No próximo dia 6 de dezembro a Extensão Rural Brasileira completa 60 anos. As comemorações começam já nesta 2ª feira (1/12) com o lançamento da edição comemorativa sobre os 60 anos da Emater-MG do jornal AMAER Informa, veículo da Associação Mineira dos Aposentados da Extensão Rural. Na 5ª feira, na Assembléia Legislativa do Estado, haverá Sessão Solene para o lançamento do livro "O jeito Mineiro de fazer Extensão Rural". Durante o transcurso da semana haverá reuniões da ASBRAER e da ABER e muita confraternização dos Extensionistas do Brasil, lá em BH e pelo Brasil afora. Estarei presente em Minas, berço da Extensão Rural Brasileira.
Compartilho com os Extensionistas do Brasil e do Acre o texto abaixo sobre o nossa instituição sexagenária, mas com tudo funcionando, que saiu publicado no jornal Página 20, na edição de hoje.
Compartilho com os Extensionistas do Brasil e do Acre o texto abaixo sobre o nossa instituição sexagenária, mas com tudo funcionando, que saiu publicado no jornal Página 20, na edição de hoje.
Hur Ben (Presidente da Aber), Marcos Antonio( membro da ABER por Alagoas) e José Silva (Presidente da ASBRAER e da EMATER-MG. Nosso anfitrião.)
EXTENSÃO RURAL -60 ANOS
UMA INSTITUIÇÃO REPUBLICANA E UM SERVIÇO DE ESTADO
*Marcos Inácio Fernandes
“O passado não nos dirá o que devemos fazer, mas sim,o que devemos evitar.”
José Ortega y Gasset – A Rebelião das Massas.
José Ortega y Gasset – A Rebelião das Massas.
“Há tempos em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, a margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa (1888- 1935)
Fernando Pessoa (1888- 1935)
Neste 6 de dezembro, a Extensão Rural Brasileira completa 60 anos de existência. É uma sexagenária com grande vitalidade, “insistindo na juventude”, resistindo, reaprendendo e se reafirmando como uma instituição REPUBLICANA. Nós da Extensão temos muito orgulho do nosso passado, de fazer parte de um serviço que, ao longo de sua história, sempre respeitou a COISA PÚBLICA, que nunca se envolveu em ilícitos administrativos, que nunca se envolveu em esquema de corrupção e sempre teve as suas prestações de contas aprovadas pelos órgãos fiscalizadores. Isto é o que se espera e se exige dos gestores e servidores públicos. E os extensionistas são servidores públicos por excelência.
Somos, desde 1948, os “eternos carregadores de piano” de todas as políticas públicas para o meio rural brasileiro. Sempre tocamos as partituras que já vinham prontas dessas políticas, mas agora, queremos também participar do arranjo na construção da melodia, sermos co-autores, solistas, maestros e até professores/animadores/facilitadores desse processo de educação informal que é a extensão rural. Nessa perspectiva e na atual conjuntura da vida política do nosso país, o extensionista tem que se preparar para assessorar os agricultores/produtores familiares a serem, principalmente, PRODUTORES DE DECISÕES! Que eles sejam protagonistas nos processos de decisões políticas, na definição das políticas públicas, na afirmação de seus interesses enquanto classe social.
Cabe aos extensionistas como “como agente político de desenvolvimento” e como educador popular, contribuir no processo de tomada de decisões dos agricultores/produtores familiares e suas organizações. Decisões implicam em escolhas, fazer opções e definir alternativas. Na busca da melhor alternativa é necessário conhecimento, dispor de informações e capacidade política para construir alianças, aglutinar forças e minimizar os riscos inerentes aos processos, quase sempre conflituosos, das relações de poder e das tomadas de decisões políticas. Cabe a extensão, esse enorme desafio de fazer com que os agricultores/produtores familiares evoluam de uma consciência ingênua para uma consciência crítica e organizativa. A questão da organização dos produtores e da produção é central, o resto é “perfumaria” e vem como conseqüência do nível organizativo.
Produtores organizados significa a construção de sua VONTADE COLETIVA, como protagonista de um drama histórico real e efetivo como nos ensina Gramsci na sua obra de referência: “Maquiavel a Política e o Estado Moderno”. A vontade coletiva, portanto, é algo mais profundo do que interesses individuais e imediatos. Ela será descoberta e organizada num processo coletivo e continuado de consulta/confronto a respeito da origem e superação de problemas em todos os campos da realidade social dos produtores familiares. O grande desafio da Extensão é saber, como neste campo, prestar um serviço que defenda e afirme os interesses dos agricultores/produtores familiares, razão da nossa existência institucional.
Vivemos um bom momento na Extensão Pública Oficial no Brasil e no Acre. Este bom momento é conseqüência do CICLO VIRTUOSO que o país atravessa onde três fenômenos ocorrem concomitantes e simultaneamente – DEMOCRACIA, CRESCIMENTO ECONÔMICO, E INFLAÇÃO BAIXA.
Neste momento histórico e nessa conjuntura política, quando se pretende que o desenvolvimento seja sustentável, que o crescimento econômico seja com distribuição de renda e com respeito ao meio ambiente, a extensão pode e deve cumprir um papel essencial.
