MAIS UM DOS NOSSOS

E lá se foi mais um dos nossos, como dizia Frazão. Partiu em pleno domingo de carnaval, antecipando as "cinzas" nos nossos corações. Lamento não ter podido prestar as homenagens derradeiras ao amigo e colega extensionista Edmundo, pois estava de férias em Natal e só fiquei sabendo bem depois. Já é a 3ª vez que a morte leva amigos e pessoas queridas na minha ausência. Primeiro foi meu pai, depois o amigo Antônio Cesário e agora o Edmundo. Nos tres casos e como no poema de Vinicius de Moraes, "a morte me chegou por longas espirais metálicas", através de interurbanos e, sempre nesses momentos, eu me lembrava dos versos de Augusto dos Anjos no soneto Último Credo: "É a morte, é esse danado número um / Que matou Cristo e que matou Tibério!" Mas a morte só nos leva a vida. O poeta, Augusto dos Anjos foi quem falou dessa indesejada com mais propriedade. A maioria de seus versos é de amargura e inconformismo, mas no seu "Vozes da Morte" ele deixa uma lição de esperança. Transcrevo:

"Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,

Tamarindo de minha desventura,

Tu, com o envelhecimento da nervura,

Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos vencidos!

E a podridão, meu velho! E essa futura

Ultrafatalidade de ossatura,

A que nos acharemos reduzidos

Não morrerão, porém, tuas sementes!

E assim, para o futuro, em diferentes

Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,

Pelo muito que em vida nos amamos,

Depois da morte, inda teremos filhos!"

Edmundo, deixa 4 filhos maravilhosos ( os trigêmios Edie, Eduardo, Edmundo Junior e a danadinha da Giovana, que um dia me deu um chute no saco no auditório do INCRA), deixa viúva sua valorosa companheira e esposa Joaninha e também na orfandade uma penca de amigos. Edmundo, você se foi, mas, foi com crédito, com méritos e deixando saudades. Descanse em paz, você o fez por merecer. Joaninha e os meninos recebam meus votos de pesar e lembrem-se da Marcha da 4ª Feira de Cinzas de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes: "A tristeza que a gente tem/ Qualquer dia vai se acabar... Porque são tanta coisas azuis / Há tão grandes promessas de luz / Tanto amor para dá que a gente nem sabe...