Morreu hoje em Montivideu, aos 88 anos, o poeta urugaio Mário Benedetti. Entre tantos poemas maravilhosos, um me marcou profundamente - Havaneira. É um poema que fala de despedidas de uma forma terna, cujos últimos versos diz assim: "No fim a gente parte./Agente parte e é outro/ Disposto a não esquecer, a não dizer/ tudo isso e ainda/ Com o mais árduo adeus/ E o coração mais novo." Agora o poeta partiu. Em sua homenagem, uma frase e um poema de sua autoria:
"A mais horrivel variante da solidão: a solidão daquele que nem sequer tem a si mesmo." (Mário Benedetti)
O poema:
EM PÉ
Continuo em pé
por pulsar
por costume
por não abrir a janela decisiva
e olhar de uma vez a insolente
morte
essa mansa
dona da espera
continuo em pé
por preguiça nas despedidas
no fechamento e demolição
da memória
não é um mérito
outros desafiam
a claridade
o caos
ou a tortura
continuar em pé
quer dizer coragem
ou não ter
onde cair
morto
(De A Ras de Sueño, 1967)
Continuo em pé
por pulsar
por costume
por não abrir a janela decisiva
e olhar de uma vez a insolente
morte
essa mansa
dona da espera
continuo em pé
por preguiça nas despedidas
no fechamento e demolição
da memória
não é um mérito
outros desafiam
a claridade
o caos
ou a tortura
continuar em pé
quer dizer coragem
ou não ter
onde cair
morto
(De A Ras de Sueño, 1967)
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