terça-feira, 7 de outubro de 2008





Do Blog do Fernando Rodrigues

PMDB desbanca PT e PSDB no número de votos para prefeitos em todo o país
Uma das maneiras de aferir o sucesso de um partido na eleição para prefeito não é apenas o número de cidades conquistadas, mas quantos votos todos os candidatos de determinada legenda receberam no país inteiro. Nessa categoria, o PMDB ficou em primeiro lugar. Desbancou PT e PSDB e ainda estabeleceu um novo recorde nesta eleição de 2008. Nas três últimas eleições municipais, os campeões de voto foram o PSDB (1996 e 2000) e PT (2004).

Os candidatos a prefeito pelo PMDB receberam neste ano de 2008 um total de 18.422.732 votos. Essa montanha de sufrágios equivale a 18,6% dos votos válidos de todo o país dados a candidatos a prefeito nas votações de primeiro turno, segundo trabalho estatístico do jornalista Piero Locatelli.

Em 2004, o campeão de votos para prefeito havia sido o PT, com 16.326.047 votos, o equivalente a 17,2% do país. O segundo colocado há quatro anos foi o PSDB (15.747.592 ou 16,5%). O PMDB era apenas o terceiro colocado (14.249.339 ou 15%).

Em 2000, o PSDB havia sido o campeão (13.518.346 votos ou 16% do total). Era seguido pelo PMDB (13.257.650 votos ou 15,7%), DEM (12.973.544 ou 15,4%) e PT (11.938.734 ou 14,1%).

O DEM merece uma menção especial por ter despencado neste ano de 2008. Ficou em quarto lugar, com 9.291.086 ou 9,4% do total dos votos de todo país dados a candidatos a prefeito. Perdeu 1,947 milhões de votos em quatro anos (havia recebido 11.238.408 votos em 2004).

Mas há mais um detalhe assustador para os demos. Dos 9,3 milhões de votos que receberam neste ano, Gilberto Kassab sozinho, em São Paulo, foi responsável por 2.140.423 –ou seja, 23% dos votos do partido. Pode-se dizer, portanto, que Kassab equivale a 23% do Democratas.

O recorde em eleições recentes sobre o total de votos do país era dos tucanos, que estabeleceram a marca em 1996 (auge do Plano Real), com 13.100.169 votos, o equivalente, à época, a 17,6% de todo o Brasil. Naquele ano, o segundo colocado foi o PMDB, seguido por DEM, PP e PT.

Agora, a marca recorde passa a ser a do PMDB, com seus 18,6% do total. É necessário, entretanto, fazer duas ressalvas. Os votos divulgados até agora pelo TSE se referem apenas a 5.512 cidades (houve eleição neste ano em 5.563). A apuração final e definitiva só deve ser divulgada nos próximos dias. Mas as cidades ainda não computadas são todas pequenas e devem fazer diferença mínima em relação às cifras já conhecidas.

A segunda ressalva diz respeito à forma como o PMDB cresceu eleitoralmente. O partido elegeu 1.057 prefeitos em 2004. Agora, antes do pleito de domingo (5.out.2008), já estava com 1.212 cidades governadas. Como se deu esse espetáculo do crescimento? Simples. Graças à fisiologia e infidelidade partidária que campeia pelo interior do país. Depois que o PMDB aderiu ao governo Lula e ganhou cargos federais, o partido passou a exercer atração irresistível sobre certo tipo de políticos.

Até agora, pelos cálculos do TSE, o PMDB elegeu neste ano 1.193 prefeitos –menos, portanto, do que de fato tem no momento. Mas certamente muitos desses prefeitos neo-peemedebistas foram candidatos à reeleição ou tentaram fazer seus sucessores. Daí veio, portanto, o recorde da sigla em termos de votos recebidos.

Em tese, a partir de agora, acabou a farra da infidelidade partidária. Por interpretação da Justiça Eleitoral, quem muda de partido depois de eleito perde o mandato. A não ser que os deputados e senadores façam uma nova lei (o que não impossível), a próxima eleição se dará sem esse tipo de anabolizante “extra-campo” usado pelos peemedebistas neste ano.

Abaixo, o quadro (com o que foi apurado até agora) pelo TSE em termos de número de votos e prefeitos eleitos neste ano:

Por Fernando Rodrigues





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