por Luiz Carlos Azenha
Uma batalha completamente desigual. De um lado, o poder da TV Globo, da Folha, da Veja, do Estadão - da maior parte da mídia corporativa brasileira, em defesa de seu sócio e patrocinador, o banqueiro Daniel Dantas. De outro lado, um verdadeiro exército de Brancaleone: Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Mino Carta e alguns milhares de internautas.
Lá em Bauru se diz que empate fora de casa é vitória. Pois não é que essa coalizão improvisada conseguiu equilibrar a disputa pela opinião pública?
Conheço os três jornalistas acima citados. Estou certo de que divergem em 70% de suas opiniões. Mas com jornalista é assim mesmo: é difícil encontrar dois que concordem. Em torno deles uma verdadeira "frente" eletrônica se formou para desmascarar as informações distorcidas ou mentirosas oferecidas ao público pela turma do banqueiro. Falta esclarecer, ainda, quais são exatamente as relações econômicas entre Dantas e os grupos midiáticos. Uma tarefa essencial para que os leitores, ouvintes e telespectadores entendam como funciona a "cozinha" do noticiário.
Leandro Fortes, Mauro Santayanna, o pessoal do Terra Magazine e dezenas de outros jornalistas se engajaram na tarefa de desmascarar os que estavam por trás dos interesses do banqueiro, alegando fazer isso contra um certo "estado policial".
Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz pagaram um preço altíssimo por enfrentar os interesses de Dantas. Mas, no essencial, preservou-se a Operação Satiagraha e o juiz Fausto De Sanctis se manteve no cargo. O presidente do STF, Gilmar Mendes, foi completamente desmoralizado, especialmente depois da explosão de Joaquim Barbosa no tribunal.
Continua difícil de acreditar que Mendes tenha se deixado usar em duas farsas promovidas pela revista Veja: a da escuta ambiental no prédio do STF e a do grampo sem áudio. Nunca surgiram provas materiais das "denúncias" produzidas nos laboratórios da Abril com o objetivo de queimar Lacerda e Protógenes.
Amanhã, às 19 horas, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, manifestantes pretendem dar o pontapé inicial em uma campanha pelo impeachment de Gilmar Mendes.
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O passo seguinte e natural da campanha, em 2010, será trabalhar contra a reeleição dos deputados Marcelo Itagiba e Raul Jungmann, que prestaram ótimos serviços ao banqueiro no Congresso.
Ao longo dos últimos meses, em torno desse tema se cristalizou a importância da internet como fonte de informação no Brasil. Do Vermelho ao RS Urgente, do Idelber Avelar ao Rodrigo Vianna, do Mello ao Eduardo Guimarães, temos hoje dezenas de blogs e sites de altíssima qualidade, fazendo não só a crítica da mídia, mas oferecendo informação que não sai na "grande imprensa".
Hoje encontrei, por acaso, com o Paulo Henrique Amorim. Ele concorda com essa avaliação de que foi possível, graças à internet, enfiar uma bola nas costas dos barões da mídia. Mas, obviamente, isso não saiu de graça.
Luís Nassif, que com a sua série sobre a revista Veja explicou de forma didática as falcatruas da revista, gasta tempo e dinheiro se defendendo nos tribunais.
PHA responde a 8 processos de gente ligada direta ou indiretamente a Dantas.
E o Conversa Afiada tem estado sob constante ataque de crackers nas últimas semanas, razão pela qual o jornalista decidiu transferir o site para um novo servidor.
Ainda assim, estou certo de que ambos - e, sem dúvida o Mino Carta - acreditam que valeu a pena.
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