terça-feira, 1 de setembro de 2009

Aristóteles ensinando Alexandre - "O Grande"

Recebi, por e-mail do amigo, conterrâneo e confrade da ABER, Mário Amorim, sempre com os votos de uma semana saudável. Compartilho.


A vida é feita de escolhas. Tenha uma semana saudável.


Escolhendo o meio


A virtude baseia-se em escolher o meio entre dois extremos, isto é, em sentir e agir corretamente, dadas todas as circunstâncias peculiares de uma situação. Se um indivíduo está diante de um perigo mortal, Aristóteles argumenta que a coragem consiste em escolher o meio entre os excessos da ousadia imprudente, por um lado, e da covardia, por outro. Quando alguém fala sobre si mesmo, a virtude da sinceridade resume-se em escolher o meio entre a jactância e a modéstia indevida. É claro que Aristóteles não está defendendo aquilo que se poderia entender erroneamente como uma ética cristã de moderação irrestrita. O meio varia de pessoa para pessoa e de situação para situação. Felizmente, Milon, o lutador, pode escolher o seu próprio meio quando encomenda seu vinho – uma quantidade que é boa para ele, mas excessiva para o resto de nós. Não há nada de absolutista ou exaustivo na noção aristotélica do meio: não há nenhum meio quando se trata de assassinato, ele nos diz. O melhor que podemos fazer é empregar a razão e decidir caso a caso. Em que consiste a vida boa, dada essa visão da virtude? Aristóteles sustenta que a vida boa requer amizade. A virtude genuína requer não apenas o companheirismo entre iguais, mas às vezes requer também o auto-sacrifício, de várias maneiras. Sem amigos, essa ação não é possível, e, portanto uma vida totalmente virtuosa não é possível. Os amigos geram a oportunidade para a bondade e para a felicidade. Além disso, são necessários o completo florescimento das virtudes intelectuais, e a realização e o exercício de nossas faculdades mentais distintivas. Nossas capacidades racionais são parte daquilo que nos torna o que somos – assim como a capacidade de uma faca para cortar faz uma faca ser uma faca. Uma boa faca é uma faca que corta bem, e uma boa vida humana é uma vida preenchida com bons pensamentos. Uma vida boa é certamente uma vida em que escolhemos o meio, mas é também uma vida na qual a racionalidade tem sua posição assegurada. Dentre os muitos bens que podemos visar, o maior bem, argumenta Aristóteles, é a vida contemplativa, a vida da mente.

Fonte: Os Grandes Filósofos – De Sócrates a Foucault – James Garvey e Jeremy Stangroom

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