quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O PREÇO DA FELICIDADE




MATURIDADE



Felicidade tem preço
Pesquisa mede, em cifras, quanto valem as emoções
da redação
14/10/2009


Enquanto filósofos, antropólogos, sociólogos e outros estudiosos se debatem sobre a essência da felicidade, economistas ingleses da Universidade de Warwick entraram em campo para provar que a questão se resolve em cifras. Altas cifras, para ser mais exata. Segundo eles, ter saúde, por exemplo, é equivalente a embolsar R$ 3 milhões por ano. Já estar casado pode ser equiparado a uma renda de mais de R$ 400 mil por ano. De milhão em milhão, eles acreditam ter chegado ao preço da felicidade. Aos olhos da filosofia, da antropologia, da sociologia ou da ética, felicidade é um tema demasiadamente complexo. Mas a base do estudo estudo, coordenado pelo economista Andrew Oswald, é outra. O foco está nos fatores psicológicos e financeiros que são alterados em virtude de um determinado acontecimento. Os valores foram calculados por meio da análise dos dados de uma pesquisa com indivíduos escolhidos aleatoriamente. Foi assim que eles chegaram também à conclusão de que a viuvez é comparável à perda de mais de R$ 1 milhão anualmente. Divórcio? Equivale a perder quase R$ 800 mil. Mas seria possível mesmo aferir o preço da felicidade? Para a psicanalista Maria Cristina Reis Amendoeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não. "As emoções são incodificáveis, pois a forma como cada um sente é subjetiva, depende do que cada pessoa viveu", diz. A psicóloga Denise Monteiro assina embaixo. De acordo com ela, sentimentos abstratos, como a felicidade, causam ansiedade no ser humano. Por isso, tentamos transformá-los em algo concreto como uma forma de controle. "Quando conseguimos atribuir valor, a ansiedade diminui. É como se o homem pudesse ter um certo domínio sobre o que não consegue dominar - suas emoções", explica Monteiro.Autor do livro "Felicidade", da Companhia das Letras, o economista Eduardo Giannetti considera problemático atribuir valor monetário a certos bens. "É mais viável fazer escalas para identificar o que causa mais perda, ou o que torna mais feliz", opina. É o caso de pesquisas que constataram, por exemplo, a forte relação entre saúde e felicidade. "Em um estudo, muitos entrevistados consideraram a saúde como fator principal para ser feliz. Agora, é questionável que ela tenha o valor de R$ 3 milhões por ano, como mostra a pesquisa inglesa", considera. Embora atribuir preço a determinados bens seja colocado em questão, Giannetti diz que existe uma relação entre a felicidade e a idade. "Ela é alta na juventude, atinge o mínimo aos 30 ou 35 anos (época de cobranças, responsabilidade e preocupação com o futuro) e volta subir na terceira idade", diz Giannetti. Por mais que se queira, a qualquer custo, dar um preço à felicidade, ainda é difícil atribuir valor a algo que o homem ainda não consegue explicar o que é, nem o que realmente significa. Segundo Giannetti, há três acepções para a palavra. Uma delas é estar feliz por algum motivo, como a vitória do time do coração. Outra é a sensação sem saber o porquê. Finalmente, a idéia de ser feliz pode ser olhar o passado e perceber uma certa constância de felicidade ao longo da vida. Para a psicóloga Denise Monteiro, o importante é saber que a plenitude sem sofrimento é uma utopia e que ser feliz também está relacionado à capacidade de lidar com as situações ruins que a vida nos impõe. De acordo com a psicanalista Maria Cristina Reis, identificar e curtir os momentos bons é, de uma certa forma, encontrar a felicidade. "É preciso aproveitar a sensação de uma música, de estar com quem se ama, com um amigo. E isso, definitivamente, não tem preço".

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