vai ficar mais bonita. Sou daqueles que acham que ninguém chega à Presidência dos Estados Unidos impunemente. Seja Democrata ou Republicano e, qualquer que seja a cor de sua pele,quem ocupa aquela casa representa o estabilishement, o "American Way of life", o estilo de vida americano, os interesses do império. Um império que vive uma das suas maiores crises. Crises, que são muito funcionais ao capitalismo. Mesmo com essa compreensão, reconheço o extraordinário fato histórico dessa eleição americana, uma das mais participativas e empolgantes das últimas décadas. O 42º Presidente eleito, Barack Obama, recebeu 52% dos votos , fez 349 delegados e seu partido Democrata vai ter maioria na Câmara e no Senado o que lhe proporciona governabilidade. A democracia americana, com essa eleição, colocou um tijolinho no processo civilizatório dos Estados Unidos e do mundo. O sonho de Martin Luther King, começou a ser realizado. O "I HAVE DREAM" do pastor King, hoje pode ser traduzido por "YES, WE CAN" ("Sim, nós podemos" - slogan da campanha de Obama).Sim, temos uma liderança nova comandando um império em crise. Que ele honre a nossa cor, mas, honre principalmente, o seu cargo e o seu mandato delegado por expressivos segmentos do povo americano. Yes, Obama , você venceu.