Ganhei de presente do meu amigo Cardoso. Compartilho.
Improviso de Viola dos Cantadores: Rogério Menezes (RM) e Raimundo Caetano (RC) em 03/12/1999
Mote: “Toda casa de taipa abandonada
Guarda um GRITO DE FOME dentro dela.”
Os versos:
RM – Numa casa de taipa eu fui criado
Sem riqueza, sem luxo e sem fartura
Sem apoio, sem crédito e cobertura
Para os trabalhos humildes do roçado
Mas na seca meu pai foi obrigado
Levar nós e os cacos prá favela
Que o governo burguês nunca deu trela
Para os escravos do cabo da enxada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Toda casa de taipa é com certeza
O retrato do caos e do dilema
Da ganância por parte do sistema
ue sufoca o destino da pobreza
Peça fúnebre num filme de tristeza
Onde o rosto da crise se revela
Ao invés de ser lar é uma cela
Onde toda esperança é condenada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Numa casa de taipa no sertão
Que por sorte ou azar ainda tem gente
Tem um cepo servindo de batente
Uma cama de vara sem colchão
Lenha seca cortada pro fogão
Dez caroços de fava na panela
Um jumento empurrando uma cancela
E um cachorro latindo na calçada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa não conforta
E é o palco pras cenas do sufoco
Onde os sonhos falecem, pouco a pouco
Quando nasce a esperança é quase morta
Quem for alto não passa pela porta
Um menino não cabe na janela
E quando as duas se juntam a noite e ela
Vaza luz na parede esburacada
Toda casa de taipa abandonada Guarda
um grito de fome dentro dela.
RM – Uma casa de taipa que o roceiro
Faleceu por miséria ou abandono
O silêncio virou-se um do dono
Assumindo o espaço do primeiro
E atirado no lixo do terreiro
Tem correia, gibão, perneira e sela
Uma cruz, um rosário e uma vela
Assustando quem passa na estrada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa é a feição
Da política corrupta desigual
Da profunda injustiça social
Que condena o país a escravidão
Faz do povo uma peça de exclusão
E os direitos humanos atropela
Se existe justiça, cadê ela
Se a verdade tem voz ficou calada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Sem inverno e sem verba do Planalto
Muito pai campesino foi embora
E no subúrbio da rua reza e chora
Onde a voz da miséria fala alto
O seu filho hoje é mestre de assalto
E sua filha que ainda era donzela
Integrou-se ao elenco da novela
Que transforma uma santa em viciada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa é na verdade
Baixa, estreita, pequena, alagadiça
Moradia dos órfãos da justiça
Desprovidos de voz e liberdade
Os que querem direito de igualdade
Não conseguem gostar, mas vivem nela
Não precisa vigia ou sentinela
Que a miséria não pode ser roubada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Foi o povo do campo pras cidades
Sem convite, sem casa e sem emprego
E a família ficou sem ter sossego
Desprezada da vis autoridades
E ao invés de suprir necessidades
Aumentar essa crise que vem nela
Que a elite opressora, rica e bela
Não escuta os gemidos dos sem nada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC - Uma casa de taipa é mai ou menos
O refúgio que abriga as desventuras
O celeiro que guarda as amarguras
E sufocando os desejos dos pequenos
Onde os rostos são pálidos e serenos
Como quem não tem chance, mas apela
A “magrenha” exibida na costela,
A barriga vazia e a mão sem na
Guarda um grito de fome dentro dela.
No Nordeste, quando a "moça é falada" o pessoal diz: "Essa aí leva mais vara do que casa de taipa" ou "chiqueiro de prender bode" (MIF)
Guarda um GRITO DE FOME dentro dela.”
Os versos:
RM – Numa casa de taipa eu fui criado
Sem riqueza, sem luxo e sem fartura
Sem apoio, sem crédito e cobertura
Para os trabalhos humildes do roçado
Mas na seca meu pai foi obrigado
Levar nós e os cacos prá favela
Que o governo burguês nunca deu trela
Para os escravos do cabo da enxada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Toda casa de taipa é com certeza
O retrato do caos e do dilema
Da ganância por parte do sistema
ue sufoca o destino da pobreza
Peça fúnebre num filme de tristeza
Onde o rosto da crise se revela
Ao invés de ser lar é uma cela
Onde toda esperança é condenada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Numa casa de taipa no sertão
Que por sorte ou azar ainda tem gente
Tem um cepo servindo de batente
Uma cama de vara sem colchão
Lenha seca cortada pro fogão
Dez caroços de fava na panela
Um jumento empurrando uma cancela
E um cachorro latindo na calçada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa não conforta
E é o palco pras cenas do sufoco
Onde os sonhos falecem, pouco a pouco
Quando nasce a esperança é quase morta
Quem for alto não passa pela porta
Um menino não cabe na janela
E quando as duas se juntam a noite e ela
Vaza luz na parede esburacada
Toda casa de taipa abandonada Guarda
um grito de fome dentro dela.
RM – Uma casa de taipa que o roceiro
Faleceu por miséria ou abandono
O silêncio virou-se um do dono
Assumindo o espaço do primeiro
E atirado no lixo do terreiro
Tem correia, gibão, perneira e sela
Uma cruz, um rosário e uma vela
Assustando quem passa na estrada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa é a feição
Da política corrupta desigual
Da profunda injustiça social
Que condena o país a escravidão
Faz do povo uma peça de exclusão
E os direitos humanos atropela
Se existe justiça, cadê ela
Se a verdade tem voz ficou calada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Sem inverno e sem verba do Planalto
Muito pai campesino foi embora
E no subúrbio da rua reza e chora
Onde a voz da miséria fala alto
O seu filho hoje é mestre de assalto
E sua filha que ainda era donzela
Integrou-se ao elenco da novela
Que transforma uma santa em viciada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC – Uma casa de taipa é na verdade
Baixa, estreita, pequena, alagadiça
Moradia dos órfãos da justiça
Desprovidos de voz e liberdade
Os que querem direito de igualdade
Não conseguem gostar, mas vivem nela
Não precisa vigia ou sentinela
Que a miséria não pode ser roubada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RM – Foi o povo do campo pras cidades
Sem convite, sem casa e sem emprego
E a família ficou sem ter sossego
Desprezada da vis autoridades
E ao invés de suprir necessidades
Aumentar essa crise que vem nela
Que a elite opressora, rica e bela
Não escuta os gemidos dos sem nada
Toda casa de taipa abandonada
Guarda um grito de fome dentro dela.
RC - Uma casa de taipa é mai ou menos
O refúgio que abriga as desventuras
O celeiro que guarda as amarguras
E sufocando os desejos dos pequenos
Onde os rostos são pálidos e serenos
Como quem não tem chance, mas apela
A “magrenha” exibida na costela,
A barriga vazia e a mão sem na
Guarda um grito de fome dentro dela.
No Nordeste, quando a "moça é falada" o pessoal diz: "Essa aí leva mais vara do que casa de taipa" ou "chiqueiro de prender bode" (MIF)
Um comentário:
Gosto muito de cordel. Cresci ouvindo meu pai cantando eles. Um cultura bonita. Beijo Marcão.
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