Considero que o nosso serviço é de caráter ESTRATÉGICO, não é simplesmente um serviço de governo, mas um serviço e uma CARREIRA DE ESTADO, pois lidamos com uma questão de SOBERANIA NACIONAL, que é a SEGURANÇA ALIMENTAR e a EDUCAÇÃO do nosso povo. Um povo onde muitos “Severinos ainda morrem de velhice antes dos 30/ de emboscada antes dos 20/ e de FOME um pouco por dia” como registra João Cabral de Melo Neto no seu poema FUNERAL DE UM LAVRADOR.
Enquanto a chaga social da FOME e do ANALFABETISMO perdurar no Brasil, não poderemos falar de democracia plena, de cidadania, de desenvolvimento e, também, não se poderá prescindir do serviço público da Extensão Rural Oficial para atuar com outros parceiros governamentais e não governamentais no combate a fome, a miséria e a exclusão social. Parabéns Extensionistas do Acre e do Brasil pelo o seu dia, com a certeza de que dias melhores virão. Como educadores e construtores de utopias, sejamos sensatos, queiramos o impossível ! E, Já que dizem que o nosso serviço é um sacerdócio, miremo-nos no exemplo e nas palavras de São Francisco de Assis (que bem podia ser o padroeiro da Extensão Rural): “Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.”
Somos, desde 1948, os “eternos carregadores de piano” de todas as políticas públicas para o meio rural brasileiro. Sempre tocamos as partituras que já vinham prontas dessas políticas, mas agora, queremos também participar do arranjo na construção da melodia, sermos co-autores, solistas, maestros e até professores/animadores/facilitadores desse processo de educação informal que é a extensão rural. Nessa perspectiva e na atual conjuntura da vida política do nosso país, o extensionista tem que se preparar para assessorar os agricultores/produtores familiares a serem, principalmente, PRODUTORES DE DECISÕES! Que eles sejam protagonistas nos processos de decisões políticas, na definição das políticas públicas, na afirmação de seus interesses enquanto classe social.
Cabe aos extensionistas como “como agente político de desenvolvimento” e como educador popular, contribuir no processo de tomada de decisões dos agricultores/produtores familiares e suas organizações. Decisões implicam em escolhas, fazer opções e definir alternativas. Na busca da melhor alternativa é necessário conhecimento, dispor de informações e capacidade política para construir alianças, aglutinar forças e minimizar os riscos inerentes aos processos, quase sempre conflituosos, das relações de poder e das tomadas de decisões políticas. Cabe a extensão, esse enorme desafio de fazer com que os agricultores/produtores familiares evoluam de uma consciência ingênua para uma consciência crítica e organizativa. A questão da organização dos produtores e da produção é central, o resto é “perfumaria” e vem como conseqüência do nível organizativo.
Produtores organizados significa a construção de sua VONTADE COLETIVA, como protagonista de um drama histórico real e efetivo como nos ensina Gramsci na sua obra de referência: “Maquiavel a Política e o Estado Moderno”. A vontade coletiva, portanto, é algo mais profundo do que interesses individuais e imediatos. Ela será descoberta e organizada num processo coletivo e continuado de consulta/confronto a respeito da origem e superação de problemas em todos os campos da realidade social dos produtores familiares. O grande desafio da Extensão é saber, como neste campo, prestar um serviço que defenda e afirme os interesses dos agricultores/produtores familiares, razão da nossa existência institucional.
Vivemos um bom momento na Extensão Pública Oficial no Brasil e no Acre. Este bom momento é conseqüência do CICLO VIRTUOSO que o país atravessa onde três fenômenos ocorrem concomitantes e simultaneamente – DEMOCRACIA, CRESCIMENTO ECONÔMICO, E INFLAÇÃO BAIXA.
Neste momento histórico e nessa conjuntura política, quando se pretende que o desenvolvimento seja sustentável, que o crescimento econômico seja com distribuição de renda e com respeito ao meio ambiente, a extensão pode e deve cumprir um papel essencial.
Considero que o nosso serviço é de caráter ESTRATÉGICO, não é simplesmente um serviço de governo, mas um serviço e uma CARREIRA DE ESTADO, pois lidamos com uma questão de SOBERANIA NACIONAL, que é a SEGURANÇA ALIMENTAR e a EDUCAÇÃO do nosso povo. Um povo onde muitos “Severinos ainda morrem de velhice antes dos 30/ de emboscada antes dos 20/ e de FOME um pouco por dia” como registra João Cabral de Melo Neto no seu poema FUNERAL DE UM LAVRADOR.
Enquanto a chaga social da FOME e do ANALFABETISMO perdurar no Brasil, não poderemos falar de democracia plena, de cidadania, de desenvolvimento e, também, não se poderá prescindir do serviço público da Extensão Rural Oficial para atuar com outros parceiros governamentais e não governamentais no combate a fome, a miséria e a exclusão social. Parabéns Extensionistas do Acre e do Brasil pelo o seu dia, com a certeza de que dias melhores virão. Como educadores e construtores de utopias, sejamos sensatos, queiramos o impossível ! E, Já que dizem que o nosso serviço é um sacerdócio, miremo-nos no exemplo e nas palavras de São Francisco de Assis (que bem podia ser o padroeiro da Extensão Rural): “Inicie por fazer o necessário, então o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.”
· *Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é Extensionista, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural-ABER.
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