E tudo começou com o Álferes Joaquim José da Silva Xavier - O Tiradentes. Enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792 por lutar por liberdade e pela nossa independência, ainda por se efetivar. Um bêbedo descreveu assim a trajetória de Titadentes para o cadafalso:
"Vi o penitente
de corda ao pescoço.
A morte era o menos:
mais era o alvoroço.
Se morrer é triste,
por que tanta gente
vinha para a rua
com cara contente?
(Ai, Deus, homens, reis, rainhas...
Eu vi a forca - e voltei.
Os paus vermelhos que tinha!)
Batiam os sinos,
rufavam tambores,
havia uniformes,
cavalos com flores...
- Se era um criminoso,
por que tantos brados,
veludos e sedas
por todos os ladps?
(Quando me respondereis?)
Parecia um santo,
de mãos amarradas,
no meio de cruzes,
bandeiras e espadas.
- Se aquela sentença
já se conhecia,
por que retardaram
a sua agonia?
(Não soube. Ninguém sabia.)
Traziam-lhes cestas
de doces e de vinho,
para ganhar forças
naquele caminho.
- Se era condenado
e iam dar-lhe morte,
por que ainda queriam
que morresse forte?
(Ninguém sabia. Não sei.)
Não era uma festa.
Não era um enterro.
Não era verdade
e não era erro.
- Então por que se ouvem
salmo e ladainha,
se tudo é vontade
da nossa rainha?
(Deus, homens, rainhas, reis...
Que grande desgraça a minha!
- Nunca vos entenderei!)
(Romance LXII ou Do Bêbedo Descrente - Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles.)
"Vi o penitente
de corda ao pescoço.
A morte era o menos:
mais era o alvoroço.
Se morrer é triste,
por que tanta gente
vinha para a rua
com cara contente?
(Ai, Deus, homens, reis, rainhas...
Eu vi a forca - e voltei.
Os paus vermelhos que tinha!)
Batiam os sinos,
rufavam tambores,
havia uniformes,
cavalos com flores...
- Se era um criminoso,
por que tantos brados,
veludos e sedas
por todos os ladps?
(Quando me respondereis?)
Parecia um santo,
de mãos amarradas,
no meio de cruzes,
bandeiras e espadas.
- Se aquela sentença
já se conhecia,
por que retardaram
a sua agonia?
(Não soube. Ninguém sabia.)
Traziam-lhes cestas
de doces e de vinho,
para ganhar forças
naquele caminho.
- Se era condenado
e iam dar-lhe morte,
por que ainda queriam
que morresse forte?
(Ninguém sabia. Não sei.)
Não era uma festa.
Não era um enterro.
Não era verdade
e não era erro.
- Então por que se ouvem
salmo e ladainha,
se tudo é vontade
da nossa rainha?
(Deus, homens, rainhas, reis...
Que grande desgraça a minha!
- Nunca vos entenderei!)
(Romance LXII ou Do Bêbedo Descrente - Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles.)
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